Benfica arranca grande exibição frente ao Nápoles e reabre apuramento na Champions

O Estádio da Luz voltou a viver uma grande noite europeia, com as águias a baterem o campeão italiano por duas bolas a zero. Colombiano Richard Ríos, com um golo e uma assistência, foi eleito o melhor em campo

Richard Ríos e Leandro Barreiro, autores dos golos diante do Nápoles, fazem a festa com os seus companheiros. (Foto SL Benfica)

A segunda vitória dos encarnados na fase de liga da Liga dos Campeões, depois de terem batido o Ajax, coloca os comandados do técnico José Mourinho na rota do apuramento para o play-off de acesso aos oitavos de final da Liga dos Campeões. Os seis pontos averbados não retiram o Benfica de uma posição incómoda na tabela, mas o cenário é agora bem diferente, quando faltam apenas duas partidas para que se conclua a série de oito jornadas da fase regular da competição. O próximo confronto, a disputar no dia 21 janeiro, será em Itália no recinto da Juventus, para uma semana depois as águias medirem forças no seu reduto com o Real Madrid. Logicamente que a tarefa não se avizinha nada fácil, mas a missão já não é assim tão impossível como muitos vaticinaram. Dizem as estatísticas que são necessários 10 pontos para garantir a passagem ao play-off, pelo que as águias terão, obrigatoriamente, de pontuar nesses dois confrontos de dificuldade acrescida.

Com o colombiano Richard Ríos em grande plano, o Benfica pegou no jogo bem cedo e fê-lo com uma entrega total, vulgarizando até um adversário que não encontrou soluções para travar o ímpeto atacante das águias. A destacar também a surpresa com que Mourinho montou o onze inicial, com a principal nota a incidir na inclusão do avançado Franjo Ivanovic em detrimento do grego Vangelis Pavlidis, habitual titular no ataque e recentemente muito elogiado pelo técnico encarnado. A verdade é que o croata deu mais profundidade ao ataque com as constantes movimentações nas costas da defensiva napolitana, abrindo espaços para a entrada dos médios mais ofensivos. Na defesa a opção recaiu para a dupla formada pelo intocável veterano capitão argentino Nicolas Otamendi, de 37 anos, que teve ao seu lado o português Tomás Araújo em vez de António Silva, por norma utilizado com regularidade. O Benfica iniciou o encontro ao ataque e o primeiro sinal de perigo para a baliza napolitana surgiu precisamente dos pés de Ivanovic a obrigar o guardião sérvio MilinKovic a parada de vulto, depois de receber a bola do norueguês Frederik Aursnes, primorosamente servido por Sudakov. O ucraniano, a par de Richard Ríos, foi um dos elementos fundamentais na zona intermediária do terreno, onde os napolitanos perderam autenticamente a batalha.

Depois de mais uma ameaça de Aursnes, aos 18 minutos, ao não conseguir atirar com êxito para a baliza, liberto de qualquer marcação, depois de uma oferta de Milinkovic para os pés do possante norueguês, o Benfica marcou. À terceira foi mesmo de vez e Richard Ríos abriu o marcador, aos 20 minutos, com o colombiano a marcar um golaço: o sueco Samuel Dahl cruzou para a área, Ivanovic tocou de cabeça e o virtuoso colombiano, cada vez mais uma peça fundamental no conjunto de Mourinho, desviou subtilmente para a baliza. O Nápoles reagiu de pronto e o defesa italiano Di Lorenzo, bem como o médio escocês Mactominay, rondaram perigosamente a baliza das águias. Contudo, o Benfica conclui a primeira parte do encontro nitidamente por cima do adversário, num jogo em que se sabia que a perda de pontos implicaria, praticamente, o afastamento da Champions.

O colombiano Richard Ríos, contratado ao Palmeiras, voltou a dar festival. (Foto: SL Benfica)

Nota artística “tocada” em luxemburguês

Mesmo tendo de travar o natural ímpeto com que os napolitanos reentraram em campo na tentativa de chegarem ao golo do empate, foi o conjunto da Luz que aumentou a vantagem, aos 50 minutos, por Leandro Barreiro: jogada de contra-ataque com Ivanovic a descobrir Ríos na direita, que cruzou de pronto para o interior da pequena área, onde surgiu o médio luxemburguês, com muita classe, a tocar de calcanhar para o fundo da baliza. “Se o segundo golo, em vez de sermos nós, fosse de outra camisola…”, ironizou José Mourinho no final da partida a propósito da jogada que culminou com um golaço de fazer levantar qualquer estádio. Foi, efetivamente, um Benfica avassalador aquele que se apresentou diante do campeão italiano, talvez espicaçado pelo Special One, que recentemente na partida com o Atlético, para a Taça de Portugal, chegou a dizer que, se pudesse, substituiria nove jogadores ao intervalo. Os característicos “mind games” daquele que continua a ser apontado como um dos melhores do mudo – ainda há dias os adeptos do Real Madrid reclamavam pelo seu regresso ao colosso espanhol – continuam a fazer as delícias de jornalistas e comentadores.

Mesmo baixando um pouco a intensidade de jogo, o Benfica continuou a ser a melhor equipa em campo e o grego Pavlidis, que entrou aos 76 minutos para o lugar de Ivanovic, teve o golo à mercê em duas ocasiões resultantes de rápidas jogadas de contra-ataque. Já na parte final da partida, Mourinho lançou o jovem José Neto, recentemente Campeão do Mundo Sub-17 por Portugal na final do torneio com a Áustria, utilizando ainda Tiago Freitas, um médio de 19 anos, que assim cumpriram o sonho de atuarem na principal equipa dos encarnados ao mais alto nível. E foi assim que as noites de glória regressaram ao palco da Luz, restando aguardar por janeiro para se saber se o Benfica terá estofo suficiente para conseguir mais quatro pontos nas duas partidas que faltam disputar com a Juventus e o Real Madrid.

José Mourinho (treinador do Benfica): “A nossa exibição foi boa. Começámos muito, muito, muito bem. Aquilo que preparámos aconteceu. E acho que os jogadores interpretaram o jogo muito bem, jogaram muito bem, tiveram o espírito, a inteligência, a coesão que a defender bem exige, mas depois tiveram a classe, a confiança, souberam explorar os espaços que nós iríamos encontrar ao saber que eles vão muito à procura do homem-homem. Nós criámos grandes dificuldades com muita gente no meio-campo a atrair defesas e depois a explorar espaço nas costas para o Ivanovic atacar. Acho que fizemos um grande jogo, é uma grande vitória que nos mantém na luta. Os jogos com a Juventus e o Real Madrid serão de dificuldade máxima”.

Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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