
O treinador dos leões Rui Borges entendeu mexer em demasia no onze habitualmente titular e essa opção poderá ter influenciado negativamente o desenrolar do encontro. Não é que os leões não tivessem interpretado o que se pretendia diante do forte e aguerrido conjunto do Nápoles, mas os deslizes cometidos que originaram os golos do adversário foram fatais. É um facto que ao deixar o colombiano Luis Suárez e o português Pedro Gonçalves no banco, o Sporting não foi o mesmo, em termos ofensivos, ao atuar com o grego Ioannidis e com o moçambicano Geny Catamo. A gestão do plantel é quase uma obrigação, dada a quantidade de jogos a disputar – às vezes a um ritmo de três por semana -, e o Sporting joga já no domingo com o Braga para a Liga Portugal, por norma confrontos rijamente disputados. Por isso existem prioridades, por muito que se diga que não foi por aí que os leões foram derrotados. Pode não ter sido, mas teve a sua influência.
A jogar no seu estádio, perante cerca de 50 mil espectadores, em nada estranhou que o Nápoles assumisse o comando das operações. Só que o conjunto orientado pelo italiano António Conte deparou-se com uma defesa concentrada e intransponível. O Sporting controlou bem as iniciativas dos rápidos atacantes da formação italiana, mas descontrolou-se em momentos que não podem acontecer a um nível tão exigente. O primeiro golpe surgiu à passagem do 36º minuto depois de uma incrível perda de bola no meio-campo, para o belga Kevin de Bruyne armar bem o contra-ataque e fazer um passe magistral “à Maradona” para Rasmus Hojlund. O atacante dinamarquês, só com o guardião Rui Silva pela frente, agradeceu e atirou a marcar. Estava feito o mais difícil com tremenda facilidade, no que foi o primeiro erro de palmatória do conjunto leonino.

Suárez empatou… e lá veio novo brinde
Já na segunda parte, o Sporting revelou muita determinação e passou a exercer uma pressão mais alta, o que viria a dar os seus frutos com o golo de Luis Suárez, aos 62 minutos, na transformação de uma grande penalidade. Em campo já estava o dianteiro colombiano que chegou ao Sporting com a difícil tarefa de substituir o sueco Viktor Gyokeres, bem como o seu habitual parceiro de ataque Pedro Gonçalves. Aos 60 minutos o lateral uruguaio Maxi Araújo sofreu uma carga sem margem para qualquer dúvida e o árbitro da partida assinalou de pronto para a marca dos onze metros, com Suárez a enganar o guardião napolitano. Da forma como o jogo estava a ser disputado, com os leões bem mais afoitos em tarefas ofensivas, foi com alguma naturalidade e até com justiça que o Sporting chegou ao empate.

Só que o estado de graça dos leões durou muito pouco tempo, pois aos 79 minutos Hojlund voltou a marcar, de novo assistido por De Bruyne, ao rematar de cabeça após uma saída fora de tempo do guardião Rui Silva. Um erro tremendo e um autêntico balde de água fria, numa altura em que os leões até deram a ideia de que até podiam sair de Itália com os três pontos. O Sporting ainda tentou dar a volta aos acontecimentos, mas uma defesa espetacular do sérvio Milinkovic, a remate à queima do capitão Morten Hjulmand, no último minuto do tempo de descontos, deitou por terra a hipótese de Sporting levar de Itália o empate, depois de na jornada inaugural ter amealhado três pontos no confronto com a modesta equipa do Kairat Almaty, do Cazaquistão.

Rui Borges (treinador do Sporting): “É inglório sair daqui com zero pontos por tudo o que a equipa foi capaz desde o primeiro minuto. Sabíamos que os primeiros 15, 20 minutos iam ser intensos por parte do Nápoles. Tínhamos de ter boas reações e, ao fim de 20 minutos, fomos crescendo e ganhando confiança. Sofremos golo na transição, onde tínhamos de ser mais maduros e fazer falta no início da jogada. Ao intervalo, percebemos que podíamos ser mais agressivos e mais simples em algumas ações. Segunda parte bem conseguida, jogo repartido, chegámos ao empate, podíamos ter feito o 1-2 e eles fizeram o 2-1 num lance em que são fortes. O Morten ainda fez um grande cabeceamento para uma grande defesa. Merecíamos sair daqui com o empate.”
