
Relatório elaborado pela agência de comunicação Bori, com a base de dados Overton, plataforma internacional dedicada a mapear a interface entre ciência e políticas públicas, aponta que 22 pesquisadores da USP estão entre os cientistas brasileiros que mais influenciam decisões no mundo. O documento foi divulgado nesta quinta-feira (6).
Segundo o relatório, que listou, ao todo, 107 pesquisadores de todo o país, os professores têm, pelo menos, 150 citações em documentos estratégicos, relatórios técnicos e pareceres usados por governos, organismos internacionais e organizações da sociedade civil publicados desde 2019 até a data de extração das informações (julho de 2025).
Os pesquisadores foram classificados em nove macrocategorias de acordo com os temas predominantes de sua produção e de sua influência em tomadas de decisão: ecossistemas e uso da terra, doenças infecciosas e vacinas, clima e atmosfera, doenças não transmissíveis e serviços, alimentação e nutrição, economia e finanças, políticas públicas e governança, energia e transição e educação.
A USP é a universidade com maior número de cientistas na lista. Segundo o relatório, somados, os pesquisadores e pesquisadoras da Universidade assinam mais de mil trabalhos acadêmicos que têm mais de 6.700 citações de trabalhos acadêmicos em documentos de tomadas de decisão. Entre os dez mais influentes estão Carlos Augusto Monteiro, Renata Bertazzi Levy, Geoffrey Cannon, Samuel Osório e Maria Laura da Costa Louzada, da Faculdade de Saúde Pública (FSP); Paulo Saldiva e Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina (FM); Pedro Brancalion, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq); Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados (IEA); e Micheline de Sousa Zanotti Stagliorio Coêlho, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG). Confira, abaixo, a lista completa.
Dada a realização da COP30 no Brasil, o documento traz também uma análise especificamente aplicando o filtro “Relacionados ao ODS 13: Ação contra a mudança global do clima”, identificando políticas vinculadas ao tema. Isso foi feito em documentos publicados desde 2019 até a data de extração das informações (21 de outubro de 2025). Nesse caso, foram identificados 50 nomes com mais de 7.600 menções em documentos relacionados ao tema.
Desses, da USP, destacam-se os professores Paulo Artaxo, do Instituto de Física (IF), citado no relatório AR6 Climate Change 2022 (IPCC), documento referenciado por mais de 3.500 outros relatórios de políticas; e Micheline de Sousa Zanotti Stagliorio Coêlho, do IAG, citada no relatório Climate Change 2021: The Physical Science Basis, publicado em 2021 pelo IPCC — documento referenciado por mais de 4.200 outros relatórios de políticas.
De acordo com o documento, “esse cenário abre espaço para que universidades, centros de pesquisa e organizações da sociedade civil fortaleçam suas estratégias de comunicação, garantindo que resultados científicos circulem de forma mais ampla e qualificada. Recomenda-se ainda ampliar mecanismos de monitoramento, como os utilizados neste relatório, para identificar em tempo real como a ciência é incorporada em decisões públicas. Compreender a presença e o impacto dos pesquisadores brasileiros no espaço das políticas públicas é não apenas reconhecer sua relevância atual, mas também antecipar as áreas em que a ciência pode contribuir de maneira decisiva para os desafios do país”.

