Sporting elimina Santa Clara da Taça de Portugal após lance normal transformado em penálti pela arbitragem

VAR esteve 12 minutos a avaliar uma jogada vulgaríssima e o árbitro lá descortinou um penálti a favor dos leões no jogo com o conjunto açoriano, o que lhes permitiu a ida ao prolongamento

O jogo entre o Santa Clara e o Sporting foi bem jogado, mas não merecia um desfecho dramárico. (Foto: CD Santa Clara)

Já o escrevemos aqui, a arbitragem portuguesa vai de mal a pior e ainda por cima os árbitros só reclamam, tendo recentemente ameaçado com greve aos jogos por se sentirem moralmente injustiçados. Mas são eles próprios, jornada a jornada, a cometer erros grosseiros em prejuízo da verdade desportiva. Desta vez foi João Pinheiro, de quem se fala ser o melhor árbitro português, estando mesmo pré-selecionado para o Campeonato do Mundo de 2026, a borrar a pintura com a colaboração do vídeo-árbitro.

O caso ocorreu ao minuto 90+2, numa altura em que o Santa Clara, dos Açores, vencia no seu terreno o Sporting por 2-1, pelo que estava na iminência de eliminar o Sporting na partida referente aos oitavos de final da Taça de Portugal. Num lance casual na grande área, o capitão Hjulmand caiu inesperadamente na área queixando-se de um toque na cara do adversário. O vídeo-árbitro esteve uns longos 12 minutos a visionar o lance (?!?) e chamou João Pinheiro, que se deteve por mais três minutos a ver as imagens, para depois assinalar uma inexplicável grande penalidade a favor do Sporting (90+16 minutos). O colombiano Luis Suárez aproveitou para fazer o golo do empate, para depois no prolongamento os leões, com o Santa Clara reduzido a 10 elementos por expulsão do defesa brasileiro Paulo Victor, apontarem o golo do triunfo pelo atacante grego Fotis Ioannidis.

Nunca se tinha observado um lance tão triste e inadmissível num recinto de futebol, que, como é óbvio, mereceu a condenação – menos do Sporting, claro está – de vários agentes desportivos, desde diretores a treinadores e ex-jogadores, bem como jornalistas e comentadores. Foi perfeitamente inconcebível a validação do golo por parte de João Pinheiro, a não ser que outras razões se escondam por detrás do seu ato, pois nada justifica tal atitude. Entre o lance da polémica, o visionamento das imagens e a decisão do próprio juiz, vá lá saber-se porquê, o jogo esteve interrompido durante 15 minutos, uma situação a todos os títulos escandalosa.

Reações sucedem-se e não são nada meigas

O Benfica foi dos primeiros clubes a reagir, primeiro pelo seu presidente Rui Costa, depois através de um comunicado que passamos a transcrever:

“O que se passou neste jogo da Taça de Portugal nos Açores é inqualificável e inaceitável para a credibilidade do futebol português. 12 minutos para encontrarem um penálti para beneficiar a mesma equipa de sempre, vez após vez.

No mesmo campo onde o ano passado uma grande penalidade clara e evidente contra o Sporting nem mereceu a atenção do VAR e onde, já esta época, venceu com um canto fantasma. Fenómenos que acontecem sempre que o Sporting não está a ganhar.

É preciso que alguém seja responsável por este descrédito total que está a matar o futebol português. Não vale a pena esta densidade no calendário se as competições forem decididas antes de começarem.”

Vasco Matos, treinasdor da formação açoriana, ficou incrédulo. (Foto: CD Santa Clara)

Vasco Matos, treinador do Santa Clara, falou muito a custo, mas não deixou de se referir ao lance como uma coisa inexplicável e, em boa verdade, imprópria para consumo.

“Não tinha muita vontade de vir [à conferência de imprensa], mas por respeito aos jornalistas não poderia deixar de estar presente. Fizemos um grande jogo e quero dar os parabéns aos meus jogadores. Lançámos jovens contra um Sporting que jogou com a sua equipa mais forte e isso deixa-me extremamente orgulhoso”, disse, para depois de pronunciar, ainda que sem se expressar de uma forma mais enérgica, porventura a pensar no castigo que daí poderia advir.

“Sinceramente, senti um silêncio e acho que nem vocês jornalistas sabem ao certo o que se passou. Representamos uma região e pessoas extremamente humildes. Eu analiso o trabalho da minha equipa e deixo vocês analisarem o resto. A mim não me compete analisar o trabalho da equipa de arbitragem. Só me compete analisar o trabalho da nossa equipa, vendo jogadores dos sub-23 a ter minutos. Não tenho palavras para descrever o que se passou em campo e, assim, deixamos de acreditar no futebol”, referiu Vasco Matos.

Entretanto, Bruno Vicintin, presidente da SAD do Santa Clara, anunciou que o clube vai pedir a anulação da expulsão de Paulo Victor e adiantou que o clube também pediu os áudios do VAR relativos ao polémico penálti sobre Hjulmand. “Vamos pedir a anulação da expulsão do Paulo Victor para que ele possa participar na próxima partida. As imagens são claras que ele nem participa do lance e é assustador o VAR não ser chamado para revisão. Esperamos que a justiça seja feita e que não sejamos ainda mais prejudicados”, referiu o dirigente do emblema açoriano.

Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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