
Nesta derradeira jornada da Liga Portugal não houve grandes surpresas, pelo menos no que ao título diz respeito. O Sporting tinha a festa “anunciada” desde o momento em que foi empatar a uma bola ao Estádio da Luz, bastando para tal vencer o seu jogo em Alvalade com o Vitória de Guimarães, o que acabou por acontecer (2-0), com golos do internacional português Pedro Gonçalves e do goleador sueco Viktor Gyokeres, de saída para o Arsenal de Londres. A fava saiu mesmo aos minhotos, que para lá de serem derrotados, foram ultrapassados pelo Santa Clara e ficam arredados das competições europeias na próxima temporada. Já o FC Porto despediu-se em grande no Estádio do Dragão ao vencer o Nacional da Madeira (3-0). O Boavista, como já era previsível, baixou à II Liga, um triste fado para o “histórico” clube da cidade do Porto, há muito mergulhado numa complicada e cruel crise financeira.
Numa análise à temporada agora terminada, comungada pela maioria de todos aqueles que seguem de perto o futebol, pode afirmar-se que o Sporting foi um justo vencedor. Tremeu, é um facto, mas soube erguer-se, principalmente depois da “traição” de Ruben Amorim, que resolveu trocar o clube de Alvalade pelo Manchester United quando estavam apenas decorridas onze jornadas do campeonato. Substituído pelo antigo internacional João Pereira, que mal aqueceu o banco dos leões, seguiu-se Rui Borges, um técnico sem grande currículo, mas que lá foi levando a água ao seu moinho. O sucesso, esse, deve-o em grande parte à veia goleadora do Viktor Gyokeres, pois o atacante sueco é um caso sério do futebol mundial e está, seguramente, de abalada para Inglaterra, onde irá representar o londrino Arsenal.
Di María anuncia saída nas redes sociais

Já o Benfica, segundo da tabela classificativa, oscilou entre o bom e o menos bom, isto é, não foi capaz de sobreviver à tremenda pressão a que a dada altura da época foi sujeito. Perdeu pontos onde não devia – por vezes até arrancou exibições convincentes – mas a sua grande figura, o argentino Di María, teve um rendimento algo abaixo do que era expectável. O campeão do mundo, atualmente com 37 anos, socorreu-se das redes sociais para, no final do encontro do Vitória de Guimarães, anunciar a saída da Luz. “Foi o meu último jogo com esta camisola e estou orgulhoso de a ter voltado a vestir”, escreveu. Resta agora ao astro do país das pampas tentar ajudar a sua equipa no próximo domingo a vencer a Taça de Portugal, precisamente contra o Sporting, naquela que é a segunda maior competição nacional a nível de clubes, outrora considerada a prova rainha do futebol português.
Se Di María perdeu o protagonismo que em tempos teve, o atacante grego Vangelis Pavlidis assumiu o papel principal de um conjunto que conta com elementos de grande nível, exemplos do veterano defesa argentino Nicolás Otamendi e do espanhol Álvaro Carreras. O jovem lateral, de 22 anos, tornou-se rapidamente o ídolo da torcida encarnada, mas o todo poderoso Real Madrid já acenou com muitos milhões. Por isso, o mais certo é mesmo o regresso ao país de origem na próxima abertura de mercado, tanto mais que o principal emblema de Espanha pretende o canhoto das águias no Mundial de Clubes, competição que se disputa nos Estados Unidos no próximo mês de junho.
O empate a uma bola frente ao SC Braga deixou os benfiquistas frustrados e o caso não é para menos, pois o clube da Luz, sob a presidência de Rui Costa, apenas venceu por uma ocasião a Liga Portugal. Aliás, o máximo responsável pelo Benfica, fortemente contestado, está a repensar uma eventual recandidatura, que poderá abortar caso os encarnados não vençam a Taça de Portugal no próximo domingo. O plantel foi construído para ganhar tudo – chegou a falar-se no hipotético triunfo na Liga dos Campeões -, e os milhões falaram bem alto, mas o certo é que o investimento falhou. Não se pode falar em crise profunda, mas o desânimo é muito e há quem defenda a mudança de líder para serenar as hostes, pois o nome Benfica, só por si, transporta um peso tremendo que liga muito mal com o insucesso.
FC Porto vence, mas não convence
Os dragões terminaram a temporada a vencer, mas sem convencer. Apesar do robusto triunfo sobre o Nacional da Madeira (3-0), o FC Porto teima em viver de momentos, ou seja, da inspiração de um ou de outro jogador. O jovem Rodrigo Mora, que há poucos dias completou 18 anos, tem carregado a equipa às costas, o que é manifestamente redutor para uma equipa sem o nível de outros tempos. Com a presidência de Villas-Boas, que sucedeu a Pinto da Costa, o emblema do Dragão tem conhecido dias atribulados e há quem vaticine um novo e prolongado jejum de títulos. Os azuis e brancos têm pela frente no mês de junho o Mundial de Clubes nos Estados Unidos e a preparação da próxima temporada não pode tardar muito, pois a impaciência dos adeptos tem limites.

Rodrigo Mora renovou contrato, mas o mais certo, a continuar a jogar a um nível superior, é receber guia de marcha para um “tubarão” europeu. Por agora não se sabe quando acontecerá a inevitável saída, mas os 70 milhões da cláusula de rescisão podem ser batidos de um momento para o outro. As finanças dos azuis e brancos receberam uma forte injeção com as vendas do brasileiro Wenderson Galeno para o Al-Ahli, da Arábia Saudita, e do espanhol Nico González para os ingleses do Manchester City, mas a tesouraria mantém-se pouco estável. Há alguns nomes que estão a ser falados como potenciais reforços para a próxima temporada, ainda que não haja nada de concreto. Claro que o FC Porto terá de se reforçar – e muito – se quiser voltar a lutar por títulos, mas tem forçosamente de fazer uma “limpeza” no atual plantel, pois há jogadores que não convencem e dificilmente irão convencer.
