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Maioria dos venezuelanos no Brasil usa celular e acessa Internet

Do WhatsApp até descontos no supermercado, as venezuelanas Jessica e Jennifer usam seus smartphones para acessar direitos, serviços e se comunicar com as famílias, que vivem em outros países. (Foto: ACNUR/Victoria Hugueney)

Cerca de 65% dos venezuelanos que estão no Brasil têm acesso a um telefone celular e 80% acessam a Internet por diferentes dispositivos. Esse é um dos dados revelados pela pesquisa Análise Regional de Necessidades de Informação e Comunicação, feita pela Plataforma R4V em 15 países da América Latina e Caribe, incluindo o Brasil.

O documento visa identificar a melhor maneira de alcançar refugiados e migrantes da Venezuela na região e informá-los sobre seus direitos e assistência disponível.

Realizada com mais de 3 mil venezuelanas e venezuelanos no segundo semestre de 2019, a pesquisa mostrou que as fontes de informação mais acessadas são televisão, WhatsApp e Facebook. No entanto, essas mesmas fontes são apontadas como as menos confiáveis para se informar. A maioria confia, principalmente, nas informações de amigos, familiares e organizações humanitárias.

Entre a população venezuelana no Brasil, dois terços têm telefone móvel. Para a resposta humanitária, o desafio é alcançar o terço restante que não possui o aparelho. Aqueles que não têm smartphone disseram ter sido roubados, perdido o telefone durante o deslocamento, não ter dinheiro para comprá-lo ou ter quebrado o telefone.

A pesquisa revelou ainda que, no geral, as mulheres venezuelanas em território brasileiro se sentem mais informadas que os homens sobre direitos, serviços e assistência disponíveis. Elas também têm mais conhecimento sobre canais de queixas e denúncias do que os homens.

Diferentemente do cenário regional da América Latina e Caribe, os venezuelanos no Brasil têm mais acesso a rádio e TV. Regionalmente, 30% dos venezuelanos disseram escutar rádio, enquanto no Brasil esse percentual é de 41%. Em relação à televisão, 67% dos entrevistados no Brasil assistem à TV contra 45% da região latino-americano e caribenha.

Além de traçar os hábitos de comunicação, a pesquisa fez recomendações para aprimorar o acesso à informação da população entrevistada.

Uma das recomendações é aumentar o acesso a materiais atualizados e confiáveis, utilizando canais adequados de acordo com o perfil da população e às necessidades de informação. O objetivo é possibilitar o acesso por canais de comunicação de sua escolha, como WhatsApp e Facebook.

Realizada entre 5 de agosto e 15 de setembro de 2019, a pesquisa foi co-liderada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e pela Federação Internacional da Cruz Vermelha (IFRC) e contou com o apoio de 30 organizações da sociedade civil. O Brasil foi segundo país com o maior número de pesquisas respondidas, somando 243.

A Plataforma Regional de Coordenação Interagencial para Refugiados e Migrantes da Venezuela (Plataforma R4V) é formada por 137 parceiros, entre eles, organizações da sociedade civil e agências do Sistema ONU.

É co-liderada pelo ACNUR e pela Organização Internacional para as Migrações (OIM). O intuito é responder, de maneira coordenada, ao fluxo de venezuelanos na América Latina e Caribe. No Brasil, a Plataforma R4V é composta de 13 agências da ONU e 27 organizações da sociedade civil. A plataforma pode ser acessada pelo link www.r4v.info.

Confira mais detalhes sobre os dados do Brasil:
Cerca de 42% dos venezuelanos buscam informação na televisão, 34% no WhatsApp e 28% no Facebook.
79% dos entrevistados identificam como fonte mais confiável de informação amigos e familiares e outros 33% confiam mais em agentes de organismos humanitários.
60% dos entrevistados tiveram contato direto com trabalhadores humanitários. Desse total, 53% se sentem satisfeitos com o atendimento.
Segundo 52% dos venezuelanos entrevistados, a maior necessidade de informação é em relação a trabalho, inclusive para jovens entre 14 e 17 anos.
Cerca de 70% das mulheres afirmaram saber sobre direitos, serviços e assistência disponíveis, frente a 52% dos homens.
Aproximadamente 52% das mulheres têm acesso a canais de queixas e denúncias, contra apenas 20% dos homens.
Cerca de 49% dos entrevistados recebem informação de sua comunidade ou bairro, contra 48% que não recebem e 3% que não quiseram responder. Em outros países, apenas 41% afirmaram receber informações da comunidade ou bairro onde estão morando.

Resultados regionais: América Latina e Caribe
De acordo com os dados coletados nos 15 países, os principais canais de comunicação e fontes de informação para refugiados e migrantes da Venezuela são Facebook e WhatsApp – semelhante aos resultados brasileiros.

A comunicação presencial com familiares, amigos e atores humanitários está igualmente entre as fontes mais confiáveis de informações, especialmente para quem está em deslocamento.

Regionalmente, cerca de 70% dos entrevistados têm acesso a um telefone celular, seja pessoal ou compartilhado. Assim como no Brasil, o fato traz o desafio de como alcançar as pessoas que não estão incluídas nesse grupo e não conseguem se comunicar por esse meio com amigos e familiares ou procurar e receber informações necessárias para se inserirem nas comunidades de acolhida.

As necessidades de comunicação permanecem consideráveis quando se nota que apenas uma em cada duas pessoas sente que está informada sobre seus direitos e onde encontrar assistência disponível.

Os países da América Latina e do Caribe acolhem cerca de 4,7 milhões de refugiados e migrantes da Venezuela. No Brasil, esse número passa de 250 mil venezuelanos.

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