
São José dos Campos iniciou nesta semana a primeira operação da América do Sul dedicada à medição direta e precisa das emissões de metano em um aterro sanitário.
A operação está sendo realizada no Aterro Sanitário Municipal, administrado pela Urbam, em parceria com a empresa de tecnologia climática Scink.
A iniciativa marca um avanço significativo no fortalecimento das políticas climáticas locais, colocando o município como pioneiro em práticas ambientais baseadas em dados reais e de alta precisão.
O objetivo do projeto é medir, mapear e compreender com exatidão a emissão real de metano, um gás de efeito estufa 28 vezes mais potente que o dióxido de carbono e responsável por impactos relevantes no clima urbano e global.
Diferentemente das metodologias tradicionais, que dependem de estimativas, a operação adotará sensores e analisadores capazes de detectar concentrações na ordem de 10 partes por bilhão (ppb), alcançando precisão até 1 milhão de vezes superior à dos equipamentos convencionais disponíveis no mercado.
“Com essa tecnologia, conseguimos identificar e localizar com extrema precisão a presença do gás metano no aterro para que a equipe da Urbam consiga então realizar eventuais correções e também o aproveitamento do metano, por exemplo, para a usina de biogás”, afirmou Lucas Gatti, cofundador da Scink.
“A cidade está inovando e trabalhando para mapear as emissão e conseguir , de fato, corrigi-las”, completou.
Segundo ele, o projeto é financiado pelo Programa Nave da ANP (Agencia Nacional do Petróleo).
Mapeamento
Além de inovador, o estudo permitirá identificar perdas no sistema de captação de metano atualmente utilizado para alimentar os geradores de energia instalados no próprio aterro.
Com o mapeamento detalhado dessas perdas, a Prefeitura e a Urbam poderão realizar ajustes técnicos, aumentar a eficiência energética e reduzir emissões fugitivas, fortalecendo a política municipal de sustentabilidade.
O trabalho também contemplará o monitoramento da direção e da dispersão do metano, identificando para onde o gás se desloca, em quais áreas pode estar se acumulando e como essas emissões variam ao longo do tempo.
O processo envolve modelagem atmosférica, análise de massas de ar, geração de mapas de calor e estimativas de fluxo em cada duto do sistema.
Com duração prevista de seis meses, o projeto posiciona São José dos Campos entre as cidades mais avançadas do país no enfrentamento das mudanças climáticas, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
O trabalho tem potencial para se tornar referência nacional, oferecendo dados inéditos e confiáveis que podem orientar ações de controle de emissões, melhorias operacionais e políticas públicas voltadas à descarbonização.
Drones são utilizados para medições mais amplas dentro do processo | Foto: PMSJC
Sandbox
A iniciativa integra o programa Sandbox São José dos Campos. Criado por lei municipal de 3 de abril de 2023, o programa Sandbox prevê a criação de um ambiente regulatório onde startups e empresas de base tecnológica podem testar soluções inovadoras e e acelerar soluções para a gestão pública.
A implantação dos projetos não envolve custos para a Prefeitura.
Com essa ação pioneira, São José dos Campos reafirma seu compromisso como cidade inteligente, inovadora e comprometida com práticas ambientais avançadas — contribuindo para um futuro mais sustentável e seguro para toda a população.

