Golo madrugador de William Gomes mantém FC Porto na liderança isolada da Liga Portugal

Jovem extremo brasileiro (ex-São Paulo) foi decisivo no jogo mais complicado que os dragões disputaram na presente temporada. O Estoril vendeu cara a derrota e esteve muito perto de pontuar no Dragão

William Gomes (ex-São Paulo) marcou o único golo da partida e foi considerado o melhro em campo Foto FC Porto
William Gomes (ex-São Paulo) marcou o único golo da partida e foi considerado o melhro em campo. (Foto FC Porto)

O craque que os portistas contrataram ao São Paulo foi aposta para o onze utilizado por Francesco Farioli no encontro com o Estoril relativo à 12ª ronda da principal competição portuguesa. William apontou o único golo do encontro quando apenas estavam decorridos oito minutos de uma partida frenética, com um remate cruzado da esquerda, beneficiando de um mau passe, em zona fatal, do médio escocês Jordan Holsgrove. Um lance que valeu aos azuis e brancos um importante triunfo, mantendo assim a liderança da Liga Portugal, com mais três pontos sobre o Sporting e seis sobre o Benfica, na véspera do confronto do dérbi eterno, pois os grandes rivais da capital têm encontro marcado para a próxima sexta-feira. E logicamente que um deles – ou ambos – irá perder pontos, o que poderá colocar o FC Porto com uma vantagem ainda maior, caso dois dias depois vença a partida que irá disputar ao recinto do Tondela.

Este foi um dos tais jogos impróprios para cardíacos, já que o Estoril surpreendeu no Dragão ao apresentar um conjunto ousado e mesmo surpreendente, pois jogou olhos nos olhos com o seu mais valoroso adversário. São poucas as equipas, mesmo as mais cotadas, que vão ao Dragão jogar para vencer, o que até poderia ter acontecido caso o Estoril tivesse sido mais feliz no capítulo da finalização. O técnico escocês Ian Cathro surpreendeu ao fazer alinhar uma formação com uma defesa a quatro – ao invés da utilização dos habituais três centrais numa linha a cinco – e desde cedo mostrou ao que ia. O primeiro lance de perigo real aconteceu logo aos quatro minutos, num lance em que o internacional marroquino Yanis Bergraoui, lançado nas costas da defesa portista, rematou de longa distância ligeiramente ao lado da baliza, com o guardião Diogo Costa fora do lance por se encontrar adiantado. Este foi o primeiro aviso dos canarinhos – assim chamados por vestirem de amarelo – entre outros que se seguiram, podendo afirmar-se que o FC Porto acabou mesmo por ser bafejado pela estrelinha da sorte que, por vezes, acompanha os campeões.

Bola cá, bola lá, num espetáculo com muito nervo

A jogar perante uma assistência vibrante com mais de 45 mil pessoas a presenciarem o encontro do Estádio do Dragão, o jogo viria a conhecer momentos de autêntico pânico em ambas as balizas. Ao golo de William Gomes – o brasileiro ex-São Paulo recebeu o prémio de melhor jogador em campo – sucederam-se momentos de futebol empolgantes. O extremo espanhol Borja Sainz esteve perto, em duas ocasiões, de ampliar a vantagem para os dragões, primeiro a não conseguir por pouco dar o melhor caminho à bola após cruzamento do lateral português Alberto Costa, para instantes depois falhar a recarga a um remate de William Gomes. O Estoril não acusou o toque e já nos instantes finais da primeira parte voltou à carga por diversas vezes, numa delas com o médio-ofensivo português João Carvalho a desperdiçar autenticamente o tento do empate ao rematar ligeiramente ao lado da baliza.

William Gomes e Diogo Costa receberam os prémios relativos ao melhor jogador e de guarda-redes sem golos Foto FC Porto

Bem vistas as coisas, o FC Porto viveu alguns momentos de pânico como não tinha acontecido até à data – facto que Farioli reconheceu no final do jogo – numa partida que chegou a enervar a plateia azul e branca. Nunca no decorrer da atual temporada os dragões tiveram pela frente, mesmo a nível das provas europeias, um opositor tão determinado em vencer o encontro ao apostar decididamente num futebol de cariz atacante. Farioli apostou num onze diferente daquele que recentemente derrotou os franceses do Nice para a Liga Europa ao jogar de início com William Gomes e com Rodrigo Mora, mas na segunda parte do desafio teve de se socorrer do influente médio espanhol Gabri Veiga, habitual titular, e mesmo do médio defensivo Stephen Eustáquio para travar o ímpeto do adversário, para lá do possante lateral nigeriano Zaidu.

O Estoril lutou até ao último minuto para levar pelo menos um ponto do Dragão e esteve quase a consegui-lo mesmo ao findar dos acontecimentos, quando Francisco Ferreira, o ex-Benfica que dá pelo nome de Ferro, arrancou um remate bem colocado à entrada da área, valendo na circunstância a quase milagrosa intercepção de cabeça do central internacional Jan Bednarek. Ponto final numa partida em que o FC Porto fez tudo, mas nem sempre bem, para levar de vencida um adversário verdadeiramente incómodo. Claro que neste segundo período, após as substituições efetuadas, os comandados de Farioli tiveram alguma supremacia, muito em função do enorme desgaste físico do seu opositor, mas que o Dragão tremeu em muitos momentos, lá isso tremeu. E não foi pouco. E agora venha de lá esse tão apetecido dérbi da próxima sexta-feira entre Benfica e Sporting a que o FC Porto irá assistir tranquilamente no sofá. Um eventual empate entre os rivais será o melhor dos resultados, pois alguém vai perder pontos. E em caso de derrota, o Benfica corre o risco de ficar a nove pontos dos azuis e brancos, caso estes vençam a partida com o Tondela.

Francesco Farioli (treinador do FC Porto): “O Estoril foi uma das melhores equipas que jogou aqui, tanto pela organização, como pela qualidade individual de cada jogador. Não foi um jogo fácil, mas isso faz parte. Tivemos as nossas oportunidades para capitalizar o resultado um bocado mais cedo. Foi um jogo exigente, como previmos, mas o resultado ajuda-nos a seguir em frente. O adversário teve duas ou três grandes oportunidades, foi provavelmente o jogo em que concedemos mais oportunidades, mas fomos felizes. Vai haver jogos em que vamos conceder golos, assim como já aconteceu, faz parte do futebol. Estou contente pela folha limpa e espero que a equipa continue neste registo.”

Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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