
Há três anos a correr em Portugal, o atleta russo Artem Nych, de 30 anos, natural da cidade de Kemerovo, tem vindo a conquistar êxitos de vulto no nosso país. Para lá de ter vencido a Volta a Portugal em 2024, o atleta da estrutura sediada em Águeda, cidade da Zona Centro do país, tem somado alguns triunfos de vulto. Exímio trepador, Nych já triunfou por duas ocasiões no GP Beiras e Serra da Estrela, competição bastante exigente devido à alta montanha, onde se tem revelado um especialista.
O Grande Prémio Douro Internacional, que completou cinco edições, disputou-se debaixo de temperaturas anormalmente altas para esta altura da época, ainda que com o verão esteja aí à porta e cujo solstício ocorrerá na madrugada do próximo dia 21 de junho. As hostilidades tiveram início em Carrazeda de Ansiães com uma ligação até Armamar com perto de 140 quilómetros. Duas contagens de Montanha de 1ª categoria serviram para que o possante corredor russo, com 1,95 metros de altura, colocasse em prática os seus atributos, superiorizando-se à forte concorrência, debaixo de um calor tórrido e sufocante.
Mesmo com uma vantagem de tempo mínima – apenas 24 segundos – para o seu opositor mais direto, Artem Nych voltou a brilhar na segunda tirada, concluindo o percurso com início e final em Resende na terceira posição, o que lhe valeria inclusivamente o reforço da liderança na dura prova duriense ao conseguir uma diferença de mais de um minuto para o português João Medeiros (Credibom-LA Alumínios- Marcos Car). O tempo quente voltou a fazer-se sentir, até com mais intensidade, mas o atleta russo continuava a demonstrar a frieza de um campeão, naturalmente ajudado pelos seus colegas de equipa. E foi com naturalidade que chegou ao final do prémio de amarelo vestido, depois de na terceira e última viagem da competição, concluída na linda cidade de Lamego, ter cortado a meta na sétima posição, bastando-lhe para tal controlar a corrida.

( Igor Martins )
SOMA GROUP fez-se à vida, mas faltaram pernas
Numa corrida reservada às equipas profissionais e do escalão Sub-23, obviamente que as mais apetrechadas acabam por fazer valer os seus argumentos, pelo que a luta foi desigual. Os jovens atletas da formação SOMA GROUP, de Lordelo, Paredes, bem tentaram dar um ar da sua graça, mas as coisas não correram de feição. O calor intenso que se fez durante os três dias de prova atrapalhou bastante a ação dos corredores e a dureza do terreno, ao estilo “rompe pernas”, ditou a sua lei. A equipa resistiu até onde pôde, concluiu a competição, mas a prestação não foi a ideal nem a desejável.
Seja como for, este é um projeto de futuro e a temporada, que ainda vai a meio, tem mostrado que o talento existe. É um facto que o conjunto orientado pelo antigo ciclista profissional José Barros tem-se abastecido de jovens estrangeiros – na sua maioria proveniente da Colômbia -, mas não há volta a dar para se ser minimamente competitivo. Não é que Portugal não disponha de bons ciclistas, mas falta quantidade, pois a qualidade está lá. Só que os bons ou muito bons saltam rapidamente para os conjuntos profissionais, mesmo além-fronteiras, pelo que as dificuldades são comuns a um escalão importante, pois é da formação que falamos. A vontade é muita, sentimos o apoio incondicional das entidades, patrocinadores e parceiros que sustentam o nosso projeto, pelo que só podemos olhar em frente e tentar fazer mais e melhor.
As saborosas e imperdíveis cerejas de Resende
Nestas andanças pelo país os cenários vão-se alterando em função de cada região, aliás, como o PortalR3 tem tentando mostrar ao longo de alguns textos repletos de “sabores”. E desta feita não vamos fugir à regra, começando já pela fruta, mais concretamente pelas imperdíveis cerejas de Resende, nesta altura do ano muito apreciadas. Trata-se de um fruto pequeno e redondo extraído das cerejeiras, bem suculento e rico em antioxidantes e vitamina C. Ao longo de todas as etapas é usual ver-se os vendedores ambulantes a fazerem negócio com o apetecido fruto, que ronda os sete/oito euros por quilograma.

Resende é a cidade que melhor identifica o fruto, onde anualmente se realiza o Festival da Cereja e que atrai autênticas multidões. Para lá do comércio em si, o certame é complementado com a mostra de produtos regionais e de artesanato à mistura com muita animação de rua, cortejos e concertos. O concelho de Resende, distrito de Viseu, tem uma população de cerca de 10 mil habitantes, maioritariamente trabalhadores em setores como a agricultura, indústria e construção civil. O artesanato é uma atividade a que os mais antigos se dedicam com entusiasmo, nomeadamente na cestaria, uma tradição que anualmente tem o seu próprio espaço, o Ateliê de Artesanato – ART’Mãos, que preserva e promove o património local.
Da vinha ao presunto divinal de Lamego
O Douro é uma região rica em produção de vinhos de excelência, classificada pela UNESCO como Património da Humanidade. Entre a produção de castas de altíssima qualidade, o vinho do Porto é mundialmente famoso e o ex-libris do Douro Vinhateiro é produzido há mais de 2.000 anos. Bebida licorosa com uma graduação entre os 19% e os 22% de volume, resulta da adição de aguardente vínica durante o processo de produção, daí o seu elevado teor alcoólico. Exportado para todo o mundo, é particularmente apreciado pelos ingleses e pelos franceses, pelo que o Reino Unido e a França são os principais mercados do néctar que pode ser envelhecido durante décadas. Aliás, a célebre expressão “é como o vinho do Porto, quanto mais velho melhor”, define bem a qualidade da deliciosa bebida.

Quanto à gastronomia, o presunto de Lamego – cidade onde Grande Prémio Douro Internacional terminou -, é uma iguaria sempre à mesa, normalmente a entrada escolhida antes da refeição. As pequenas fatias de perna de porco, salgada e curada em fumeiro, acompanhadas por queijo de cabra da região e azeitonas, ou de melão, são de sabor único e muito apreciadas. A comercialização deste produto regional português, bem como dos enchidos, é feita por empresas especializadas da região para todo o país e para o estrangeiro, com a garantia de qualidade que lhe está associada, pelo que é comum a degustação em muitos dos bons restaurantes e casas típicas que privilegiam a boa mesa.
As opções para um bom repasto são variadas, mas convenhamos que um bom cozido à portuguesa vem sempre a calhar. O prato consiste numa combinação de carnes, feijão, couve e outros ingredientes, o que o torna extremamente nutritivo, ainda que mais indicado para o inverno. Pois é, mas mesmo com o intenso calor que se fez sentir na região duriense, lá optamos por um bom cozido de Lamego, acompanhado de um vinho tinto a condizer. Claro que não faltou o presunto e, para terminar, umas belas cerejas bem vermelhinhas, pois estamos na época delas, que decorre desde a segunda quinzena de maio até final do mês de julho. O coelho bravo e o cabrito assado são outras opções a ter em conta, assim como a doçaria, zona tradicionalmente conhecida pelas broinhas de amêndoa e pelos lamegos, bolos confecionados segundo uma antiga receita conventual à base de amêndoa crocante.
Por hoje é tudo, mas voltamos em breve. Esta é também a altura em que se dá início aos chamados Santos Populares e das marchas que animam as ruas um pouco por todo o lado. O refrão da canção reza assim:
Santo António já se acabou
O São Pedro está-se a acabar
São João, São João, São João
Dá cá um balão para eu brincar
Pois, então venha de lá o São João do Porto. Cá estaremos para contar como foi, sem esquecer que este também é o tempo de comer umas boas sardinhas, aliás como manda a tradição.

