A palavra convence, mas o exemplo arrasta. Foi vendo seu pai sair de casa para participar de corridas de rua que Beatriz Camargo se interessou pelo esporte.

Aos 8 anos, ela já pegava forte nos treinos de atletismo em Pindamonhangaba, cidade onde nasceu.
Bia ainda tateava em que prova poderia performar melhor quando, em 2022, seu técnico, Luiz Claudio, apontou para o caminho mais promissor: os 100 metros com barreiras.
“Na verdade eu não escolhi os 100 metros com barreiras, meu técnico viu que eu tinha perfil para a prova e me colocou pra treinar. Criei gosto e hoje amo o que eu faço. Aprendi que no atletismo a gente não escolhe a prova, é ela que nos escolhe”, diz a atleta.
Escolha certeira, mas que necessitava de alguns ajustes. Correr o mais rápido que podia era só parte do trabalho de Bia. As barreiras acrescentavam uma dificuldade extra no percurso.
“Tinha um pouco de medo de cair ao tocar as barreiras. No começo esse receio é normal, mas com o tempo vai se acostumando e vira rotina”, conta.
Tão trivial quanto saltar barreiras foram os títulos nas competições de base. Bia é campeã dos Jogos Escolares do Estado de São Paulo (Jeesp), campeã mundial escolar sub-15 e tricampeã brasileira sub-18, além de deter o recorde brasileiro da prova nas categorias sub-16 e sub-18.
Na última semana, competiu pelo Time SP nos Jogos da Juventude e cravou seu nome na história do evento com o bicampeonato consecutivo. Na final, fez o tempo de 13.34.
O ouro em Brasília teve uma simbologia diferente para Bia. Ela se despediu oficialmente da categoria sub-18, onde ganhou seus títulos mais relevantes. A partir de 2026, ela passa a competir na sub-20.
“Conseguir fechar a categoria sub-18 com chave de ouro. Infelizmente, não vou poder tentar o tricampeonato dos Jogos da Juventude no ano que vem. Agora o meu desafio é conseguir o índice para o Mundial sub-20, em Eugene (EUA).
Participei em 2024, mas competi com meninas mais experientes. Dessa vez, já na categoria, espero poder representar o Brasil da melhor maneira”, destaca.
Subindo o sarrafo, Bia se vê mais próximo de desafiar as grandes estrelas do atletismo mundial. A jovem sonha um dia em dividir a pista e o pódio com atletas do calibre de Jasmine Camacho, portoriquenha campeã olímpica em Tóquio-2021, Tobi Amusan, nigeriana recordista mundial nos 100 metros com barreiras, e Ditaji Kambundji, suíça campeã europeia e mundial indoor dos 60 metros com barreiras. “São atletas mais velhas, mas seria uma experiência incrível poder disputar com elas.”
Jogos da Juventude
A edição 2025 dos Jogos da Juventude reúne mais de 4 mil atletas com idade até 17 anos em Brasília. As disputas por medalhas acontecem até o próximo sábado (26) em 20 modalidades.
Representado por atletas que competiram nos Jogos Escolares do Estado de São Paulo (Jeesp), o Time SP lidera o quadro de medalhas, com 85 pódios, 15 a mais que o vice-líder Paraná, e caminha para conquistar o terceiro título. Mais informações sobre a competição neste link.