
A nação benfiquista mostrou que se encontra bem pujante. Chamada a votos para a presidência do clube, seis concorrentes dispuseram-se a dirigir os destinos do emblema da águia nos próximos quatro anos, salientando-se desde logo a participação massiva dos seus associados, distribuídos por 108 ciclos eleitorais em Portugal e em várias partes do mundo. A votação decorreu desde as 8h30 até às 22h00 de sábado e bem cedo foi atingido um recorde mundial em eleições, que era detido pelo poderoso Barcelona, de Espanha, desde 2010. Então, os catalães elegeram o 35º presidente com 57.088 associados a exercer o direito de voto, número largamente ultrapassado, pois a adesão atingiu o impressionante número de 85.442 eleitores, num universo de 160.182 associados que podiam participar no escrutínio. Depois de uma longa espera, os resultados finais foram conhecidos a meio da tarde deste domingo.
O atual presidente Rui Costa falhou por pouco a reeleição, mas como não ultrapassou os 50 % de votos (42,13%), terá de ir a uma segunda volta com o empresário e gestor Noronha Lopes, que convenceu pouco mais de 30% do eleitorado. O antigo presidente Luís Filipe Vieira, de 76 anos, que esteve à frente do clube durante 18 anos, renunciando em 2021 após ter sido detido devido a várias suspeitas de corrupção, ficou-se pelos perto de 14% nas intenções de voto, uma pouco mais do que o advogado João Diogo Manteigas, que ultrapassou ligeiramente os 11%. Os outros dois candidatos – Cristóvão Carvalho e Martim Mayer – não tiveram expressão significativa. Naturalmente que o cenário não é muito difícil de adivinhar, pois a vantagem alcançada por Rui Costa permite-lhe reforçar a o propósito de continuar ao leme de uma nau que tem navegado em águas algo agitadas. Com efeito, o antigo jogador dos encarnados, apelidado de maestro dada a sua elegância em campo e talento bem acima da média, esteve na presidência do Benfica nos últimos quatro anos, mas foi alvo de múltiplas críticas. Nesse período, o clube da Luz venceu uma Liga de Portugal, deixando fugir o título por duas vezes para o seu grande rival Sporting, bem como uma outra para o FC Porto. Fraco pecúlio, mesmo somando duas Supertaças e uma Taça da Liga, para lá de Rui Costa ter despedido dois técnicos, o alemão Roger Schmidt e, mais recentemente, o português Bruno Lage, substituído por José Mourinho.
Balão de oxigénio a tempo e horas
Não há forma de dizer de forma diferente, Mourinho foi mesmo o balão de oxigénio para que Rui Costa sobrevivesse ao ataque cerrado dos seus adversários, em especial Noronha Lopes. O Special One continua a ser consensual entre a massa associativa do emblema da Luz e, apesar dos resultados menos conseguidos – derrotas com o Chelsea e com o Newcastle para a Liga dos Campeões -, tem a vantagem de ser praticamente intocável. O empate a zero bolas no Estádio do Dragão com o FC Porto serviu para atenuar um pouco o ambiente algo pesado que se vivia, os deslizes na Europa acabaram por não ter o peso que teriam com outro treinador, depois do triunfo na estreia com o AVS (3-0), seguido de um frustrante empate a uma bola com o Rio Ave. Apesar dos desaires europeus, a vitória diante do Desportivo de Chaves para a Taça de Portugal, e um robusto triunfo (5-0) com o Arouca para a Liga Portugal, trouxeram outro ânimo aos adeptos. Contudo, este último encontro terminou já perto do encerramento das urnas, pelo que em nada serviu para, eventualmente, alterar intenções de voto.

Mourinho já fez saber que necessita de reforços na reabertura do mercado no próximo mês de janeiro, mas os jogadores que chegarem terão mesmo de encaixar para que a equipa renda mais e melhor. O técnico dos encarnados falou numa ou duas contratações, sem que tenha revelado os setores que entende estarem mais carenciados. Muito possivelmente um deles será um homem de área, função agora quase da exclusividade do grego Vangelis Pavlidis, até agora o melhor marcador da Liga Portugal com oito golos apontados, mais um do que o atacante luso-brasileiro Pablo Felipe, a atuar no Gil Vicente, filho de Pena, antigo dianteiro do FC Porto.
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

