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Atleta do Talento Esportivo treina sumô no quintal de casa e cogita até naturalização para mudar status

Com três medalhas em Mundiais, Kaio Ruiz é um dos melhores atletas da modalidade no Brasil. (Foto: Divulgação)

O município de Auriflama, no interior paulista, é famoso pelo seu quentão, bebida tipicamente junina. Mas é também reduto do sumô no Brasil. Sim, é isso mesmo! É lá, especificamente no bairro São José, que mora Kaio Ruiz, atleta do Programa Talento Esportivo e um dos maiores expoente dessa modalidade no país.

Kaio foi na contramão dos amigos de infância que sonhavam em ser jogadores de futebol. Aos 6 anos, ele começou a aprender as técnicas do sumô, influência direta do seu pai, Enéas, que foi lutador. Com 11 anos, Kaio já competia em torneios regionais.

“O que eu mais gosto no sumô é que ele é um esporte rápido, dinâmico. Tem luta que dura cinco, dez segundos. O atleta precisa agir e pensar rápido”, diz o lutador.

Como a oferta de espaços dedicados ao sumô é mínima – o Brasil tem apenas um ginásio exclusivo para a prática do esporte, no bairro do Bom Retiro, capital paulista -, Kaio teve que improvisar: fez do quintal de casa a sua academia. Ele treina com seu pai, que também é seu sensei, e outros nove alunos. “No sumô, as lutas acontecem sobre uma superfície de terra batida. Em casa, tivemos que montar um tatame no chão no quintal”, conta.

O talento nato de Kaio para o sumô supera qualquer lapso de infraestrutura para treinar e competir. Aos 18 anos, ele acumula três vice-campeonatos mundiais (dois em equipes e um individual), dois títulos sul-americanos, três brasileiros e três paulistas. E não deve parar por aí. Mas para subir mais um nível do jogo, Kaio não depende apenas da incrível capacidade que tem em levar os seus adversários ao solo.

Fora do Japão, o sumô é considerado uma prática amadora. Para quem quer se profissionalizar e fazer fama e dinheiro neste esporte, a Terra do Sol Nascente é o lugar. Entrar nesse mecanismo, no entanto, é complexo. Não basta arrumar as malas e atravessar o oceano, é preciso ser convidado pela federação local.

“Anualmente, a federação japonesa de sumô abre uma vaga para que um estrangeiro possa competir lá. Os Mundiais amadores, que eu participo desde 2023, servem como peneiras. Muitos senseis japoneses vão a esses torneios para observar talentos de fora do Japão. Estive no Mundial da Tailândia recentemente e fui bem. Fico na expectativa de um dia ser chamado. Se preciso for, me naturalizo japonês”, conta Kaio, que em julho de 2026 pega a sua faixa preta de sumô.

Enquanto a chance de lutar profissionalmente do outro lado do mundo não aparece, Kaio segue fazendo história por aqui. “Se esse convite não surgir, tudo bem. Vou continuar competindo pelo meu país e ensinando sumô aos mais jovens.”

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