A Sabesp superou as metas de novas ligações de água e esgoto previstas para o ciclo 2024-2025, segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira, 10. Com isso, a empresa reforça o plano de universalizar os serviços até 2029, quatro anos antes do prazo nacional. A mudança de cronograma foi uma das premissas centrais da privatização da companhia, concluída em julho do ano passado.
Até novembro, foram 645,7 mil novos acessos à rede de água e 762,6 mil à de esgoto, acima das metas de 435,8 mil e 588,4 mil, respectivamente. Os parâmetros estão estipulados no novo contrato firmado pelo governo paulista, por meio da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp).
“Esse resultado nos dá confiança de que entregaremos a universalização conforme pactuado um ano atrás”, afirmou o CEO da Sabesp, Carlos Piani, em entrevista à Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. “Sabemos que temos muito a melhorar e o final sempre vai ficando mais difícil, mas, se mantivermos esse ritmo, estaremos bem encaminhados”, complementou.
Para atingir a universalização, a Sabesp mira investir cerca de R$ 70 bilhões em obras. O montante inclui a instalação de mais de 10 mil quilômetros de novas tubulações para o abastecimento e outros 12 mil quilômetros de tubulações para a rede de esgoto.
Investimentos e oportunidades
Entre janeiro e setembro de 2025, foram R$ 10,4 bilhões aportados, alta de 150% ante igual período de 2024. O valor faz da companhia a quarta maior investidora da Bolsa, atrás de Petrobras, Vale e Localiza, segundo Piani.
Nesse cenário, o executivo destaca que, embora a empresa seja “extremamente rentável”, a geração de caixa operacional e a receita tarifária ainda não são suficientes para bancar sozinhas o atual ciclo de obras, o que tem aumentado a procura da empresa por instrumentos de crédito.
No mês passado, a Sabesp oficializou a liquidação de uma debênture corporativa no montante de R$ 5 bilhões, a maior já emitida pela companhia. Com essa captação, ultrapassou R$ 18 bilhões movimentados junto ao mercado em 2025, por meio de diferentes mecanismos de financiamento.
“Quando precisamos captar nessa magnitude, não podemos escolher um único instrumento. Abrimos todas as portas para usar o que estiver disponível no momento mais favorável”, disse. Entre os instrumentos, citou debêntures no mercado local, debêntures incentivadas, linhas setoriais como o Saneamento para Todos e emissões de bonds no exterior.
Piani afirmou ainda que os resultados do primeiro ano pós-privatização abrem espaço para avaliar oportunidades em outros estados, além de São Paulo. “Não temos nenhuma restrição, podemos olhar para fora se acharmos adequado. Mas nossa licença para isso é fazer um bom trabalho aqui”, disse.
Aumento tarifário
O avanço acelerado das obras também repercute na discussão tarifária. O tema ganhou força após a Sabesp anunciar, no início de dezembro, o primeiro reajuste desde a privatização. O aumento de 6,11%, válido a partir de 1º de janeiro de 2026, gerou críticas porque o governo estadual havia defendido, durante o processo de venda da companhia, que a operação não resultaria em alta de preços no curto prazo.
Piani lembra que, no ato da privatização, as tarifas foram reduzidas, cerca de 10% na tarifa social, 1% na residencial padrão e aproximadamente 0,5% nas demais categorias. Segundo ele, o reajuste agora anunciado ocorre em um momento em que os investimentos cresceram de forma acelerada para cumprir a meta de universalização antecipada, enquanto o reconhecimento desse custo na tarifa é gradual, como previsto nas regras regulatórias.
Para mitigar esse descompasso, ele destaca a criação, pelo governo paulista, do Fundo de Apoio à Universalização (FAUSP), abastecido com parte dos recursos obtidos na venda da companhia e com os dividendos da participação remanescente do Estado. O fundo, diz Piani, foi estruturado justamente para evitar um aumento maior neste período de obras intensificadas.
“O objetivo é garantir que a tarifa não suba mais do que se a Sabesp ainda fosse pública, mesmo com o aumento dos investimentos. Essa é a lógica do mecanismo”, explicou.

