
O Papa Leão XIV rezou a oração mariana do Angelus deste domingo, 28 de dezembro, Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice recordou que a Liturgia deste domingo nos apresenta a passagem da “fuga para o Egito”.
É um momento de provação para Jesus, Maria e José. Realmente, no contexto luminoso do Natal, projeta-se, quase de repente, a sombra inquietante de uma ameaça mortal, que tem a sua origem na vida atormentada de Herodes, um homem cruel e sanguinário, temido pela sua brutalidade e, precisamente por isso, profundamente só e obcecado pelo medo de ser destronado.
“Quando, através dos Magos”, Herodes “toma conhecimento que nasceu o “rei dos Judeus”, sentindo-se ameaçado no seu poder, decreta a morte de todas as crianças com a idade correspondente à de Jesus. No seu reino, Deus está realizando o maior milagre da história, no qual se cumprem todas as antigas promessas de salvação; porém, ele não consegue vê-lo, cego pelo medo de perder o trono, as suas riquezas e os seus privilégios”, disse o Papa, acrescentando:
Em Belém, há luz e alegria: alguns pastores receberam o anúncio celestial e, diante do presépio, glorificaram a Deus, mas nada disso consegue penetrar além das defesas reforçadas do palácio real, a não ser como um eco distorcido de uma ameaça, a ser sufocada com uma violência cega.
“Não obstante, justamente essa dureza de coração evidencia ainda mais o valor da presença e da missão da Sagrada Família que, no mundo despótico e ganancioso que o tirano representa, é o ninho e o berço da única resposta de salvação possível: a de Deus que, em total gratuidade, se doa aos homens sem reservas e pretensões. E o gesto de José que, obediente à voz do Senhor, leva em segurança a Esposa e o Menino, manifesta-se aqui em todo o seu significado redentor. Com efeito, no Egito, a chama do amor doméstico a que o Senhor confiou a sua presença no mundo cresce e ganha vigor para levar luz ao mundo inteiro”, disse ainda o Papa.
Enquanto contemplamos este mistério com admiração e gratidão, pensamos nas nossas famílias e na luz que elas também podem trazer à sociedade em que vivemos. Infelizmente, o mundo sempre tem os seus “Herodes”, seus mitos de sucesso a qualquer custo, de poder sem escrúpulos, de bem-estar vazio e superficial, e muitas vezes paga as consequências com solidão, desespero, divisões e conflitos. Não deixemos que essas miragens sufoquem a chama do amor nas famílias cristãs.
“Pelo contrário, conservemos nelas os valores do Evangelho: a oração, a frequência aos sacramentos – especialmente a Confissão e a Comunhão –, os afetos saudáveis, o diálogo sincero, a fidelidade, a concretude simples e bela das palavras e dos bons gestos de cada dia. Isso torná-las-á luz de esperança para os ambientes em que vivemos, escola de amor e instrumento de salvação nas mãos de Deus”, sublinhou Leão XIV.
Então, peçamos ao Pai do Céu, por intercessão de Maria e de São José, que abençoe as nossas famílias e as do mundo inteiro, para que, crescendo segundo o modelo da família do seu Filho feito homem, elas sejam para todos um sinal eficaz da sua presença e da sua caridade sem fim.
Após a oração mariana do Angelus, o Papa saudou os fiéis e peregrinos provenientes da Itália e outros países. A seguir disse:
À luz do Natal do Senhor, continuemos a rezar pela paz. Hoje, em particular, rezemos pelas famílias que sofrem por causa da guerra, pelas crianças, pelos idosos e pelos mais frágeis. Confiemos juntos à intercessão da Sagrada Família de Nazaré.

