
O conjunto portista apresentou-se no reduto do Utrecht, nos Países Baixos, com algumas mexidas, a que não será alheio o facto de Francesco Farioli ter pensado no próximo encontro de domingo no reduto do Famalicão a contar para a Liga Portugal. Gerir a equipa foi quase uma obrigação, até porque a última partida com o Sp. Braga exigiu um enorme esforço físico. E o próximo adversário para consumo interno é o sensacional Famalicão, 5º classificado do campeonato. Quando faltam quatro partidas para disputar na segunda maior prova europeia de clubes – três jogos em casa e um fora – os dragões não deverão encontrar grandes problemas para passar aos oitavos-de-final, pelo que, de certa forma, entendem-se as escolhas do técnico italiano que, curiosamente, enquanto responsável pelo Ajax, nunca venceu o Utrecht.
Na prática, em relação ao último jogo, o FC Porto entrou para o encontro com os neerlandeses com apenas três jogadores que alinharam de início no triunfo (2-1) com o Sp. Braga. O guardião português Diogo Costa, o central polaco Jan Bednarek e o extremo brasileiro Pepê foram os únicos repetentes, mas os azuis e brancos apresentaram-se com os espanhóis Borja Sainz e Gabri Veiga, não utilizados inicialmente em Braga, mas normalmente titulares. Não se pode falar num FC Porto enfraquecido, mas sim num onze que sentiu a ausência das rotinas habituais. Disso se valeu o modesto adversário dos dragões que ainda não tinha somado qualquer ponto na Liga Europa, apesar, de mesmo assim, o domínio ter pertencido ao FC Porto. Gabri Veiga foi mesmo o primeiro a estar muito perto do golo logo aos 12 minutos, depois de um passe do médio canadiano Stephen Eustáquio, mas o remate do espanhol saiu ligeiramente ao lado da baliza do guardião do conjunto neerlandês. O domínio portista foi quase sempre a tónica de jogo, mas faltou maior clarividência no ataque, desta feita com o internacional pela Turquia Deniz Gul, nascido na Suécia, a ocupar o lugar que normalmente é do espanhol Samu Aghehowa.
Dragões não aproveitam inferioridade adversária
Os golos só surgiram na segunda metade do encontro, primeiro para o Utrecht, aos 48 minutos, apontado pelo avançado espanhol Miguel Rodríguez. Na sequência de um livre estudado apontado pelo El Karaouani, nascido nos Países Baixos, mas que atua pela seleção de Marrocos, Gabri Veiga distraiu-se e permitiu a entrada fulgurante de Rodríguez, não dando a mínima hipótese de defesa a Diogo Costa. Mesmo contra a corrente de jogo, o Utrecht fazia a festa no repleto e vibrante estádio do clube local com capacidade para cerca de 24.000 espectadores. O golo serviu de tónico aos homens da casa, que estiveram perto de dilatar a vantagem quando, aos 58 minutos, o defesa belga Siebe Horemans atirou ligeiramente por cima, de cabeça, solicitado por El Karaouani.

Naturalmente insatisfeito com o que se passava, Francesco Farioli procedeu a várias alterações, destacando-se a entradas do brasileiro William Gomes, o jovem extremo que tem por hábito dotar a equipa de outras soluções, normalmente utilizando o seu drible desconcertante quando flete da direita para o centro do terreno, sempre como os olhos colocados na baliza. E aos 66 minutos o FC Porto chegou à igualdade por intermédio de Borja Sainz, na recarga a um remate de Deniz Gul, após defesa incompleta de Vasilius Barkas. Na sequência do lance, uma atitude menos correta do guardião do conjunto neerlandês ao encostar a cabeça a Gabri Veiga, foi o suficiente para que o árbitro lhe indicasse o caminho dos balneários. O FC Porto tentou aproveitar a oferta, já com o dinamarquês Viktor Froholdt em campo, e depois com Samu, mas o Utrecht segurou bem a igualdade, o que lhe permitiu a conquista do primeiro ponto na competição.
Francesco Farioli (treinador do FC Porto): “É uma sensação agridoce. Tivemos três, quatro oportunidades claras no primeiro tempo. Tivemos o controlo do jogo, um número a rondar os 50 toques na área adversária. Infelizmente concedemos um golo de bola parada, momento do jogo que tínhamos analisado hoje de manhã. Não podem acontecer estes momentos de desconexão. Faltou paciência para atacarmos da melhor forma. É de facto uma sensação amarga. Jogámos três dos quatro jogos desta fase fora e conseguimos três resultados positivos até ao momento. Temos de ter isso em mente e seguir em frente”.
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

