Portugal vence Irlanda por uma bola a zero nos descontos e soma terceira vitória consecutiva rumo ao Mundial

Rúben Neves honrou a camisola 21 de Diogo Jota, de quem era grande amigo, ao marcar de cabeça num jogo em que a Seleção Nacional não esteve bem, com Cristiano Ronaldo a falhar a marcação de um penálti

Ruben Neves apontou o único golo com que Portugal derrotou a Irlanda
Ruben Neves apontou o único golo com que Portugal derrotou a Irlanda. (Foto: FP Futebol)

No primeiro dos dois encontros que Portugal disputa no Estádio José de Alvalade, em Lisboa, o conjunto orientado pelo espanhol Roberto Martínez levou de vencida a República da Irlanda, com o único golo a ser apontado por Rúben Neves, a atuar no Al-Hilal da Arábia Saudita. O médio português acabou por ser bem-sucedido ao acorrer determinado de cabeça a uma bola saída dos pés de Francisco Trincão, dedicando o remate vitorioso e o triunfo a Diogo Jota, desaparecido na sequência de um trágico acidente de viação em Espanha no passado mês de julho. Quis o destino que assim fosse, pois nem sequer é um dos titulares indiscutíveis do selecionador, mas fez questão de ficar com o número 21 de Jota. Portugal tem praticamente assegurada a qualificação para o Mundial de 2026 a realizar em diversos estádios dos Estados Unidos, México e Canadá.

Valeu pelo resultado, pois Portugal ficou muito aquém do que se exigia diante de um adversário bem menos cotado, apesar de muitos dos seus jogadores atuarem na principal liga inglesa. A Irlanda soma um ponto em três jogos já disputados e muito dificilmente conseguirá a qualificação direta, apenas podendo lá chegar caso garanta o segundo posto do grupo. Mesmo assim terá de seguir para a próxima fase, pois só o primeiro classificado garante de pronto o apuramento. Contudo, é pouco provável que tal aconteça, uma vez que a Hungria, o próximo adversário de Portugal, tem argumentos bem superiores, assim como a própria Arménia. A Seleção Nacional está bem lançada e dispõe de um conjunto de grandes talentos, capitaneado por Cristiano Ronaldo, que desta feita ficou em branco.

O atacante dos sauditas do Al-Nassr teve nos pés a possibilidade de inaugurar o marcador de penálti à passagem do 72º minuto, mas rematou para o meio da baliza, permitindo ao guardião irlandês, em desequilíbrio, travar a bola com o pé. O astro português, de 40 anos, jogou os 90 minutos, atirou uma bola ao poste e voltou a mostrar que se encontra num grande momento, mesmo que já não use a velocidade como uma das suas principais armas. Mas está lá, joga e faz jogar, pelo que será presença certa no Mundial de 2026, o último da sua longa carreira.

Muita posse de bola e pouco sentido de baliza

A Seleção Nacional de Portugal foi sempre superior à sua congénere irlandesa, dominando por completo o encontro. Só que o fez de forma quase sempre lenta e denunciada. É um facto que utilizou muito os flancos e arrancou inúmeros cruzamentos, mas na área faltou um ponta-de-lança que oferecesse mais luta aos possantes defesas irlandeses. Gonçalo Ramos, atacante do Paris Saint-Germain entrou a poucos minutos do final da partida e deu logo trabalho ao último reduto adversário, pelo que poderia ter sido a opção mais correta para a tática idealizada por Martínez. Por outro lado, Bruno Fernandes e Bernardo Silva, dois dos jogadores mais influentes na manobra da equipa, estiveram alguns furos abaixo do que é habitual. Mesmo assim, a superioridade dos portugueses nunca se colocou em causa e pertenceram-lhe as melhores oportunidades de golo, ao invés da Irlanda, que nem uma ocasião de perigo levou à baliza defendida pelo portista Diogo Costa.

O técnico espanhol Roberto Martínez aguarda um jogo complicado
O técnico espanhol Roberto Martínez aguarda um jogo complicado. (Foto: FP Futebol)

Foi já em desespero de causa que lá acabou por surgir o golo do triunfo, quando se cumpria o primeiro dos setes minutos de tempo extra dado pelo árbitro, numa fulgurante entrada de Rúben Neves de a cruzamento do extremo Francisco Trincão. O médio português olhou para o céu e dedicou o triunfo ao malogrado futebolista Diogo Jota, apontando para a tatuagem que tem na perna com os dois abraçados. Na próxima terça-feira Portugal volta a jogar no Estádio José de Alvalade, recinto do Sporting, com a Hungria, que nesta ronda derrotou a Arménia por duas bolas a zero. Claro que este é um adversário mais complicado do que a Irlanda, mas se Portugal estiver ao seu melhor nível e vencer tem praticamente assegurada a qualificação para o Mundial.

Roberto Martínez: “Foi o jogo que esperávamos. A Irlanda era melhor do que vimos no estágio de setembro. Estava ferida depois do jogo da Arménia e esperávamos uma reação e esta agressividade. Trabalhou muito bem. Mas para nós foi importante não ficarmos ansiosos, não perder a concentração e abrir contra-ataque e dar uma bola parada. Tivemos nove cantos, contra zero da Irlanda. Não tiveram um remate à baliza. Em geral, o aspeto sem bola foi muito bom. Faltou marcar o golo mais cedo, mas gostei muito da resiliência, dos valores da equipa, não perdemos o controlo. Foi uma vitória muito trabalhada, mas merecida”.

Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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