
Foram necessários nove anos de espera para que a Seleção Nacional de Hóquei em Patins de Portugal voltasse a assegurar a hegemonia que durante anos a fio conseguiu, juntamente com a Espanha, naquela que ainda é, a par do ciclismo, uma das modalidades mais acarinhada pelos portugueses, depois do futebol. A equipa das Quinas, a jogar no seu terreno em jogo disputado no Pavilhão Rota dos Móveis, em Paredes, completamente repleto, não perdeu a oportunidade para averbar o máximo troféu da Europa a nível de seleções, diante de um adversário forte, mas incapaz de suster a avalanche ofensiva dos brilhantes hoquistas lusos.
Nem tudo começou bem para Portugal neste “Europeu”, competição que se disputa de dois em dois anos. Na fase de grupos, os comandados de Paulo Freitas, que em 2023 assumiu o compromisso de comandar o grupo luso, a seleção portuguesa perdeu com a Itália (3-2), com a França (3-1) e com a Espanha (3-1), mas na fase a eliminar superou-se e afastou Andorra (11-2) e a Espanha (5-4), num emocionante encontro que levou de vencida apenas no desempate por grandes penalidades, depois da igualdade a duas bolas no final do tempo regulamentar. Tratou-se de um tremendo jogo de superação para os portugueses, pois a Espanha, até então detentora do título europeu, esteve em vantagem no marcador, acabando por proporcionar um espetáculo repleto de emoção, naquele que terá sido o maior duelo da competição.
Desta feita, diante da França, a seleção de Portugal conseguiu um resultado robusto para chegar ao tão desejado título, mas o mesmo não significa que o adversário concedeu facilidades. Aliás, os gauleses iniciaram a partida em bom estilo e foram os primeiros a criar perigo através de Roberto Di Benedetto, valendo a atenção na baliza do guarda-redes Xano Edo, que acabou por brilhar em alguns momentos decisivos do encontro.
Rafa Bessa gigante na despedida
Portugal apostou numa toada atacante organizada, mas a França complicou, e muito na fase inicial da partida, valendo a categoria de Xano Edo a brilhar entre os postes. Uma jogada de insistência de Rafa Bessa, que encheu o campo no adeus à Seleção de Portugal, ao deixar para trás dois adversários a partir do meio-rinque, atirou a abrir o marcador à passagem do 15º minuto. Os franceses bem tentaram o empate, mas a coesão defensiva dos portugueses não permitiu que levassem de vencida os seus propósitos. A seis minutos para o intervalo foi assinalada a 10ª falta francesa, para Alvarinho dilatar a vantagem para Portugal, resultado com que as equipas foram para o balneário.
No regresso para a segunda metade da partida, Portugal cedo colocou-se a vencer por três bolas de diferença graças a nova grande penalidade cometida sobre Rafa Bessa, desta feita convertida por Gonçalves Alves. Com o público que encheu por completo o recinto de Paredes a apoiar a equipa, o facto é que a França nunca se deu por vencida e viria a conseguir marcar, aos 48 minutos, também de penálti, por Bruno di Benedetto, mas apenas um minuto depois Rafa Bessa colocou um ponto final na decisão do título ao apontar o seu segundo tento. Uma despedida em glória de um enorme jogador, que durante o estágio para este torneio anunciou a intenção de representar a seleção pela última vez.
Paulo Freitas (selecionador nacional): “Não foi um jogo com a qualidade que houve diante da Espanha, muito por culpa também daquilo que a França nos apresentou, e acima de tudo, acho que esta foi uma equipa com muito coração, com muita alma, mas com muita razão também. Somos campeões europeus. Estou muito orgulhoso de liderar esta rapaziada e muito orgulhoso de representar o meu país”.
