Num encontro que acabou por ser uma autêntica montanha russa de emoções, o Sporting resistiu enquanto pôde, mesmo ao apresentar uma equipa muito desfalcada. As lesões dos internacionais portugueses Francisco Trincão, Pedro Gonçalves e Giovany Quenda, habituais titulares, obrigaram o técnico Rui Borges a colocar em campo jogadores menos rodados a este nível, mas nem se saíram mal. Um dos destaques vai mesmo para o jovem João Simões, muito interventivo na zona intermediária ao lado do capitão Morten Hjulmand – o dinamarquês viu o cartão amarelo e vai perder o próximo encontro com o Paris Saint-Germain – e que esteve na origem do primeiro golo do Sporting. Claro que o Bayern Munique é um conjunto de outra dimensão e natural candidato à conquista da Champions, tendo virado a seu favor o resultado. Desta feita o categorizado atacante inglês Harry Kane ficou em branco, mas o jovem Lennart Karl, de 17 anos, autor de um golo, fez as delícias dos mais de 70 mil adeptos que acorreram ao Allianz Arena.
Os comandados do ex-futebolista belga Vincent Kompany foram os primeiros a criar perigo, primeiro com um potente disparo de Kane por cima da barra, depois com o miúdo Karl a introduzir a bola na baliza. Valeu ao Sporting a intervenção do VAR, que detetou um quase milimétrico fora de jogo do atacante Serge Gnabry. Mesmo com a equipa do Bayern Munique a dominar por completo a partida, o certo é que os leões demonstraram muita classe no setor defensivo, saindo pela certa para o contra-ataque. A máquina alemã, que este ano já leva 79 golos apontados em 23 jogos disputados, contando com esta partida frente aos leões, atacava muito, mas na primeira parte viu-se e desejou-se para levar de vencida o seguro guardião do Sporting. À passagem da meia hora, Rui Silva efetuou uma grande defesa a remate cruzado de Gnabry, para pouco depois brilhar de novo com uma excelente estirada ao defender um violento e colocado disparo de Harry Kane. Pelo meio, os verdes e brancos até tiveram uma oportunidade para marcar, num alívio do zagueiro marfinense Jonathan Tah, que obrigou o guardião Manuel Neuer a uma intervenção a dois tempos. Até ao final dos primeiros 45 minutos ficou Lennart Karl teve mais uma das suas brilhantes jogadas, driblou o defesa brasileiro Matheus Reis como bem entendeu, mas lá estava de novo o guarda-redes Rui Silva para solucionar o problema com uma espetacular defesa.
João Simões na jogada do sonho leonino
Mesmo revelando uma notável personalidade a todos os níveis, o Sporting viria a sucumbir no segundo período ao maior poderio do adversário, mas fica o registo de ter enfrentado cara a cara o Bayern Munique. Contudo, os leões agigantaram-se e foi até com certa naturalidade que chegaram ao golo, aos 65 minutos: João Simões conduziu com maestria a bola pelo corredor esquerdo e cruzou para a área, onde estava o defesa espanhol Fresneda em excelente posição de atirar à baliza. O lateral alemão Joshua Kimmich acorreu de pronto ao lance, mas foi infeliz na abordagem e acabou por introduzir a bola na própria baliza. Estava feito o mais difícil no Allianz Arena, aquilo que muitos nem lhes passava pela cabeça, tanto mais que a equipa dos leões partiu para este encontro desfalcada de alguns dos seus mais influentes jogadores.
O Bayern Munique acelerou de imediato e, após muita insistência e tiro ao lado, acabou por acertar com o alvo em três ocasiões, fruto da enorme classe de executantes de eleição. Aos 65 minutos surgiu o golo do empate por Serge Gnabry, que teve apenas de encostar ao segundo poste, liberto de marcação, após canto batido pelo médio inglês Michael Olise. O lance gerou alguma polémica e, com efeito, pareceu ter sido precedido de uma falta. Quatro minutos depois surgiu o génio de Lennart Karl, ao colocar a sua equipa em vantagem com um fortíssimo remate a não dar qualquer hipótese de defesa a Rui Silva. E o terceiro tento, apontado por Jonatham Tah, aconteceu ao minuto 77, depois de um cruzamento largo de Kimich, ao cabecear facilmente para a baliza dos leões, assistido por Gnabry. Derrota praticamente consumada, mas o Sporting não deixou de tentar o segundo golo, que até poderia ter acontecido através de um remate do colombiano Luis Suárez, que esbarrou na defensiva alemã.
Rui Borges (treinador do Sporting): “Saio do jogo com um orgulho imenso na equipa. Custa por tudo o que fomos capazes de fazer, a personalidade e maturidade que demonstrámos a jogar contra uma grande equipa. Sabíamos que ia ser um jogo difícil no sentido de jogarmos num bloco mais baixo. A equipa compreendeu e reconheceu a qualidade que estava do outro lado. Custa um bocadinho porque saímos daqui com dois golos de bola parada, de um golo que é claramente precedido de falta. Às vezes queixamo-nos dos nossos árbitros em Portugal e se calhar são os melhores. Custa, mas o resto, pelo que a equipa foi capaz de fazer, só me deixa orgulhoso enquanto treinador. A equipa esteve toda ligada e com uma demonstração de ambição e coragem fora do normal”.
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.
