A superioridade do FC Porto voltou a ser a tónica diante de um adversário que foi ao Estádio do Dragão apenas com a ideia de não sofrer golos, colocando, praticamente, dez elementos atrás da linha da bola. O poderio atacante dos azuis e brancos – mesmo sem o lesionado atacante espanhol Samu Aghehowa, bem como o médio brasileiro Pepê, a contas com um traumatismo no olho com lesão ocular -, foi avassalador. O técnico italiano Francesco Farioli fez alinhar o experiente avançado Luuk de Jong e o extremo brasileiro William Gomes, com destaque para a enorme exibição do ex-futebolista do São Paulo, autor de um golo monumental que levantou o repleto estádio onde marcaram presença 49045 espectadores.
Mais uma vez, Farioli optou por deixar no banco o talentoso Rodrigo Mora – entrou aos 58 minutos para o lugar de Viktor Froholdt, que já tinha um cartão amarelo e corria o risco de ver um segundo, o que o impediria de atuar na próxima partida com o Sporting -, um indiscutível com o antigo técnico argentino Martín Anselmi, agora relegado para segundo plano por Farioli. De Mora tem-se falado muito, principalmente da sua eventual saída do FC Porto para ingressar no Al Ithiad da Arábia Saudita. O negócio é sério, mas o presidente André Villas-Boas só admite a saída do jogador por 70 milhões de euros, o valor da cláusula de rescisão do jovem prodígio de apenas 18 anos. Até ao fecho do mercado de verão, que em Portugal tem como data limite o próximo dia 2 de setembro, tudo é possível, podendo o caso até estender-se até ao dia 10 do próximo mês, pois essa é a data em que terminam as inscrições na Arábia Saudita. Claro que há quem defenda que o jogador merecia um outro tratamento por parte de Farioli, mas a ideia de jogo do técnico italiano, sustentado numa defesa forte e num meio-campo sólido e pressionante, retira espaço a Mora. Não será carta fora do baralho, mas muito dificilmente conseguirá assegurar a titularidade que já lhe pertenceu. Mora saiu emocionado do relvado e acenou para os adeptos, no que poderá ser interpretado como uma despedida.
Do Brasil com magia “chegou” um golo monumental
O FC Porto começou a construir a goleada sobre o Casa Pia com um tento da autoria do extremo espanhol Borja Sainz, quando se cumpria o 20º minuto da partida. O dinamarquês Froholdt entrou em boa velocidade pela direita da área adversária e fez o passe para Sainz, que, no meio de dois defesas, tocou de primeira para o fundo das redes. Estava feito o mais difícil, pois o Casa Pia, até então, tentou defender por todos os meios o seu último reduto, pouco preocupado em sair para o ataque. Aliás, muito dificilmente conseguia fazer melhor, pois a pressão portista era de tal ordem, pelo que, como é habitual dizer na gíria da bola, podia alugar-se meio-campo.
E eis que volvidos cinco minutos surge a obra de arte de William Gomes, com um remate fulgurante com o pé esquerdo, depois de uma incursão da direita para o centro do terreno em velocidade e a levar à sua frente todos os adversários que lhe foram surgindo pelo caminho. O jovem extremo brasileiro deixou, mais uma vez, bem vincada a sua categoria, não só pelo extraordinário golo que marcou, mas pela vivacidade e energia com que se exibiu, principalmente na condução da bola pelo lado direito do ataque. Gomes tem vindo a ser utilizado com regularidade e pode mesmo ser opção para a partida de sábado com o Sporting caso Pepê não recupere da lesão ocular.
Ainda na primeira parte o FC Porto chegou ao 3-0 pelo central argentino Nehuén Perez, após a marcação de um canto que resultou numa sequência de tabelas. O último remate pertenceu ao português Alberto Costa, mas a bola ainda desviou em Perez antes de entrar, pelo que o golo acabou por lhe ser atribuído. Depois das várias substituições operadas por Farioli no intuito de gerir o esforço das principais unidades, os dragões perderam alguma consistência, consentindo que o Casa Pia “fizesse umas coisas”, mas o quarto golo lá chegou, o segundo de Borja Sainz, ao aproveitar um passe errado de um adversário, o que lhe permitiu isolar-se e, perante a saída de Patrick Sequeira, acabou por atirar por entre as pernas do guardião costa-riquenho.
Diogo Costa homenageado por Villas-Boas
O guardião Diogo Costa, capitão do FC Porto e titular da Seleção Nacional, foi homenageado antes do encontro pelo presidente André Villas-Boas pelos 200 jogos efetuados de dragão ao peito. O jogador, de 25 anos, tem clubes interessados nos seus serviços, mas o FC Porto está a fazer tudo para o segurar neste mercado de verão, assim como ao brasileiro Pepê. O Manchester City chegou a ser hipótese para o excelente guarda-redes, mas a opção recaiu no inglês James Trafford, de 22 anos, gorando-se a eventual transferência de Costa para a formação de Guardiola. O Galatasaray também revelou interesse na sua contratação, mas os dragões recusaram energicamente a oferta do emblema turco, pelo que tudo aponta para que o FC Porto continue a ser a sua casa, pelo menos até final da presente temporada.
Francesco Farioli (treinador do FC Porto): “William Gomes é um jogador que em todos os jogos particulares e em todos os jogos da temporada teve sempre um grande impacto, na maioria das vezes ao entrar durante as partidas, mas hoje pôde começar. Acho que não sou o único que adora a sua intensidade, o seu espírito, quando vai pressionar ele leva o Dragão para outro nível.”
Restam quatro equipas invencíveis
No final da 3ª jornada da Liga Portugal apenas Sporting, FC Porto, Moreirense e Benfica – com menos um jogo – somam por vitórias as partidas já disputadas. O SC Braga, o eterno “outsider” candidato ao título – por norma começa muito bem o campeonato, mas depois atrasa-se – perdeu dois pontos no seu próprio reduto, consentindo um inesperado empate na sua casa a duas bolas com o AVS Futebol, que havia sido derrotado nas duas primeiras jornadas da Liga Portugal.
Já o Sporting livrou-se facilmente do Nacional na ida à Ilha da Madeira (4-1), com três dos seus golos a serem apontados por Pedro Gonçalves. Aquela ideia de que o goleador sueco Viktor Gyokeres, transferido para o Arsenal, era o salvador da pátria começa a esfumar-se, pois os leões vão fazendo calmamente o seu trajeto e, mesmo alterando o bom com o menos bom, são os bicampeões nacionais e têm objetivos bem definidos. Por isso a partida do próximo sábado em Alvalade com o FC Porto será, certamente, um teste bem interessante na medição de forças entre duas formações de grande pendor ofensivo.
O Benfica tem esta quarta-feira o seu jogo mais importante até à data, pois defronta o Fenerbaçhe do português José Mourinho, encontro da segunda mão do play-off de acesso à Liga dos Campeões. Na Turquia empatou a zero bolas, pelo que, teoricamente, é o grande favorito a seguir em frente na prova milionária, tanto mais que o jogo irá disputar-se no Estádio da Luz diante dos seus entusiastas adeptos. Mas Mourinho está no lado oposto e o técnico português é, reconhecidamente, um mestre da tática.
Em termos de consumo interno, o Benfica somou mais três pontos ao bater no seu reduto o modesto Tondela por três bolas a zero, com uma exibição quanto baste. O técnico Bruno Lage optou por deixar no banco alguns dos habituais titulares, já a pensar no Fenerbahçe, tendo no final afirmado, algo ironicamente e a esconder o jogo, que o guardião ucraniano Trubin e o central português António Silva – ambos desta feita no banco – vão ser titulares diante dos turcos. Por certo que os restantes serão os do costume, pois não há muito que saber nem tão-pouco que inventar.
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.
