
Governo do Estado de São Paulo informou a Prefeitura de São José dos Campos que o complexo da Tecelagem Parahyba, ao lado do Parque da Cidade, será repassado ao município. A Prefeitura deve receber uma permissão de uso e, posteriormente, a doação da área de 125 mil metros quadrados.
O acordo foi divulgado pelo prefeito durante uma reunião na sede da FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo) na tarde desta sexta-feira (8). No local, moradores, artistas e entidades se mobilizaram contra a intenção do Estado de vender o complexo, que abriga a sede da Fundação e outras repartições municipais e estaduais.
Após o anúncio, o grupo comemorou com um abraço simbólico no prédio e uma cantiga de ciranda. Os detalhes do acordo serão discutidos pela Prefeitura e Governo do Estado nos próximos dias.
“Hoje tivemos a confirmação de tratativas que iniciamos com o governador na quinta-feira. Quero agradecer o governador Geraldo Alckmin pela sensibilidade, mas principalmente parabenizar o movimento cultural e os moradores de São José, que conseguiram essa grande vitória”, afirmou o prefeito.
O diretor-presidente da FCCR disse que o próximo passo será acertar os detalhes da transição do complexo do Estado para o município. “Depois disso podemos planejar um plano de restauro e de ocupação das áreas da Tecelagem que estão deterioradas”, explicou.
Entenda o caso
No dia 1º de abril, a FCCR recebeu uma notificação da Procuradoria Geral do Estado pedindo a desocupação do prédio. O documento informava que a Fundação tinha 30 dias para sair do local, de propriedade do Estado, porque o complexo seria colocado à venda.
Outros órgãos municipais e estaduais instalados no local também receberam a notificação. Devido ao valor histórico da Tecelagem Parahyba para a cidade, a medida gerou forte mobilização popular.
A Tecelagem Parahyba foi criada em 14 de março de 1925 e se transformou em uma das mais importantes fábricas têxteis do Brasil. A marca Cobertores Parahyba, produzida no complexo, alcançou, na década de 40, uma produção de quatro milhões de unidades por ano.
Na década de 60, os negócios continuaram a crescer, com inovações produtivas e no investimento em publicidade. Nos anos 70, a fábrica dominava mais de 70% do mercado nacional e exportava para mais de 90 países.
Em 1982, o país começou a passar por dificuldades financeiras e depois a fábrica encerrou as atividades. Mas já tinha garantido um lugar na história da cidade e se tornou um patrimônio preservado por lei municipal.