FC Porto ultrapassa Famalicão com goleada (4-1) e recebe o Benfica nos quartos de final da Taça de Portugal

O segundo grande clássico da época com o clube da Luz irá disputar-se no Estádio do Dragão, em mais um tira-teimas entre os dois maiores gigantes do futebol português

Victor Froholdt, de apenas 19 anos, é o grande pulmão dos dragões. (Foto: FC Porto)

O robusto resultado registado na noite fria e chuvosa no Dragão pode parecer sinónimo de facilidades, mas não foi bem o caso. O Famalicão, 6º classificado da Liga Portugal e às portas de um lugar que lhe poderá dar o apuramento para as competições europeias do próximo ano, vendeu cara a derrota. Depois dos azuis e brancos se terem colocado em vantagem pelo extremo brasileiro William Gomes, o conjunto minhoto chegou ao golo do empate ainda na primeira parte pelo defesa neerlandês Justin de Haas e bateu-se de igual para igual com o seu adversário. Já o segundo período foi de total domínio portista, que arrancou para uma exibição demolidora ao construir um resultado que teve diversas notas artísticas, com o dinamarquês Victor Froholdt a encher o campo e a colocar a sua equipa em vantagem. O avançado espanhol Samu Aghehowa e o extremo internacional brasileiro Pepê fecharam a goleada da formação orientada por Francesco Farioli. Assim, o sorteio ditou novo encontro entre dragões e águias, que deverá ser disputado no início do mês de fevereiro.

Mesmo poupando de início alguns jogadores nucleares, casos de Samu, Kiwior, Rodrigo Mora, Alberto Costa ou Borja Sainz, no que já constituiu a habitual rotação de jogadores devido à sobrecarga de jogos – recorde-se que o FC Porto ainda recentemente se deu mal com as “invenções” e foi eliminado pelo Guimarães da Taça da Liga em pleno Estádio do Dragão -, os azuis e brancos venceram e convenceram, ainda que não se tivessem livrado de um susto ao consentirem o empate quando venciam por um a zero. A equipa treinada pelo italiano Farioli entrou determinada a resolver rapidamente a questão a seu favor e bem cedo alcançou a vantagem, com o extremo William Gomes a abrir o marcador, aos 6 minutos, ao aproveitar uma escorregadela do médio francês Mathias de Amorim, prontamente pressionado por Victor Froholdt, que deixou a bola à mercê do brasileiro. O jovem avançado que o FC Porto contratou ao São Paulo tem vindo a garantir a titularidade à custa de exibições e golos de se lhe tirar o chapéu, por norma utilizando a direita do ataque, daí gizando jogadas de belo efeito para o interior e arrancar potentes disparos com o pé esquerdo que têm empolgado a plateia dos dragões.

Inconformado com o resultado, o Famalicão não atirou a toalha ao chão e respondeu com as suas armas, à custa de um futebol a toda a largura do terreno e utilizando a preceito a profundidade. E fê-lo com tal mestria, que aos 13 minutos obteve o merecido golo do empate: canto apontado pelo extremo português Gil Dias e entrada fulgurante de cabeça de Justin de Hass, depois de se libertar da marcação que lhe foi movida pelo turco Deniz Gul. Um lance de bola parada para ver e rever, pois o neerlandês apareceu solto ao segundo poste e não teve grandes dificuldades para bater o internacional Diogo Costa. Contudo, os dragões não se deixaram perturbar e caíram rapidamente em cima do seu opositor, como Victor Froholdt, aos 38 minutos, a colocar o FC Porto de novo em vantagem. O guardião Russo Ivan Zlobin não segurou um violento disparo do espanhol Gabri Veiga e o médio dinamarquês surgiu de rompante a marcar. Saliente-se que o médio escandinavo, de apenas 19 anos, é já um caso sério entre os dragões. Para lá de titular indiscutível, Froholdt surge em todos os espaços do terreno, tendo-se tornado o grande motor e o pulmão de uma equipa bem segura na defesa e com um meio-campo feito de muita raça, onde, neste jogo, o dominicano Pablo Rosario voltou a revelar uma entrega notável.

O extremo brasileiro foi de novo titular e apontou o primeiro golo. À direita, o lateral português Francisco Moura tem merecido a confiança do técnico Farioli. (Fotos: FC Porto)

Mora de luxo e Samu entra para marcar

A segunda parte do encontro só deu mesmo FC Porto. Depois de efetuadas as substituições da praxe e já com a equipa servida por alguns dos habituais titulares, os azuis e brancos dominaram quase por completo o adversário, ainda que só na parte final tivessem construído a goleada. Com a entrada do jovem Rodrigo Mora, que ultimamente tem sido a primeira aposta de Farioli, ultrapassada uma fase em que teve de se adaptar a novos métodos, principalmente no capítulo defensivo, os portistas ganharam logo outra criatividade na zona intermediária. Mora, de 18 anos, é uma das maiores promessas do futebol português e por certo que será uma das escolhas de do selecionador nacional Roberto Martínez para o Campeonato do Mundo de 2026. E com Samu também chamado a jogo, o que se espera do atacante espanhol aconteceu com naturalidade, tal é a “fome” de golos do melhor marcador dos dragões.

O terceiro golo surgiu aos 80 minutos, com Samu nas alturas a corresponder de cabeça a bater o guardião Ivan Zlobin, após canto apontado por Rodrigo Mora. Com a eliminatória praticamente decidida, sem que o Famalicão encontrasse o antídoto para tentar contrariar o poderio do seu mais cotado adversário, foi com naturalidade que o FC Porto fechou a contagem e chegou à goleada. Em mais uma brilhante jogada de Mora, mesmo a findar o jogo, o jovem prodígio dos dragões colocou a bola ao alcance de Samu, que rematou para a defesa do guarda-redes do Famalicão, com a bola a sobrar para o brasileiro Pepê, que de cabeça sentenciou o merecido e justo resultado que abre as portas ao tão desejado clássico com o Benfica.

Francesco Farioli (treinador do FC Porto): “Acho que foi uma vitória justa. Merecemos ganhar, fizemos um bom jogo contra um adversário que jogou muito bem, especialmente na primeira parte. Fizemos uma prestação muito sólida, fiquei desapontado com o facto de termos concedido um golo de bola parada, podíamos ter feito melhor, mas estou contente com o resultado. Toda a gente é importante, temos de manter toda a gente num alto nível. Hoje vimos que, se baixarmos um bocadinho a pressão, não há nomes que façam a diferença. Temos de estar no máximo para as individualidades nos ajudarem a ganhar. É preciso ter força nas pernas e a mentalidade certa em campo.”

Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

Botão Voltar ao topo