Benfica vence Ajax (2-0) e conquista os primeiros pontos na Liga dos Campeões

Mesmo a jogar diante do seu público no Johan Cruijff Arena, os neerlandeses voltaram a somar novo desaire e mantêm-se no último lugar da tabela só com derrotas

O colombiano Richard Ríos é um dos indiscutíveis do treinador encarnado. (Foto: SL Benfica)

O Benfica arrancou os seus primeiros pontos na fase de liga da Liga dos Campeões e já pode respirar um pouco, ainda que a tarefa continue extremamente complicada. Para poderem seguir para a próxima fase da competição os encarnados terão de somar mais seis pontos, mas pela frente têm três adversários de respeito: Nápoles em casa, Juventus fora, e Real Madrid a terminar no Estádio da Luz. O clube da Luz não vive dias muito agradáveis e ainda no final do último encontro com o modesto Atlético, para a Taça de Portugal, os jogadores foram alvo de fortes críticas por parte do técnico José Mourinho. O recado parece ter resultado. Este triunfo sobre o Ajax não sofre qualquer contestação, mesmo construído à custa de um Ajax muito longe dos seus tempos áureos.

Depois de estrear uma defesa a cinco com a inclusão de três elementos na zona central, sem resultados práticos, Mourinho voltou a um sistema já utilizado (4x5x1), com o grego Vangelis Pavlidis mais adiantado. O grande problema é que os encarnados não possuem extremos rápidos – o belga Dodi Lukebakio está lesionado e só regressa em fevereiro – e o técnico benfiquista tem de encontrar outro tipo de soluções para tentar dar a volta por cima. Não está fácil e já se fala com uma certa insistência que na reabertura do mercado, em janeiro, o clube da Luz terá de abrir os cordões à bolsa. Na mira estarão dois extremos, a principal prioridade, mas também um ponta-de-lança de raiz, bem como um central e um lateral-esquerdo. Até lá o Benfica terá de se valer da prata da casa, que é com quem diz, chamar ao conjunto principal alguns elementos da equipa B, ainda que, nesta altura da temporada, não seja nada fácil integrar elementos jovens e com poucas rotinas em competição ao mais alto nível.

Este encontro com o Ajax revelou de novo a falta de soluções no ataque, pois os marcadores dos golos acabaram por sair dos pés de dois defensores, o primeiro pelo lateral sueco Samuel Dahl e o segundo pelo médio luxemburguês Leandro Barreiro. O mais importante foi feito, com dificuldade é um facto, mas também com mérito. O Ajax teve as suas oportunidades, só que o guardião ucraniano Anatoliy Trubin foi grande entre os postes. O golo madrugador dos encarnados surgiu à passagem do sexto minuto, com Dahl a arrancar um forte disparo com o pé esquerdo no coração da área, após a marcação de um canto e de uma primeira tentativa a remate de cabeça do colombiano Richard Ríos. O grego Pavlidis, aos 15 minutos, após assistência de Leandro Barreiro, podia ter colocado a sua equipa com uma vantagem mais confortável, mas o remate cruzado saiu a escassos centímetros da baliza defendida pelo checo Vitezslav Jaros. Até final da primeira parte os neerlandeses ainda ensaiaram algumas jogadas de ataque mais intencionais, com o Benfica, pacientemente, a controlar o jogo.

Guardião Trubin não deu qualquer hipótese

O guardião ucraniano Trubin segurou bem a baliza encarnada (Foto: SL Benfica)

A segunda metade da partida revelou um Ajax mais dominador, como lhe competia, mas também a enorme classe do guardião Trubin, a quem se fica a dever, e em muito, o importante triunfo do Benfica que, de certa forma, reabre a discussão pelo play-off da Champions. O gigante ucraniano esteve em evidência em duas ocasiões a remates à queima-roupa dos atacantes do conjunto neerlandês, desviando para canto o que já pareciam golos feitos para desespero dos espectadores no mítico Johan Cruijff Arena. Mas o certo é que o conjunto lisboeta, bem a defender, foi inteligente na forma como conseguiu segurar a vantagem, ampliando-a no último minuto da partida: remate forte de Leandro Barreiro após rápido contra-ataque, depois de uma combinação perfeita com o norueguês Fredrik Aursens. Antes do golo, Mourinho já se havia prevenido para a avalanche do conjunto orientado pelo treinador interino do Ajax, o neerlandês Fred Grim, que substituiu o despedido John Heitinga, de quem era adjunto. Com a entrada do central Tomás Araújo para o lugar do ucraniano Sudakov, o técnico da formação da Luz tapou ainda mais os caminhos que pudessem perigar a baliza encarnada, mas o golo da tranquilidade acabou por surgir ao cair do pano.

José Mourinho mostrou-se satisfeito, mas admitiu que os pontos chegaram tarde. (Foto: SL Benfica)

José Mourinho (treinador do Benfica): “Disse ontem que uma coisa é jogar a querer ganhar e outra é a ter de ganhar, é uma pressão diferente. Não somos equipa com muita gente rápida para ser perigosos nas transições, tínhamos de fazer de outra maneira. Os jogadores estiveram muito bem, jogamos com as armas que tínhamos. O golo do Barreiro acaba com o jogo, mas a sensação é que estava controlado. Perdemos e bem contra o Newcastle, perdemos mal contra o Chelsea e contra o Bayer Leverkusen. O drama da situação é a derrota com o Qarabag. Eram obrigatórios, com os três pontos de hoje seriam seis e faltavam-nos três pontos em três jogos e a situação hoje seria fantástica.”

Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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