
Não podia ter corrido de melhor forma o pontapé de saída de José Mourinho, o conceituado técnico contratado há dois dias para substituir Bruno Lage no comando do emblema encarnado. Na primeira parte ainda se notaram alguns resquícios de um passado recente, no que pareceu um prolongamento dos últimos resultados caseiros e a nível europeu. O Benfica marcou o primeiro dos três golos com que brindou o adversário no último minuto do período de descontos da primeira parte, para depois se superiorizar de forma natural. O AVS Futebol, de momento o último classificado do campeonato, com cinco derrotas e um empate, que também substituiu o seu treinador há pouco tempo, acabou por ser uma presa fácil para o emblema da águia.
Mourinho não mexeu muito no onze habitual, apenas fazendo alinhar de início o jovem atacante croata Ivanovic, que fez dupla com o grego Vangelis Pavlidis, deixando o norueguês Schelderup no banco, apenas utilizado a meio da segunda parte. De resto, tudo na mesma, ou seja, o novo técnico dos encarnados optou por confiar numa equipa que andava à deriva. Aliás, aquando da sua apresentação, Mourinho fez questão de realçar isso mesmo, pois nem o melhor técnico do mundo – há quem admita que não perdeu esse estatuto – era capaz em dois dias de mudar radicalmente a estrutura. Por outro lado, ele próprio tinha um bom conhecimento dos jogadores, tanto mais que este ano, enquanto treinador dos turcos do Fernerbahçe, já tinha defrontado o Benfica em três ocasiões, uma para a Eusébio Cup e outras duas para a Liga dos Campeões. Estudioso por natureza, Mourinho estava bem identificado com o “adversário”, entenda-se a sua própria equipa, por assim dizer. O técnico fez a aposta que entendeu ser a mais correta e ganhou de caras. A partir de agora nada será como dantes e os adversários, aqueles que lutam pelos mesmos objetivos, sabem bem disso.

Marcar, controlar e gerir o esforço
Regressado para a etapa complementar mais confortável com o tento apontado pelo médio ucraniano Sudakov, os encarnados estiveram uns bons furos acima do que tinham feito até então. O segundo golo surgiu através de uma grande penalidade convertida por Vangelis Pavlidis, aos 56 minutos, por carga cometida sobre o argentino Nicolas Otamendi. O terceiro chegou pouco depois, aos 64 minutos, com o croata Ivanovic a ter um excelente movimento dentro da grande área e a fuzilar autenticamente a baliza adversária. Os benfiquistas, bem mais soltos, revelaram-se sempre superiores e o AVS pouco incomodou a baliza do ucraniano Anatoliy Trubin.

Até ao final do encontro, os benfiquistas trataram de controlar o jogo, como se impunha, pois importava não sofrer qualquer golo. As várias substituições operadas contribuíram para refrescar a equipa e assim gerir o esforço dos jogadores, pois vêm aí jogos bem mais complicados. Na próxima terça-feira o conjunto da Luz joga no seu reduto o Rio Ave para a Liga Portugal, depois recebe o Gil Vicente, seguindo-se uma deslocação a Londres, onde defronta o Chelsea para a Liga dos Campeões. E no dia 5 de outubro chega o tão aguardado FC Porto-Benfica, um dos maiores clássicos do futebol português.
José Mourinho (treinador do Benfica): “Era importante ganhar. Conseguimos meter algumas das coisas que pensámos e trabalhámos minimamente ontem, mas obviamente que a segunda parte foi muito mais conseguida. No banco dizia que o cérebro humano é uma coisa complexa: uma coisa é jogar a primeira parte com a pressão de ter que ganhar, o resultado empatado e o adversário a parar o jogo de forma inteligente. Fizemos o golo e na segunda parte a história foi outra. Era importante que fizéssemos um golo que os libertasse um bocadinho. Felizmente fizemos ainda na primeira parte. No intervalo a mensagem foi que agora temos de acabar com o jogo e eles abraçaram a ideia”.
