FC Porto apresentou-se aos adeptos com vitória (1-0) diante do Atlético de Madrid

O jovem dinamarquês Victor Froholdt encheu o campo de talento, mas a grande surpresa da noite, muito bem guardada, foi o anúncio da contratação do avançado neerlandês Luuk de Jong, que subiu ao relvado já vestido de azul e branco

Plantel e staff do FC Porto perfilados no centro do terreno na apresentação aos associados e adeptos dos dragões. (Foto: FC Porto)

Um fim de tarde para mais tarde recordar. Não pelo resultado, apesar de surgir a uma escassa semana do primeiro jogo oficial dos dragões para a Liga Portugal com o Vitória de Guimarães. Por isso, foi importante e moralizador. Mas o Dragão encheu-se de memórias com as presenças, entre outros, dos brasileiros Diego e Felipe, do colombiano Radamel Falcão, do uruguaio Cristian Rodriguez e do português Paulo Futre. A grande novidade, escondida a sete chaves, foi mesmo a apresentação do avançado neerlandês Luuk de Jong, de 34 anos, contratado ao PSV Eindhoven a custo zero. No meio de tanto entusiasmo e alegria, a tristeza e a saudade também estiveram presentes no Estádio do Dragão com a emocionante homenagem aos irmãos Diogo Jota e André Silva, desaparecidos há precisamente um mês num trágico acidente de viação em Zamora, Espanha.

Num simples parágrafo retrata-se tudo, ou quase tudo da noite do Dragão, que registou a primeira grande enchente da época, mais precisamente 49227 espectadores, números oficiais. As grandes figuras de um passado recente, jogadores de alto nível e que defenderam as cores dos dragões e dos “colchoneros” fizeram a delícia dos apaniguados azuis e brancos. Nos ecrãs gigantes, ao mesmo tempo que os craques debitaram algumas palavras de ocasião, passavam imagens de momentos inesquecíveis, de jogadas e de golos que marcaram a história gloriosa de um clube que tenta reencontrar-se. Os dois últimos anos foram muito maus – especialmente o de 2024 com o argentino Martín Anselmi – e por isso a aposta no italiano Francesco Farioli é encarada quase como a ressurreição de um conjunto que se encontrava moribundo. A mudança está à vista, mas, convenhamos, o plantel foi substancialmente reforçado – e pode não ficar por aqui –, pois o presidente André Villas-Boas já “deu” ao técnico Farioli qualquer coisa como 100 milhões de euros.

Froholdt brilha na noite do “invisível” Luuk de Jong
O dinamarquês Viktor Froholdt voltou a ser uma das figuras maiores da formação azul e branca, como já o tinha sido na recente partida com os neerlandeses do Twente. Desta vez bem mais a sério, ou do outro lado não estivesse um adversário chamado Atlético de Madrid, um dos grandes emblemas de Espanha e do futebol europeu. O jovem prodígio nórdico, de apenas 19 anos, é um autêntico dragão à solta e aparece em todos os espaços do terreno, ou seja, enche o campo. Pauta o jogo quando é hora de colocar ordem na casa, dá, baralha… e marca. O único golo da partida, ao findar da primeira parte, foi uma obra magistral iniciada pelo dinamarquês, que tabelou com o brasileiro Pepê, para receber a bola e rematar forte e cruzado sem qualquer hipótese de defesa para o consagrado guardião esloveno Jan Oblak.

Froholdt resolveu a questão a favor dos portistas diante de uma plateia delirante, da qual fez parte Luuk de Jong. Assim, o FC Porto reservou a maior das surpresas para a apresentação do plantel ao anunciar a contratação por um ano, com mais um de opção, do veterano avançado neerlandês, de 34 anos, internacional pela seleção dos Países Baixos e que chega aos dragões a custo zero, proveniente do PSV Eindhoven. Um segredo muito bem guardado e, para espanto geral, anunciado com pompa e circunstância com a camisola nº 26. O categorizado futebolista tem um trajeto de sucesso ao serviço, entre outros, dos ingleses do Newcastle, de Inglaterra, e dos espanhóis Sevilha e do Barcelona, onde apontou dezenas de golos.

O colombiano Radamel Falcão e o português Paulo Futre, que jogaram pelos dragões e pelos ‘colchoneros’, foram muito aplaudidos Foto FC Porto

Onde mora este Mora nas escolhas de Farioli?
O FC Porto foi quase sempre superior ao Atlético de Madrid e, pelo “onze” apresentado, não restam dúvidas de que a base está perfeitamente delineada já a pensar na partida inaugural com o Vitória de Guimarães para a Liga Portugal. O guardião Diogo Costa, que ainda poderá ser transferido para Inglaterra, será o legítimo dono da baliza, os portugueses Martins Fernandes e Alberto Costa são os laterais de serviço, enquanto a dupla de centrais formada pelo argentino Nehuén Pérez e pelo polaco Jan Bednarek parece intocável. Na zona intermediária o dinamarquês Viktor Froholdt tem lugar mais do que assegurado, assim como o espanhol Gabri Veiga e, ao que tudo indica, o argentino Alan Varela. O ataque está entregue aos espanhóis Samu Omorodion e Borja Sainz, que se completa com o renascido avançado brasileiro Pepê e que chegou mesmo a estar na porta de saída.

Quem, numa primeira fase, deve estar afastado da titularidade é o português Rodrigo Mora, o jovem talento português, de apenas 18 anos, que na última temporada carregou a equipa às costas. O técnico Francesco Farioli crê que Mora será “importante” na manobra do conjunto, mas reconheceu que o pequeno génio terá de se adaptar às “novas dinâmicas” da equipa. Por isso mesmo não foi utilizado como titular diante do Twente, assim como frente ao Atlético de Madrid, entrando em ambas as segundas partes. É verdade que esteve na origem de uma das jogadas mais espetaculares do desafio ao driblar quatro adversários e a concluir com um remate que passou a centímetros do poste, mas Farioli é defensor de um tipo de futebol mais retilíneo e prático, feito de muita pressão e posse de bola. Mora terá as suas oportunidades para brilhar, mas não se vislumbra que seja no imediato, mesmo sendo uma dos maiores ativos do clube.

Francesco Farioli (treinador do FC Porto): “Acho que foi um importante jogo contra um bom adversário. Foi bom para ter minutos, mais ritmo, jogar à frente dos nossos adeptos que foram fantásticos. Foi bom. Não houve lesões. Agora vai tudo começar e temos de estar preparados para isso. Fizemos coisas boas, mas ainda temos coisas a trabalhar. Dinâmicas, estar na forma correta. Luuk de Jong é um jogador muito bom e muito completo, maduro e que está no pique da carreira em termos de mentalidade. Acredito mesmo que nos vai ajudar a crescer enquanto equipa”.

Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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