Sabia-se à partida que este não seria um jogo fácil para o bicampeão português. Se o primeiro período do encontro foi totalmente dominado pelo conjunto francês, já na segunda metade os leões foram sempre superiores, mas beneficiaram do facto de o Marselha ter ficado reduzido a dez elementos, ainda na primeira parte (45+2 minutos), por expulsão do brasileiro Emerson Palmieri, natural de São Paulo. O jogador foi imprudente num lance em que simulou uma grande penalidade alegadamente cometida pelo uruguaio Maxi Araújo. Inicialmente o árbitro apontou para a marca dos 11 metros, mas o vídeo-árbitro assinalou o engano, depois confirmado pelo juiz do encontro.
O conjunto de Alvalade acabou por aproveitar bem o desnorte dos franceses e passou a exercer um total domínio sobre o adversário, conseguindo a reviravolta por dois jogadores saídos do banco, primeiro pelo atacante moçambicano Genny Catamo, aos 69 minutos, depois por Allison Santos, natural de Itapetinga, no Brasil, já perto do final do jogo. Com este triunfo, o Sporting, colocou-se em boa posição na tabela para poder chegar aos oitavos de final da milionária competição.
O jogo de Alvalade acabou por ficar marcado, e muito, pela expulsão de Emerson. O Marselha foi superior em todos os capítulos ao Sporting durante toda a primeira parte, ao revelar-se uma equipa desinibida e ofensiva, que deixou os leões praticamente sem reação. Dotado de jogadores de excelente qualidade na dianteira, como o avançado brasileiro Igor Paixão, do experiente internacional gabonês Abumeyang, bem como do extremo norte-americano Timothy Weah, o Marselha concluiu um natural ascendente sobre o seu opositor, aos 14 minutos, com um golaço de Paixão.
O atacante natural de Macapá, que desde 2019 atua na Europa, proveniente do Coritiba, abriu o marcador com um potente remate de fora da área ao ângulo da baliza, deixando o guardião leonino fora de ação para tentar deter a bomba saída do pé direito do desconcertante avançado brasileiro. Daí para a frente, o Marselha continuou a controlar o encontro a seu belo prazer, dando poucas hipóteses ao seu opositor de sair com a bola jogada. E foi já em período de descontos que aconteceu o tal lance em que Emerson Palmieri simulou uma grande penalidade, lance que após visionado lhe valeu o segundo cartão amarelo e a consequente expulsão.
Trunfos dos leões estavam no banco
A jogar com menos um jogador, o Marselha foi uma equipa completamente diferente durante toda a segunda parte do encontro, nunca se recompondo da perda do seu defesa. Passando a atuar num 5X3X1, baixando em demasia o bloco para a sua zona intermediária, o conjunto francês expôs-se às investidas atacantes dos leões, normalmente conduzidas pela ala direita, onde o jovem extremo português Geovany Quenda foi determinante, assim como o colombiano Luis Suárez, autor de alguns remates que colocaram em sentido o último reduto da formação orientada por Roberto De Zerbi.
O técnico italiano ainda tentou travar a avalanche ofensiva dos leões com o reforço da sua defensiva, trocando algumas das suas peças, mas a intenção de nada valeu, pois, em contraste com o sucedido na primeira parte, o Sporting passou a ser dono e senhor do jogo.
O golo do empate acabou por chegar aos 69 minutos, quando o moçambicano Genny Catamo, primorosamente assistido pelo internacional português Pedro Gonçalves, arrancou um forte remate no coração da área que levou a bola a entrar junto à base do poste esquerdo. Mais uma vez, o vídeo-árbitro foi determinante para a validação do lance, pois houve dúvidas quanto a um eventual fora de jogo. Estava feito o mais difícil e o Estádio de Alvalade quase que veio abaixo, depois de tanta impaciência e até alguma descrença.
Com o Sporting balanceado no ataque, já com Allison Santos também em campo, o tento do triunfo lá surgiu por intermédio do atacante brasileiro, aos 86 minutos. As alterações efetuadas pelo técnico português Rui Borges, revelaram-se, assim, fundamentais e decisivas para a conquista dos três importantes pontos num jogo muito marcado pelo lance que determinou a expulsão de Emerson, imprudente na simulação de um penálti que não passou impune aos “olhos” da vídeo-arbitragem.
Rui Borges (treinador do Sporting): “Foi um Sporting com uma atitude competitiva muito grande. Uma segunda parte com coração, mas só um grupo e uma grande equipa é que conseguia dar a volta ao resultado. Mesmo o Marselha com dez, não deixa de ser perigoso. Mantivemos a calma, houve momentos em que tentámos ganhar o jogo à pressa. Foram só cinco minutos. Um espírito de equipa enorme. Uma primeira parte boa também. Levámos com um golo igual ao do Nápoles. Não pode acontecer. Soubemos reagir e só uma grande equipa é que daria a volta ao resultado”.
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.
