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Programa Pós-Medidas vai transformar vidas em São José

Paulo Sérgio recebe carinho de dirigente regional da Fundação Casa após se emocionar e levar a plateia às lágrimas: programa Pós-Medidas traz esperança de dias melhores. (Foto: Adenir Britto/PMSJC)

“Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar, e cantar, e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Ah, meu Deus! Eu sei, eu sei. Que a vida devia ser bem melhor. E será!”

A vida de Paulo Sérgio, nome fictício de um interno da unidade Tamoios da Fundação Casa de São José dos Campos, deve e tem tudo para ser bem melhor, como na canção “O que é, o que é?” imortalizada pelo genial e saudoso Gonzaguinha.

A mudança, que terá início em breve, já no mês que vem com a chegada do novo ano, teve sua semente plantada nesta quinta-feira (2), durante o lançamento do programa Pós-Medidas em São José.

Pioneira entre os 645 municípios paulistas, a parceria entre a Prefeitura e o governo do Estado tem como principal objetivo o acompanhamento de adolescentes e jovens egressos da internação, semiliberdade e internação provisória das três unidades da Fundação Casa na cidade para que tenham oportunidades de emprego, estudo, capacitação e melhoria de suas vidas e de seus familiares.

Emoção

Ao final da solenidade, Paulo Sérgio apresentou um recital que o fez chorar e arrancou lágrimas das cerca de 100 pessoas que participaram do evento no Cefe (Centro de Formação do Educador), na região norte.

Ele começou pedindo desculpas pelo nervosismo, já que era a primeira vez que se apresentava e falava em público.

Após cantar trechos da música de Gonzaguinha, o adolescente de 16 anos, internado desde maio deste ano e há apenas um mês de ganhar a liberdade, questionou: “terei oportunidade?”

O uníssono sim da plateia desencadeou em Paulo Sérgio lembranças de sua mãe doente, que toma vários remédios, muitos em função do sofrimento causado pelo ato infracional do filho.

A voz falhou, as lágrimas vieram, a emoção tomou conta e tudo mudou no evento. Tudo mudará a partir de agora para ele e seus colegas de internação, semiliberdade e internação provisória.

“Chorei ao receber a resposta das pessoas de que terei oportunidade e também ao lembrar da minha mãe e do seu sofrimento. Se eu não mudar de vida, posso ser preso ou morrer. Isto não é vida para mim nem para ninguém”, disse Paulo Sérgio.

“Vou sair da Fundação Casa agora em janeiro e vou fazer tudo da maneira correta. Vou estudar, trabalhar e dar alegria para minha mãe. Vou mostrar para ela que me regenerei”, completou.

Oportunidades

Presente à solenidade, o secretário de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, Fernando José da Costa, destacou a importância da parceria com a Prefeitura de São José (leia entrevista completa abaixo).

“Os grandes motivos que levam estes jovens a errarem e praticarem atos infracionais são a falta de capacitação, empregabilidade, oportunidade e orientação psicossocial e familiar. Estou muito feliz de assinar este Termo de Cooperação com São José para mudarmos esta situação.”

Diretor da unidade Tamoios da Fundação Casa em São José, Ricardo Galdino de Souza também está feliz em poder ajudar Paulo Sérgio e demais colegas quando ganharem a liberdade.

“Tenho 17 anos de trabalho na Fundação Casa e fico emocionado com um momento como este. É uma grande chance para nós, servidores, de termos à nossa disposição uma ferramenta para que possamos mudar as vidas de jovens e adolescentes que precisam, já que são carentes de oportunidades”, disse Sousa.

Esperança

Paulo Sérgio e seus colegas das 14 unidades da Fundação Casa na RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira) tiveram seus trabalhos artísticos expostos no Cefe.

Ao final da solenidade, o adolescente que um dia errou e hoje cumpre medida socioeducativa, entregou presentes e lembranças para os convidados.

Entre os mimos, uma flor feita de papel, com uma única palavra e que resume tudo: esperança.

Para ele e para todos que vivenciaram este momento. “Com este programa, agora tenho esperança. Ganhei um propósito para viver”, disse Paulo Sérgio.

“Mas isto não impede que eu repita. É bonita, é bonita, é bonita”, cantou Gonzaguinha pela primeira vez em 1982. Agora, 39 anos depois, Paulo Sérgio repete esta e as outras estrofes da música que ele quer transformar na trilha sonora de sua vida. De sua nova vida com apoio do programa Pós-Medidas.

Entrevista com Fernando José da Costa

Secretário da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo e presidente da Fundação Casa

Qual a importância do programa Pós-Medidas?

Este Termo de Cooperação em São José dos Campos é um divisor de águas na parceria da Fundação Casa com as prefeituras. É um trabalho que é feito visando o pós-medidas, o momento em que estes jovens saem da Fundação Casa. É muito importante que estes jovens tenham o acompanhamento do Estado, através da Fundação Casa e da Prefeitura. Este programa trará benefícios para estes jovens e para a população. Porque, no momento em que o poder público olha para estes jovens, dando capacitação, empregabilidade e acompanhamento psicossocial, a chance de errarem e praticarem novos atos infracionais e crimes diminui. Com isto, reduzimos os índices de criminalidade e protegemos a população.

É um momento histórico?

Sem dúvida. No Estado de São Paulo, São José dos Campos é a primeira cidade a implementar o programa Pós-Medidas. No Brasil, é um dos primeiros municípios. Vai de encontro ao programa do Conselho Nacional de Justiça com relação ao pós-medidas. É importante que nós tenhamos hoje um olhar para o momento das medidas socioeducativas, mas também para o pós-medidas, no momento em que estes jovens saem da Fundação Casa. Os grandes motivos que levam estes jovens a errarem e praticarem atos infracionais são a falta de capacitação, empregabilidade, oportunidade e orientação psicossocial e familiar. Estou muito feliz de assinar este Termo de Cooperação com São José para mudarmos esta situação.

Como esta parceria ajudará estes jovens e a população?

Hoje, me senti realizado aqui em São José. Porque uma das bandeiras do governo do Estado é o olhar especial para quem mais precisa. E os jovens que saem da Fundação Casa e suas famílias precisam deste olhar especial, de investimento e de apoio. É uma grande oportunidade para eles, para suas famílias, para os servidores da Fundação Casa e da Prefeitura de São José e para a população. Parcerias são sempre muito importantes e trazem força. Estado e Prefeitura juntos para garantir mais qualidade de vida para estes jovens, suas famílias e toda a população.

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