Foi já na madrugada de hoje em Portugal que o treinador Rui Lage, contratado há um ano para substituir o alemão Roger Schmidt, naquela que foi a sua segunda passagem pelo emblema da Luz, recebeu nova ordem de despedimento, o que já havia acontecido em 2020 sob a liderança de Luís Filipe Vieira. O ambiente ficou muito quente depois do desaire com o Qarabag, do Azerbaijão, em pleno Estádio da Luz, na primeira jornada da jornada inaugural da fase regular da Liga dos Campeões. A somar à decisão do presidente Rui Costa, que a 28 de outubro volta a concorrer às eleições no clube da Luz, junta-se o recente empate para a Liga Portugal, também no seu reduto, com os açorianos do Santa Clara, assim como outras prestações decepcionantes. José Mourinho, há dias despedido dos turcos do Fenerbahçe, deverá ser o próximo técnico do Benfica, podendo até já orientar a equipa no próximo sábado em jogo do campeonato português.
A partida com a formação azeri até não estava a correr nada mal. Aos 16 minutos o Benfica já vencia o Qarabag por 2-0, com golos do centrocampista argentino Enzo Barrenechea e do grego Vangelis Pavlidis. Quando o repleto e vibrante Estádio da Luz aguardava por mais uma noite de sonho, aliás como era expectável face à inferior qualidade do adversário, eis que os homens do Azerbaijão deram a volta ao resultado no primeiro confronto da fase regular da Liga dos Campeões. Ainda na primeira parte o Qarabag reduziu a diferença com um golo marcado pelo extremo cabo-verdiano Leandro Andrade, para depois no segundo período apontar mais dois tentos, com a imensa plateia em desespero. O empate a duas bolas chegou aos 48 minutos pelo atacante colombiano Camilo Durán, e coube ao dianteiro ucraniano Oleksii Kashchuk sentenciar a partida, aos 86 minutos, perante o espanto geral. Ou nem tanto assim, pelo menos na prática, pois o Qarabag revelou-se superior ao Benfica em quase todos os capítulos do jogo diante de uma formação milionária. Recorde-se que o Benfica fez um astronómico esforço financeiro – superior a 100 milhões de euros – para reforçar a sua equipa, por forma a conquistar a Liga Portugal e a fazer uma boa prova na Europa, apontando a ida à final como um dos possíveis objetivos.
Rui Costa tem o lugar em perigo ao leme dos encarnados
Apesar deste inesperado desaire na ronda inaugural da Liga dos Campeões, o caso poderia até nem constituir um percalço de muito peso, pois ainda há muitos jogos pela frente e contratempos acontecem a todos. Assim como na Liga Portugal, pois o Benfica tem uma diferença de cinco pontos para o comandante FC Porto, mas com menos um jogo, depois de adiado o confronto com o Rio Ave por via da disputa das pré-eliminatórias nas competições europeias. Com cinco partidas disputadas e 29 para realizar, tudo o que se diga não passa de análises subjetivas, pois os três “grandes” de Portugal – FC Porto, Benfica e Sporting -, reforçaram-se bastante e não é em tão pouco tempo que os novos elementos poderão render o que deles se espera.
É um facto que após a partida com o Qarabag o técnico Bruno Lage disse em conferência de imprensa que nunca seria “problema” para o Benfica, mas não colocou o seu lugar à disposição e prometeu mesmo regressar aos treinos com a determinação de sempre. Só que não vai ter tempo para mais nada, pois, já de madrugada, o presidente Rui Costa entendeu colocar um ponto final na relação com laboral com treinador nascido em Setúbal, precisamente natural da mesma cidade do seu mais do que provável sucessor José Mourinho, a primeira das escolhas para tentar colocar todos aqueles “milhões de euros” a render mais e melhor.
Por outro lado, mesmo que Rui Costa não o queira admitir, no próximo dia 28 de outubro realizam-se eleições para a presidência do emblema da Luz, e o antigo futebolista internacional candidatou-se a novo mandato, o que poderá ter interferido na decisão de afastar Bruno Lage. A contestação dos associados é muita e, para lá da intolerância com o técnico, e até a cabeça de Rui Costa já foi pedida. E há outra agravante de muito peso, pois as primeiras sondagens colocam o candidato João Noronha Lopes na liderança a alguma distância do atual líder. É evidente que esta é uma situação de relevo na vida do clube, pelo que o treinador José Mourinho, atualmente livre de compromissos – curiosamente despedido do Fenerbahçe após ter sido eliminado da Liga dos Campeões pelo Benfica – pode muito bem ser o senhor que se segue. E deverá mesmo orientar os encarnados no encontro para a Liga Portugal a disputar no próximo sábado no terreno do AVS Futebol.
As cenas do próximo capítulo seguem dentro de momentos, mas tudo aponta para o conceituado treinador, possuidor de um currículo invejável, e que, entre outros registos de vulto, venceu a Liga dos Campeões ao serviço do FC Porto e do Inter de Milão, terá até já um acordo com Rui Costa, faltando acertar alguns detalhes. Recorde-se que Mourinho treinou o Benfica em 2000, tendo sido o escolhido para substituir o alemão Jupp Heynckes. Após perder a primeira partida diante do Boavista houve eleições no clube da Luz com o triunfo de Manuel Vilarinho, depois de toda a polémica que envolveu João Vale e Azevedo. Mourinho acabaria por sair do Benfica apenas com onze jornadas realizadas, seguindo-se uma bem conseguida experiência na União de Leiria, para depois assinar pelo FC Porto, de onde saiu para o Chelsea, de Inglaterra, contratado pelo bilionário russo Roman Abramovich.
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.
