“Malazarte” marca os 10 anos de atividades ininterruptas da Casa Realejo de Teatro

A peça traz ao centro duas histórias conhecidas de Malazarte: a Panelinha Mágica e Sopa de Pedras

Espetáculo Malazarte
A peça traz ao centro duas histórias conhecidas de Malazarte: a Panelinha Mágica e Sopa de Pedras. (Foto: Divulgação)

A comédia é inspirada na figura de Pedro Malazarte, pícaro que vive na oralidade brasileira representando a astúcia, a profunda capacidade de maleabilidade e as artimanhas que o povo pobre enfrenta para driblar os poderes constituídos. É uma personagem rural, engraçada, que incorpora as mais diversas aventuras para representar a ideia de que o povo sabe encontrar frestas para comer, ganhar e se vingar também. A sabedoria do povo, eis o coração desse mito que ganha diversos nomes variados mundo afora.

A peça da Casa Realejo nasce após o grupo mergulhar por sete anos no universo malazarteano – seja contando suas histórias, lendo-as para pessoas com deficiências visuais ou adentrando nos escritos do livro CALIDOSCÓPIO – A SAGA DE PEDRO MALAZARTE , da escritora negra e caipira, Ruth Guimarães. É fruto do desejo de dialogar com o público de forma acessível e poética, ainda que o trabalho esteja munido de muita artesania.

A peça traz ao centro duas histórias conhecidas de Malazarte: a Panelinha Mágica e Sopa de Pedras. Para contá-las o grupo constrói todo um universo cheio de elementos da cultura caipira com sua dança do catira, referências à troperagem e toda uma simbologia que referencia esse Malazarte no tempo da memória, em um lugar distante que todos podemos habitar com o passaporte da imaginação. Com todos esses ingredientes, os artistas também foram buscar nas máscaras da Comédia Del’arte – fenômeno teatral que nasceu na Itália – uma grande inspiração para modelar melhor as personagens e situações vividas na peça.

Com direção de Flávia Bertinelli e dramaturgia de Luís Alberto de Abreu e Eduardo Bartolomeu, a peça teatral Malazarte foi criada para alcançar públicos de diferentes idades, que logo reconhecem esta figura cômica. Com esse apelo popular, a musicalidade que é executada ao vivo por Danilo Pique e Mário Deganelli, constrói toda uma paisagem sonora que concretiza os objetos invisíveis construídos pelos atores. A dança do catira, muito presente na cultura paulista, também é recriada na peça, que evoca sapateados, canções ponteadas por violas e aboios. O contato com o grupo de catireiros da cidade de Várzea Paulista foi importante para esse conhecimento de elementos que agora vivem recriados na peça.

No segundo semestre de 2025, a peça circulará por 14 municípios do Vale do Paraíba e da Bacia do Juquery, com início no Instituto Ruth Guimarães, na cidade de Cachoeira Paulista, onde o grupo fará uma homenagem à escritora que tanto contribuiu para a nossa cultura brasileira. Além de duas apresentações para o público de escolas públicas e público geral, haverá também oficinas de Comédia, de Dramaturgia e de Atuação, pelas quais será possível conhecer alguns princípios de criação teatral utilizados no trabalho.

Com essa circulação a Casa Realejo difunde histórias de Pedro Malazarte em cidades que cada vez mais se distanciam de suas raízes nascentes, histórias essas que constituem a própria formação do povo brasileiro em sua ampla diversidade. O caipira, dentro dessa formação, é uma das culturas ainda pouco respeitadas, o que revela nosso profundo desconhecimento enquanto nação das nossas próprias raízes.

A circulação do espetáculo contará com uma colheita de relatos onde as pessoas de diversos municípios poderão contar se conhecem e como conhecem o Malazarte. Através de registro audiovisual, essa colheita observa como o mito de Malazarte ainda está vivo no ano de 2025, fazendo assim uma espécie de comparação com o lavoro memorável da dona Ruth Guimarães, que tanto ouviu o povo simples e com seus relatos constituiu sua obra literária.

O projeto conta com subvenção de recurso do Proac-Lab – Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo / Lei Aldir Blanc , do Governo do Estado de São Paulo, Ministério da Cultura.

SINOPSE
Estamos em uma cidade inventada. Uma cidade que antes era mata aonde um bando de tropeiros atravessava. Ainda atravessa? Entre risos, muxoxos e brincadeiras, ao pé da fogueira, os tropeiros contam e vivem histórias de Pedro Malazarte, cheias de embruiagens, entre canções e sapateados do catira. Nessa cidade de outro tempo nos perguntamos: aonde está Malazarte, “o semvergonho”, no nosso mundo atual?

DURAÇÃO 50’
LIVRE
BATE-PAPO DE 30’ APÓS O ESPETÁCULO

FICHA TÉCNICA
DRAMATURGIA: LUÍS ALBERTO DE ABREU E EDUARDO BARTOLOMEU
DIREÇÃO: FLÁVIA BERTINELLI
ELENCO: EDUARDO BARTOLOMEU E FLÁVIA BERTINELLI
MUSICISTAS: DANILO PIQUE E MÁRIO DEGANELLI
DIRETORA DE ARTE: KARLA PÊ
PRODUÇÃO: CASA REALEJO DE TEATRO
PREPARAÇÃO DE CORPO: ÉSIO MAGALHÃES
PREPARAÇÃO DE CANTO: RODRIGO MERCADANTE
MÍDIAS SOCIAIS: RAQUEL HELENA MARCONATO
MÁSCARAS E CORPO-MÁSCARA – FLÁVIA BERTINELLI
ILUMINAÇÃO : (quando espaços fechados) FAGNER LOURENÇO
VIDEO-MAKER: DIEGO GALERA
PRODUTORA LOCAL: PITANGA ARAÚJO

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