
Depois da excelente prestação diante do campeão italiano para a Liga Europa, ao bater o Nápoles por duas bolas a zero, o Benfica voltou a convencer num terreno bastante complicado. O Moreirense tem vindo a fazer um bom campeonato – mantém-se a meio da tabela classificativa -, e só tinha perdido com o comandante FC Porto, voltando a ceder pontos diante de um opositor manifestamente superior. O conjunto de José Mourinho ainda sentiu algumas dificuldades no decorrer da primeira parte, mas a sua baliza nunca foi seriamente ameaçada. Vangelis Pavlidis abriu o marcador aos 36 minutos, mas o grego não ficou por aí e voltou a faturar em mais duas ocasiões. O norueguês Fredrik Aursnes selou a contagem da goleada, pelo que o resultado é inteiramente justo, ainda que os dois últimos golos tenham resultado de dois autênticos “brindes” em jeito de espírito natalício.
Com ou sem ofertas, a verdade é que o Benfica está bem melhor. Provou-o de forma categórica diante do Nápoles e voltou a revelar a mesma ambição na Liga Portugal. Depois do robusto triunfo na véspera do Sporting sobre o AVS Futebol (6-0), os encarnados mantiveram a diferença de três pontos para os leões, ficando a aguardar pelo que fará o FC Porto mais logo diante do Estrela da Amadora. Caso os dragões vençam a sua partida, como é expectável, as águias manterão uma diferença de oito pontos para o líder da Liga Portugal. Claro que a vantagem dos dragões é confortável, mas ficam a faltar 20 jogos até ao fim da competição, pelo que ainda é muito cedo para se avançar com um favorito à conquista do título. Como um dia disse João Pinto, ex-jogador e capitão do FC Porto… prognósticos só no fim. No entanto, mesmo depois destas duas incontestadas vitórias, o conjunto da Luz irá necessitar de mais reforços na reabertura do mercado em janeiro, nomeadamente para o ataque. A lacuna está identificada, pois é notória a ausência de extremos que permitam outras soluções. O belga Dodi Lukebakio, estava a cumprir em pleno, mas foi operado a uma fratura no tornozelo e a paragem nunca será inferior a três meses.
Taticamente, os encarnados atuaram num 4x5x1, com Pavlidis no eixo do ataque, depois de na partida com o Nápoles ter sido preterido pelo croata Franjo Ivanovic. À falta dos tais flanqueadores de raiz, nem por isso o Benfica deixou de atuar com um bloco subido, com incidência para as incursões do lateral-direito Amar Dedic. O jovem defesa, de 22 anos, nascido na Áustria, mas que optou por representar a seleção da Bósnia e Herzegovina, é cada vez mais um jogador fundamental no conjunto da Luz, pois sobe a preceito pelo seu flanco e é muito forte no um para um, para lá de cruzar quase sempre com conta, peso e medida. Mas quem fez o cruzamento para o primeiro golo de Pavlidis foi Fredrik Aursnes, outros dos futebolistas com lugar cativo no onze das águias, com o grego a rematar de cabeça no coração da área.
Águias sempre mais fortes aproveitam ofertas
Se na primeira parte do encontro o jogo ainda foi repartido, mas sem jogadas de grande perigo junto de ambas as balizas, o segundo período foi de total domínio dos encarnados. O Benfica superiorizou-se naturalmente ao empurrar o adversário para o seu último reduto e fez mais três golos, dois deles caricatos, é um facto, mas o conjunto de Mourinho revelou-se bem mais acutilante e soube provocar o erro adversário. Fruto dessa pressão, Pavlidis bisou, aos 57 minutos, depois de uma recuperação de bola numa zona alta, novamente assistido por Aursnes. E aos 70 minutos chegou ao hat-trick, desta feita ao aproveitar uma oferta do defesa guineense Gilberto Batista. Assim, o grego regressa à condição de melhor marcador da Liga Portugal ao somar 13 golos, mais dois do que Luis Suárez, o atacante colombiano do Sporting, autor de dois tentos na goleada da véspera com o AVS Futebol, último classificado do campeonato. O grande brinde da noite, contudo, foi dado pelo guarda-redes do Moreirense, o português André Ferreira, ao colocar a bola bem redondinha nos pés de Fredrik Aursnes, com o norueguês a não se fazer rogado diante da monumental oferta, ainda que com um gesto técnico de registo, picando a bola sobre o guardião do conjunto minhoto.

José Mourinho (treinador do Benfica): “Gostei muito de tudo. Do resultado, da consistência, diferentes jogos no mesmo jogo. A primeira parte foi uma coisa, a segunda outra. Gostei da seriedade, dos níveis de concentração e ambição. No início da segunda parte, a ganhar 1-0, num campo difícil com um adversário bom, gostei da arrogância de ir à procura de fechar o jogo. Gostei de muitas exibições individuais, mas fundamentalmente da solidez. Parece que foi uma vitória sem esforço, que acontece naturalmente, mas é mentira. É uma vitória com muito esforço, principalmente depois do que fizeram na quarta-feira. Foram bravos, é pena que não lhes possa dar um dia, porque na quarta-feira há jogo. Boa tripla jornada, apesar de não termos ganho ao Sporting”.
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

