Numa partida em que o conjunto bracarense esteve durante largos períodos por cima do encontro com os portistas – teve muito mais posse de bola em pleno Estádio do Dragão – o resultado acabou por sorrir, com alguma dose de sorte à mistura, aos comandados do técnico Francesco Farioli.
Os guerreiros do Minho, como são apelidados, foram, até à data, o conjunto que mais trabalho deu aos portistas nas competições internas ao encarar bem de frente o seu mais cotado adversário. A jogar sem receios e de igual para igual, o Sp. Braga fez tremer os dragões, obrigando a formação azul e branca a vestir o fato macaco, em detrimento da vestimenta de gala. Farioli optou por colocar de início os criativos Rodrigo Mora e o brasileiro William Gomes, mas foi com os espanhóis Gabri Veiga e Borja Sainz em campo que os dragões chegaram ao triunfo, o que lhes valeu a liderança isolada do campeonato.
Depois dos triunfos do Sporting sobre o Alverca (2-0) e do Benfica no reduto do Guimarães (3-0), o FC Porto estava obrigado a vencer para manter a distância para os seus rivais – três pontos para o conjunto dos leões e quatro para a formação encarnada de José Mourinho -, mas antevia-se um jogo renhido. E, efetivamente, assim foi, já que o Sp. Braga desde cedo mostrou ao que ia instalando-se quase por completo no meio-campo adversário.
Com brasileiro William Gomes num dos extremos, muito desapoiado, e com o talentoso Rodrigo Mora algo perdido no miolo do terreno, incapaz de dar aquele toque de magia que se espera de um génio, o FC Porto chegou a ser dominado pelo conjunto orientado pelo espanhol Carlos Vincens, ex-adjunto de Pep Guardiola (Manchester City) durante várias épocas. Aos 25 minutos os dragões sofreram o primeiro grande susto, com o internacional português Ricardo Horta a rematar forte na esquerda, após uma sequência de ressaltos, para defesa bem apertada do guardião Diogo Costa.
Os nervos chegaram mesmo a apoderar-se dos dragões dentro e fora do campo, o que obrigou, inclusivamente, o árbitro da partida a expulsar do banco Henrique Monteiro, o diretor que substituiu nas funções o malogrado Jorge Costa, falecido em agosto deste ano. O FC Porto sentia, como nunca tinha acontecido até à data, muitas dificuldades em articular o seu jogo, autorizando a que o adversário se espalhasse no terreno, garantindo a posse de bola em terrenos adiantados. E foi um pouco contra a corrente de jogo que os dragões se adiantaram no marcador por Rodrigo Mora, aos 45 minutos, num lance com o seu quê de caricato. O dianteiro espanhol Samu arrancou um remate a meio do seu meio-campo, intencional é um facto, mas que seria facilmente parado pelo guardião do Sp. Braga. Contudo, caprichosamente, a bola sofreu um desvio em Mora, traindo o checo Lucas Hornicek, pelo que o tento inaugural foi mesmo atribuído ao pequeno fantasista do FC Porto, ainda que a meias com Samu.
Golo do empate fez soar (ainda mais) o alarme azul e branco
No regresso dos balneários, o conjunto de Braga lançou-se para a frente na tentativa de chegar ao empate, o que viria a conseguir logo aos 51 minutos. Ricardo Horta encarregou-se da marcação de um canto e a bola foi parar ao médio ofensivo uruguaio Rodrigo Salazar, que assistiu Victor Gómez no coração da área, com o lateral espanhol a atirar de cabeça certeiro para a baliza portista. Desta forma, o FC Porto sofreu o primeiro golo da época no Estádio do Dragão para a Liga Portugal, pelo que o alarme soou de imediato. O mesmo equivale a dizer que o técnico Farioli teve de mexer na equipa ao fazer entrar o jovem lateral Martim Fernandes por troca com Francisco Moura – tinha um cartão amarelo e a sua habitual impetuosidade podia dar maus resultados –, valendo-se ainda do habitual titular Gabri Veiga, retirando do campo Rodrigo Mora.
E foi a partir daí que o FC Porto, agora de fato macaco em detrimento da vestimenta de gala, passou a atuar com outra clarividência, supremacia depois acentuada com as entradas do internacional Deniz Gull, nascido na Suécia e internacional pela Turquia. Não é que o Sp. Braga se tenha encolhido, bem antes pelo contrário, mas os dragões passaram a ter um maior domínio de jogo, contrastando com o que se tinha passado até então. E o Estádio do Dragão, completamente lotado, respirou de alívio quando o extremo espanhol Borja Sainz, assistido pelo seu compatriota Gabri Veiga, rematou com êxito no coração da área. Estava feito o mais difícil e daí até final do encontro os portistas taparam todos os caminhos que pudessem perigar a sua baliza, concluindo o grande jogo do Dragão com uma vitória arrancada a ferros. Segue-se na próxima jornada um novo e complicado confronto no reduto do Famalicão, mas antes, na próxima quinta-feira, os dragões deslocam-se aos Países Baixos, onde defrontam o Utrecht para a Liga Europa.
Francesco Farioli (treinador do FC Porto): “Sentimo-nos bem, porque jogámos contra uma equipa muito agressiva, que pratica um bom futebol e tem um grande treinador. Já sabíamos que ia ser um jogo muito aberto, nós protagonizámos as melhores oportunidades. No que diz respeito à dinâmica, podíamos ter capitalizado o jogo mais cedo, mas o espírito combativo da equipa foi fantástico. Houve um grande esforço e os jogadores que entraram deram um excelente contributo, tivemos a assistência do Gabri Veiga, o golo do Borja, o contributo do Deniz Gül, o Pablo Rosário fartou-se de recuperar bolas e o Martim Fernandes ajudou-nos em situações difíceis de gerir. É um resultado muito importante e agora vamos seguir em frente.”
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.
