Portugal adia passaporte para o Mundial 2026 com empate caseiro (2-2) diante da Hungria

Cristiano Ronaldo apontou os dois golos da seleção lusa, mas faltou serenidade para segurar a vantagem. Magiares chegaram ao golo do empate já em período de descontos

A equipa portuguesa está perto de garantir o apuramento para o Mundial Foto FP Futebol
A equipa portuguesa está perto de garantir o apuramento para o Mundial. (Foto: FP Futebol)

O Estádio de Alvalade, em Lisboa, foi de novo o palco escolhido para a Seleção Nacional cumprir a 4ª jornada da fase de apuramento para o campeonato do Mundo de 2026. Se até aqui os comandados do espanhol Roberto Martínez somavam por triunfos os jogos disputados, desta feita empataram com a Hungria e adiaram para o próximo encontro com a Irlanda, a disputar em Dublin no próximo dia 13 de novembro, a esperada qualificação para a competição que se disputará no Canadá, Estados Unidos e México. Portugal foi superior em quase todos os capítulos aos húngaros, mas como é comum dizer-se, colocou-se a jeito. Quando devia e podia ter segurado a vantagem na parte final do encontro, acabou por sofrer um segundo golo apontado pelo médio Dominik Szoboszlai, craque do Liverpool, gelando um estádio que não se cansou de puxar pela sua equipa.

Com apenas duas mexidas em relação à última partida com a Irlanda – vitória dos portugueses por uma bola a zero -, Portugal iniciou o encontro a mostrar o que queria, mas a Hungria inaugurou o marcador logo nos momentos iniciais. Decorria o oitavo minuto de jogo e na sequência de um canto apontado por Szoboszlai, o atacante Adam Szalai, jogador do FC Basel, da Suíça, aproveitou para entrar de cabeça ao segundo poste, depois de ganhar no ar a Bernardo Silva. Refira-se, a propósito, que a formação magiar foi dominante no jogo aéreo, revelando-se muito forte neste tipo de lances, a sua grande arma para contrariar o jogo mais pensado e elaborado dos portugueses. Equipa dotada de exímios praticantes, a formação lusa não se deixou impressionar e partiu de imediato para cima do adversário na procura do golo do empate.

Ronaldo uma vez… Ronaldo duas vezes

Cristiano Ronaldo tornou-se o melhor marcador de sempre das fases finais para os Mundiais. (Foto: FP Futebol)

Titular indiscutível da Seleção Nacional, o capitão Cristiano Ronaldo voltou a mostrar por que ainda é, aos 40 anos, um futebolista indispensável. O craque nascido na Ilha da Madeira e formado no Sporting, de onde se transferiu ainda muito jovem para o Manchester United, colocou o Estádio de Alvalade ao rubro, decorria o 22º minuto da partida. O médio Vitinha, do Paris Saint Germain, recebeu um passe na zona central do terreno e descobriu o lateral Nélson Semedo, que cruzou de pronto para a entrada fulgurante de Ronaldo a empatar a partida, depois de fugir à marcação dos defensores húngaros. Fácil? Sim, fácil para o avançado do All-Nassr, da Arábia Saudita, que se isolou com o melhor marcador de sempre em fases de qualificação para Campeonatos do Mundo.

Ronaldo festejou por duas vezes, mas não foi suficiente. (Foto: FP Futebol)

O momento não podia ser desperdiçado e Portugal atravessou uma fase de grande acerto e muita disponibilidade em busca do segundo golo, pois só a vitória importava. E lá voltou a aparecer Ronaldo, já em tempo de descontos (45+3 minutos), agora a desmarcar-se entre os centrais húngaros e a rematar em força para a baliza, sem deixar cair a bola no relvado, depois de um cruzamento tenso do lateral Nuno Mendes. Letal, fulminante, mágico, Ronaldo uma vez… duas vezes, e o terceiro para a sua conta só não apareceu por mero acaso. A Hungria provava o veneno daquele que já foi o melhor do mundo, mas não estava ali propriamente para ver jogar o astro português. Portugal pode conseguir na Irlanda o apuramento para o Mundial – ou então fica tudo adiado para a última ronda diante da Arménia no Estádio do Dragão -, mas por certo que a Hungria deverá segurar o 2º lugar, o que lhe permitirá disputar o play-off de acesso à competição.

Duas bolas nos ferros e o impensável ao cair do pano

A segunda parte foi mais repartida, mas Portugal dispôs de oportunidades suficientes para resolver a questão a seu favor. Duas bolas nos ferros da baliza magiar no espaço de dois minutos, primeiro por Bruno Fernandes, depois por Ruben Dias, deram ainda mais moral ao conjunto luso. Do outro lado, o guardião Diogo Costa viu também a sua baliza ser bafejada pela sorte quando Szalai imitou os seus adversários. Pontaria a mais, ou a menos, a trave de ambas a baliza foi mesmo decisiva para que o resultado não se alterasse. Portugal podia ainda ter resolvido a questão a seu favor, aos 64 minutos, pelo reentrado João Félix, colega de equipa de Ronaldo nos sauditas do All-Nassr, mas a forte cabeçada à queima-roupa foi superiormente defendida por Balázs Tóth, guardião do Blackburn Rovers, de Inglaterra.

O selecionador Roberto Martínez admitiu precipitação dos seus jogadores Foto FP Futebol.jpg

Já com alguns homens frescos em campo, Portugal viveu mais de rasgos individuais em detrimento do jogo coletivo, disso se aproveitando a Hungria, que passou a exercer uma maior pressão no meio-campo português. Mas, pior do que isso, foi ter oferecido aos magiares o domínio do jogo, ao invés de tentar controlar a partida. Um erro que o próprio selecionador Roberto Martínez apontou e que viria a permitir à Hungria sair de Alvalade com o empate. Já no primeiro minuto do período de descontos, Lukacs cruzou rasteiro na direita e a bola passou por toda a gente até chegar aos pés de Szoboszlai, que atirou para a baliza deserta. Um autêntico balde de água fria em Alvalade, quando todos aguardavam, ainda que ansiosos, para fazer a festa.

Roberto Martínez (selecionador de Portugal): “É uma lição que nos pode ajudar muito, ainda que agora este resultado seja doloroso. Vimos a Hungria com força na bola parada, mas na primeira parte controlámos o jogo. Começámos bem na segunda parte, mas não conseguimos matar o jogo. Este jogo tinha um significado especial. Nos últimos 10 minutos, jogámos a oportunidade de nos apurarmos para o Mundial e isto muda um pouco o que somos. Devo relembrar que não há jogos fáceis. Queríamos apurar-nos já, mas para a preparação para o Mundial pode ser importante. É preciso saber como gerir um jogo assim, especialmente nos últimos 10 minutos”.

Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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