Akturkoglu marca o único golo ao Fenerbahçe que coloca o Benfica na fase da Liga dos Campeões

O jogador turco andou nas bocas do mundo ao ser apontado à porta de saída da Luz, precisamente de regresso ao seu país como era seu desejo, e acabou por ser o grande herói da eliminatória

Leandro Barreiro foi a principal figura dos encarnados no partida com os turcos. (Foto: SL Benfica)

O futebol tem destas coisas. O atacante Akturkoglu foi praticamente dado como certo no Fenerbahçe do português José Mourinho, numa novela de verão que deu bastante que falar. No encontro da Turquia, que terminou empatado a zero golos, o jogador não foi opção do técnico Bruno Lage para o onze inicial, entrando apenas já na fase final da partida. Desta feita, um tanto inesperadamente, fez parte da formação que subiu ao repleto Estádio da Luz – marcaram presença 64323 espectadores – e o seu golo permitiu aos encarnados a passagem à fase da Liga dos Campeões, para lá do encaixe de uns largos milhões de euros. De resto, o resultado até acaba por ser lisonjeiro para o conjunto de José Mourinho, pois o Benfica foi muito superior, constatação que o próprio fez questão de realçar, de certa forma até indiferente à saída da Champions, considerando que o lugar mais adequado ao Fenerbahçe é na Liga Europa, onde poderá encontrar o novo FC Porto de Francesco Farioli.

Nada a opor ao triunfo do Benfica, que só peca por escasso, tantas foram as oportunidades flagrantes de golo de que dispôs para sair confortavelmente da Luz com um resultado expressivo. O mesmo não se pode dizer do encontro da primeira mão disputado há uma semana na Turquia, que resultou num empate sem golos, pois as equipas foram muito iguais e o Fenerbahçe até dispôs de algumas ocasiões que o poderiam ter colocado em vantagem na eliminatória. Então, o Benfica foi bastante cauteloso e jogou para não sofrer golos, sabendo de antemão que no inferno da Luz podia resolver a questão a seu favor. Desde muito cedo a avalanche ofensiva dos benfiquistas serviu de tónica para um triunfo que não sofreu qualquer contestação.

Leandro Barreiro foi a novidade e figura central do jogo
Com Akturkoglu e o grego Pavlidis mais adiantados, os encarnados tiveram no luxemburguês Leandro Barreiro um elemento fundamental na forma como manobrou os acontecimentos na zona intermediária. Com Florentino castigado por ter sido expulso precisamente na partida da Turquia, Bruno Lage encontrou uma alternativa a preceito, pois Barreiro foi fundamental na distribuição de jogo no último terço do terreno, baralhando por completo a débil defesa contrária.

O turco Akturkoglu marcou o único golo que valeu muitos milhões ao clube da Luz. (Foto: SL Benfica)

O Fenerbahçe foi sujeito a uma pressão constante durante todo o encontro, especialmente na primeira parte, na qual o Benfica dispôs de oportunidades de golo suficientes para rapidamente resolver a questão a seu favor. Aliás, chegou a introduzir a bola na baliza adversária em duas ocasiões, mas o árbitro invalidou os lances. O primeiro, aos 11 minutos, com Pavlidis a desviar para o fundo das redes na sequência de um canto, por fora de jogo do grego, no que pareceu uma decisão correta. Já ao minuto 23 ficaram muitas dúvidas, depois de Leandro Barreiro cabecear para o fundo das redes, com o juiz esloveno Slavko Vincic a validar uma pretensa carga do médio luxemburguês. Ambos os lances foram analisados pelo vídeo-árbitro, mas este último, mesmo assim, deixou muitas dúvidas e naturais gritos de revolta.

E eis que chega o golo de Akturkoglu, aos 35 minutos, deferindo um pontapé certeiro, depois de uma jogada rápida conduzida pela direita por Fredrik Aursnes. O norueguês cruzou para a área, a defensiva grega aliviou a bola para a frente e Leandro Barreiro surgiu a tocar para o atacante turco, que já dentro da área arrancou um vistoso remate em força, sem qualquer hipótese de defesa.

Akturkoglu, o herói da partida, não festejou efusivamente o golo em sinal de respeito para com os seus compatriotas. Ele que até tinha sido dado como praticamente certo no Fenerbaçhe ainda antes do primeiro encontro desta pré-eliminatória, transferência apenas não concretizada por uma discrepância das verbas envolvidas no negócio. Com este golo, o turco poderá ter visto abortada a transferência, aliás como era desejo do próprio jogador, onde iria ter um vencimento quatro vezes superior ao que aufere no Benfica. José Mourinho nunca negou o interesse no virtuoso futebolista, mas fê-lo sempre com algumas reservas dado o respeito que, desde a primeira hora, revelou pelo seu adversário e pelo técnico Bruno Lage, curiosamente ambos naturais da cidade de Setúbal e grandes amigos.

Reação turca traída pela expulsão do brasileiro Talisca
A segunda metade do encontro foi mais repartida entre as duas equipas, com a pronta reação do Fenerbahçe para tentar anular a desvantagem. É verdade que andou lá perto, enviou até de uma bola na barra, mas um autêntico disparate do brasileiro Anderson Talisca, ao ver o segundo cartão amarelo aos 82 minutos, por carga à margem das leis sobre o argentino Enzo Barrenechea, deitou por terra toda e qualquer hipótese de recuperação. Confortável, o Benfica controlou serenamente o jogo até final e garantiu o seu grande objetivo. Mais logo, no sorteio a realizar no Mónaco, os encarnados irão saber os adversários que terão pela frente na próxima fase da Liga dos Campeões.

Bruno Lage (treinador do Benfica): “Tínhamos o objetivo de vencer o jogo e de ter um controlo emocional muito grande, de não sermos levados pela euforia grande dos adeptos e sim pela estratégia, a mandar o jogo. Fizemos 90 minutos muito bons, vencemos e conseguimos o acesso à Liga dos Campeões. Não há mensagem nenhuma para o Akturkoglu. A mensagem é a mesma desde a primeira hora. Trata-se de um excelente jogador, um grande profissional e um homem exemplar.”

José Mourinho (treinador do Fenerbahçe): “Na primeira parte o Benfica não foi melhor, foi muito melhor. Já na segunda fomos melhores, mas não muito. Criámos duas oportunidades importantes nesta fase final, e o cartão vermelho interrompeu a nossa superioridade. Olhando para o jogo na globalidade, a equipa mais forte ganhou. Não gosto muito de tentar encontrar desculpas para coisas que não têm desculpa. A equipa mais forte, com os melhores jogadores e mais experiente, ganhou e mereceu.”

Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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