A formação portuguesa consentiu novo desaire na fase regular da Liga dos Campeões, desta feita em St. James Park, no Reino Unido, diante do Newcastle, que só não construiu um resultado mais volumoso devido à excelente prestação do guarda-redes ucraniano Anatoliy Trubin. Para esta humilhação dos comandados de José Mourinho – é o termo correto – em muito contribuiu a atuação do capitão do conjunto inglês, o internacional brasileiro Bruno Guimarães, um autêntico maestro na intermediária do conjunto britânico. O extremo esquerdo inglês Anthony Gordon, autor do primeiro golo, foi outra das grandes figuras dos “magpies”, que só não conseguiram vencer por números mais robustos devido a um punhado de excelentes intervenções do guardião Trubin. Depois das derrotas diante do Qarabag, do Azerbaijão, e do Chelsea, de Inglaterra, este novo desaire coloca o emblema da Luz em situação delicada em vésperas de eleições para a presidência do clube, que se adivinham bastante renhidas.
O Benfica nem iniciou o jogo assim tão mal e durante algum tempo surgiu a pressionar o adversário para lá da linha de meio-campo, na tentativa de surpreender os ingleses. E até teve oportunidade para chegar ao golo em duas ocasiões. O atacante belga Lukebakio foi o que mais remou contra a maré, numa primeira ocasião proporcionou ao guardião do Newcastle uma defesa bem apertada e noutra atirou a bola ao poste. Foram cerca de 20 minutos em que não se notou a diferença de valor entre as duas equipas, que efetivamente existe e não é pouca. Apesar das prestações menos conseguidas na Premier League, onde já averbou três derrotas e outros tantos empates, o certo é que o Newcastle acabou por dominar por completo a partida, para lá de mostrar possuir jogadores de enorme talento. Viu-se no primeiro golo, aos 32 minutos, uma jogada iniciada no craque Bruno Guimarães com um passe para o talentoso Jacob Murphy, que na direita cruzou a preceito para o remate certeiro de Anthony Gordon. Rápidos, incisivos e desconcertantes, os ingleses iniciavam aí um festival de bola que deixou o conjunto português sem capacidade de reação. Lukebakio foi a exceção no conjunto de José Mourinho, fazendo praticamente tudo sozinho ao revelar um apurado sentido de baliza.
Trubin evitou o descalabro… com eleições à vista
A segunda metade do encontro foi completamente dominada pelo Newcastle e os golos surgiram com naturalidade, só não atingindo números expressivos devido à extraordinária exibição do guardião ucraniano Anatoliy Trubin. Mesmo assim viria a consentir mais dois golos, ambos apontados pelo extremo inglês Harvey Barnes, que foi a jogo aos 63 minutos. O primeiro, segundo do encontro, resultou de um lançamento com a mão do guarda-redes Nick Pope para o meio-campo do Benfica, lance aproveitado por Barnes para invadir a grande-área e desferir um forte remate cruzado sem qualquer hipótese de defesa para Trubin. Já na parte final da partida o dianteiro inglês voltou a fazer o gosto ao pé, após primorosa assistência de Anthony Gordon. Tudo simples, ou demasiadamente simples, num encontro sem história, tal foi a superioridade do conjunto britânico.
Resta agora saber que impacto é que este resultado terá no ato eleitoral do próximo sábado, pois o Benfica vai a votos para a eleição do mais alto cargo diretivo. São seis os candidatos que se perfilam para liderar o colosso português, desde logo com o atual presidente Rui Costa a tentar a reeleição. O antigo futebolista, de 53 anos, apelidado de “maestro” dada a sua notável visão de jogo em campo, tem a concorrência do antigo líder Luís Filipe Vieira, que fez obra no clube entre 2003 e 2021, mas demitido na sequência de uma investigação judicial em que foi constituído arguido. Vieira volta para tentar assumir a presidência, mas, a fazer fé nas sondagens, o empresário João Noronha Lopes será o que poderá fazer frente a Rui Costa. O ruído à volta da equipa de futebol tem sido muito, mas a recente contratação do técnico José Mourinho, após o despedimento de Bruno Lage, trouxe um maior ânimo aos adeptos do clube encarnado. O problema são mesmo os resultados, francamente maus para o estatuto de um clube que pretende ser um dos maiores da Europa.
José Mourinho (treinador do Benfica): “Faltou marcar na primeira parte. Acho que foi um primeiro tempo equilibrado, mas tivemos mais oportunidades. É difícil criar quatro oportunidades e não fazer golo. O resultado ao intervalo era extremamente injusto. Deveríamos estar a ganhar ou, no mínimo, a empatar. O início do segundo tempo é parecido, mas o segundo golo muda a direção do jogo. Não se pode sofrer assim. Foi uma bola parada ofensiva e o nosso posicionamento era bom, porém, perderam-se posições na velocidade. A equipa caiu psicologicamente e viu-se uma diferença muito grande nos motores que eles têm. Em vantagem ainda podia dar para esconder.”
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.
