
Dois meses depois de conseguir tocar a filha pela primeira vez, Bianca de Lima Inácio pôde enfim levar a pequena Antonela para casa. A bebê teve alta da UTI Neonatal do Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence nesta segunda-feira (17), no Dia Mundial da Prematuridade, exatos 60 dias após o encontro emocionante.
Bianca, 32 anos e moradora do Jardim Colonial, levou três dias para conhecer a filha, que nasceu dia 15 de setembro. Isso porque ao nascer prematura Antonela foi para a UTI Neonatal e Bianca para a UTI Adulto, devido a problemas de saúde intensificados com a gravidez de risco.
Nesses dois meses, Bianca deixou a UTI e seguiu com seu tratamento de saúde no hospital, mas conseguia visitar a filha dia sim e dia não. Já Antonela só poderia ter alta depois de atingir o peso ideal. Agora, feliz com a evolução da filha, a quem chama de presente de Deus, a mulher não esconde a felicidade de poder levá-la para casa e colocá-la no bercinho especialmente preparado com muito amor e carinho.
“Graças a Deus ela evoluiu rápido e agora adquiriu peso suficiente para ir para casa. Apesar dos desafios que estão por vir, estou ansiosa para essa nova fase”.
Nesse período em que visitava a filha na UTI Neonatal, Bianca praticou muitas vezes o método Canguru – incentivado dentro da unidade neonatal – que, segundo ela, ajudou a conectá-la com a filha. “Esse pele e pele foi muito importante”.

Mãe de outros dois filhos meninos, de 2 e 17 anos, Bianca agradece o carinho que recebeu durante todo tempo de internação da equipe multiprofissional do hospital. “O atendimento foi maravilhoso, fomos muito bem tratados aqui por médicos, enfermeiros, fonoaudiólogas, terapeutas, psicólogos”, disse Bianca.
O pai Luiz Augusto Alves de Moraes, que só conseguia visitar a filha aos fins de semana por trabalhar fora da cidade, também não esconde a ansiedade com a alta de Antonela. “É um alívio para todos nós ela poder ir para casa”, disse.
Acompanhamento
Antonela chegou ao mundo com 27 semanas de gestação, pesando 800 gramas. Nesta segunda, foi para casa com 1,945 gramas e a devida orientação para seguir com acompanhamento multidisciplinar por causa da prematuridade.
A médica neonatologista Lívia Camarinha Franco de Menezes contou que no período em que Antonela ficou internada a equipe concentrou os esforços em minimizar as consequências da prematuridade, como ocorre com todos os bebês que nascem antes da hora. “É uma bebê que teve poucas intercorrências nesse período, após um mês do nascimento já conseguiu respirar sozinha, sem o suporte ventilatório”.
Ainda segundo a médica, ações realizadas dentro da UTI durante o tempo de internação do bebê ajudam muito no processo de evolução clínica. “Um deles é o método canguru, que a mãe pode fazer todos os dias por no mínimo duas horas, podendo a criança amamentar ou não nesse período. Esse contato pele a pele, mãe e filho, ajuda muito”, afirma.
Agora, após a alta, além das consultas mensais ao pediatra na UBS, a bebê fará visitas regulares aos médicos especialistas (neuropediatra e neonatologista), no Ambulatório da Mulher, e reabilitação motora, por meio da rede municipal de saúde.
“A criança que sai da UTI Neonatal recebe acompanhamento por até quatro anos, inclusive com as primeiras consultas já marcadas”, diz a médica.

Ela conta que os pais também são orientados a lidar com possíveis intercorrências que podem ocorrer com a criança em casa. “É natural uma certa insegurança por parte dos pais quando levam a criança para casa, mas eles sempre terão o suporte do hospital”, acrescenta a médica, citando as sequelas respiratórias como as mais comuns, por isso a necessidade de acompanhamento.
Primeiro contato
A gestação de Bianca foi acompanhada desde o início por profissionais do Ambulatório da Mulher e ela tinha conhecimento que o caminho até o nascimento da filha não seria simples. O encontro entre mãe e filha só aconteceu três dias depois do nascimento, proporcionado pelos profissionais das UTIs Neonatal e Adulta, que se mobilizaram para que elas pudessem finalmente se tocar.
“Foi muito bom, sem palavras, uma sensação única de pegar naquela mãozinha. Um momento inexplicável”, disse Bianca na ocasião.
No Dia Mundial da Prematuridade (17 de Novembro) casos inspiradores como o de Bianca e Antonela reforçam o compromisso do hospital com o cuidado e atendimento humanizado.
O Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence é uma unidade da Prefeitura de São José dos Campos gerenciada pela SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina).

