Numa noite já de si muito fria, o Estádio do Dragão ficou completamente gelado ao ser eliminado da Taça da Liga por um adversário que já tinha derrotado para a Liga Portugal logo a abrir a competição. Desta feita, o técnico Francesco Farioli entendeu “inventar” um onze muito diferente do habitual, tendo até recorrido a dois jogadores da equipa B. Compreensivelmente, ou não, esta peregrina ideia de rodar os jogadores dada a sobrecarga de jogos para as várias competições é sempre um risco, obviamente assumido, mas deu mau resultado. Para lá da estratégia montada ter deixado muito a desejar, os portistas cometeram deslizes fatais que ajudaram a compreender o afastamento de uma prova a que o FC Porto nunca deu grande interesse. Assim, o V. Guimarães junta-se ao Sporting, Benfica e Sp. Braga, que em janeiro do próximo ano disputam a final four para apurar o vencedor da competição.
A Taça da Liga, prova que o FC Porto venceu apenas por uma vez nas 18 edições já disputadas, nunca recebeu por parte do emblema azul e branco o valor que outros “grandes” lhe atribuem. Talvez por isso, e porque os dragões têm no próximo domingo uma complicada deslocação ao reduto do Tondela, para quatro dias depois receberem os suecos do Malmo para a Liga Europa, Francesco Farioli operou uma verdadeira revolução no onze que entrou em campo. Mesmo assim, o FC Porto abriu o marcador logo aos oito minutos com um vistoso chapéu de Fabri Veiga, após primoroso passe em profundidade do dominicano Pablo Rosario. O influente médio espanhol saiu mal do lance ao lesionar-se na queda, ainda se aguentou em campo até ao intervalo, mas já não voltou para a segunda parte, tendo sido substituído por Rodrigo Mora. Aos 23 minutos foi assinalado um penálti a favor dos portistas, que efetivamente existiu, mas visionadas as imagens, ficou bem claro que o lance foi precedido de uma falta do médio argentino Alan Varela, pelo que o árbitro reverteu a decisão.
Reviravolta à custa de erros infantis
Se o Vitória de Guimarães já vinha avisando que estava ali para tentar vencer, após alguns lances em que se aproximou perigosamente da baliza defendida por Cláudio Ramos, o segundo período acabou por ser fatal para as hostes portistas. O golo do empate surgiu aos 37 minutos, com Pablo Rosario a perder infantilmente a bola para Oumar Camara e a cometer falta sobre o atacante francês, com o vitoriano Nélson Oliveira a empatar a partida na transformação do penálti. Estava feito o mais difícil – no caso o mais fácil – e o conjunto minhoto, ainda que não dominador, começou a acreditar que era possível sair do Dragão com a “passagem” para a final four da competição, título que se encontra em poder do Benfica.
E assim foi, sem espinhas como é comum dizer-se, com a formação do Minho a apontar mais dois golos com que copiosamente bateu o seu categorizado adversário. Um monumental deslize de Alan Varela, aos 52 minutos, ao falhar um atraso desde o meio-campo para o guardião Cláudio Ramos, permitiu que o médio português Samu Silva se isolasse e atirasse a contar, colocando a sua equipa em vantagem. O FC Porto reagiu de pronto, Farioli lançou as armas possíveis para tentar dar a volta aos acontecimentos, mas foi o Vitória de Guimarães a carimbar o robusto triunfo ao chegar ao terceiro golo. Decorria o minuto 79 e Oumar Camara, de penálti, colocava um ponto final no encontro, a castigar uma falta desnecessária do internacional canadiano Stephen Eustáquio.
Luuk de Jong com grave lesão e Pepê saiu a chorar
O atacante neerlandês Luuk de Jong, de 35 anos, regressado aos relvados no último encontro para a Liga Portugal com o Estoril, depois de uma longa paragem devido a um traumatismo num joelho, voltou a parar e pode estar em risco o que falta disputar nesta época. Jong sofreu uma lesão parcial no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo e está entregue aos cuidados do Departamento Médico do FC Porto, que agora terá de avaliar se o atleta necessitará de ser sujeito a intervenção cirúrgica, o que se afigura como o mais certo, após conhecido o resultado da ressonância magnética, ontem tornado público.
Entretanto, o extremo brasileiro Pepê, que no jogo com o Vitória de Guimarães foi utilizado na segunda parte do encontro, saiu a chorar do relvado confortado pelos seus companheiros. Questionado sobre os motivos da tristeza do jogador, Farioli limitou-se a dizer que se tratava de “motivos pessoais”, pelo que não entrou em detalhes. Segundo o jornal Record apurou, as lágrimas de Pepê têm a ver com o drama pessoal que estará a passar devido a um delicado problema de saúde da sua avó, de quem é muito próximo.
Francesco Farioli (treinador do FC Porto): “Não era o resultado que queríamos. Tentámos tudo para voltar ao jogo quando estávamos em desvantagem, mas cometemos demasiados erros. Só estou arrependido por algumas dinâmicas que me deixaram sem palavras, mas temos de virar a página e pensar no jogo de domingo. Tivemos as nossas grandes oportunidades e os nossos grandes momentos, sobretudo na segunda parte, mas é como é e temos de virar a página rapidamente. Na minha opinião, a primeira parte foi muito boa e devíamos ter ido para o intervalo em vantagem, mas temos de aceitar o resultado, ainda que pudéssemos ter feito mais.”
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.
