Benfica infeliz no regresso de José Mourinho a Londres perde com o Chelsea com autogolo de Richard Ríos

A formação de Stamford Bridge foi quase sempre mais forte e esclarecida, enquanto que os encarnados, jogando bem a espaços, não criaram grandes jogadas de perigo

O central português António Silva é fundamental no eixo da defesa ao lado do argentino Otamendi Foto SL Benfica
O central português António Silva é fundamental no eixo da defesa ao lado do argentino Otamendi. (Foto SL Benfica)

Na segunda jornada da Liga dos Campeões o Benfica voltou a ser derrotado, desta feita por uma bola a zero, após um lance infeliz mas inevitável do médio colombiano Richard Ríos, o que valeu ao Chelsea um importante triunfo. Ainda com Bruno Lage ao comando, o conjunto da capital portuguesa foi derrotado pelo Karabag, do Azerbaijão, por três bolas a duas no Estádio da Luz, o que viria a ditar o despedimento do antigo técnico, depois substituído por José Mourinho. Nota-se que a equipa está melhor, é bem mais combativa, mas ainda há muito trabalho pela frente para produzir mais e melhor, principalmente do meio-campo para a frente. Não é que o Chelsea tenha sido muito superior, teve foi a arte de fechar bem todos os caminhos para a sua baliza e segurar o “brinde” que lhe tocou em sorte, demonstrando ainda uma enorme capacidade de luta até à exaustão.

Sabia-se que a tarefa dos encarnados não seria fácil, mas Mourinho entrou em Stamford Bridge com determinação, mesmo antes do apito inicial do árbitro. O renomado treinador que marcou a história do Chelsea havia garantido em conferência de imprensa que iria jogar para ganhar e tudo fez para ser bem-sucedido. Não fosse o azar de Richard Ríos logo aos 17 minutos ao introduzir a bola na sua baliza, na sequência de um cruzamento largo e tenso do extremo internacional português Pedro Neto, e talvez as coisas pudessem ter sido diferentes. O colombiano, contratado ao Palmeiras, teve a infelicidade de a bola lhe bater em força e, inevitavelmente, entrar na baliza. Ríos nem esteve mal e manteve a confiança de Mourinho, depois de algumas críticas que o acusavam de ser um jogador lento. Claro que no Brasil o futebol não tem a intensidade características das grandes formações europeias, mas o colombiano deu uma resposta bem positiva. E não é por causa de um azar, que podia ter acontecido a qualquer outro, que se pode colocar em causa a sua inegável classe e talento.

O extremo belga Lubekakio ainda conseguiu levar algum perigo à baliza do Chelsea (esquerda) e O norueguês Aursnes foi inluente nas ações da zoma intermediária. (Fotos SL Benfica)

Meio-campo sem soluções na profundidade

Durante toda a primeira parte o Chelsea praticamente controlou a partida, com os laterais Malo Gusto e Cucurella muito subidos no apoio aos homens da frente. O português Pedro Neto arrancou algumas boas jogadas pela direita do ataque, enquanto que no lado oposto o argentino Garnacho ensaiou algumas jogadas de bom recorte técnico. Contudo, o guardião ucraniano Anatolliy Trubin esteve quase sempre tranquilo entre os postes. Já o Benfica contou com o meio-campo musculado, onde pontificaram o norueguês Fredrik Aursnes, o colombiano Richard Ríos e o argentino Enzo Barrenechea. Mas se o trio eleito por Mourinho para a zona intermediária foi capaz de conter a maior agressividade do conjunto inglês, já o mesmo não aconteceu na questão da profundidade, pois ao atuar algo recuado não encontrou boas soluções para que o grego Vangelis Pavlidis pudesse receber a bola em perfeitas condições.

Contudo, enquanto o extremo belga Dudu Lukebakio encontrou forças para se manter em campo, foi pela ala direita que o Benfica conseguiu criar algumas jogadas mais incisivas. Numa derradeira tentativa de chegar ao empate – o resultado que até espelhava melhor o que se passou em campo, não fosse o azar de Ríos – Mourinho ainda refrescou a equipa com as entradas em simultâneo do norueguês Shederup, do croata Ivanovic e do luxemburguês Leandro Barreiro, mas a formação londrina soube segurar o maior ímpeto do adversário. O Benfica tem novo compromisso europeu em Inglaterra para defrontar o Newcastle, no dia 21 de outubro, mas agora as atenções estão exclusivamente viradas para esse sempre apetecido clássico no Estádio do Dragão com o FC Porto do próximo domingo, clube onde Mourinho iniciou uma carreira notável que o haveria de levar a alguns dos mais categorizados emblemas da Europa.

O grego Pavlidis, aqui a disputar a bola com o argentino Garnacho, foi ineficaz no ataque. (Foto: SL Benfica)

José Mourinho (treinador do Benfica): “Não vou estar com muitos rodeios. Uma derrota é sempre uma derrota por mais que se jogue bem ou que seja não merecida. Não quero esconder isso dos jogadores, já falamos sobre isso. Há perder e perder, há perder e ter vergonha de sair de casa no dia seguinte e há perder e ter a sensação de que se fizeram muitas coisas bem, que se teve atitude e coragem, que se olhou nos olhos, que se perdeu, mas que se podia ter resultado diferente. Ter coisas a que nos agarrar, que vamos construir a partir daqui, acho que é o nosso jogo mais bem conseguido. Sem problemas táticos, sem o guarda-redes que não foi o melhor em campo. Podíamos ter feito o golo, que temos de fazer.

Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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