
Garantir qualidade de vida e conforto a pacientes com doenças graves ou irreversíveis é o principal objetivo dos cuidados paliativos, tema celebrado em todo o mundo no último dia 11 de outubro, durante o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos.
Neste ano, a data teve como tema “Cumprindo a Promessa: Acesso Universal aos Cuidados Paliativos”, ressaltando o compromisso global de tornar esse atendimento acessível a todos.
No Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence, em São José dos Campos, essa prática faz parte da rotina desde 2012, quando foi criado o Atendimento Multiprofissional para Acolhimento Especial (AMAE).
Formado por médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, assistentes sociais, nutricionistas e farmacêuticos, o grupo atua de forma integrada para oferecer atenção humanizada, conforto e suporte emocional a pacientes e familiares.
Mantido pela Prefeitura de São José dos Campos e gerenciado pela SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), o hospital foi pioneiro na região na implantação desse modelo de atendimento, que coloca o bem-estar do paciente no centro do cuidado.
Humanização no dia a dia
Os cuidados paliativos no Hospital Municipal vão além do tratamento clínico. A equipe da AMAE se dedica a compreender cada história, respeitar limites e aliviar o sofrimento físico, emocional e espiritual de quem enfrenta doenças graves.
“Nosso foco é o conforto e o bem-estar do paciente, mas também o acolhimento à família, que faz parte desse processo de cuidado”, explica a médica Susana Miyahira, integrante da equipe.
O trabalho é feito de maneira integrada, envolvendo também familiares no processo de acolhimento. Antes da alta hospitalar, eles participam de encontros com a equipe multidisciplinar, onde recebem orientações sobre o cuidado em casa, tiram dúvidas e compartilham sentimentos.
“Esses momentos são fundamentais para que o paciente e a família se sintam amparados. O conforto e a dignidade vêm sempre em primeiro lugar”, reforça a médica.
Além disso, muitos pacientes que deixam o hospital continuam recebendo acompanhamento por meio do Programa de Hospitalização Domiciliar, que garante a continuidade do cuidado no ambiente familiar.
Desafios e tabus
Apesar dos avanços, ainda há resistência e desinformação sobre o tema. “Um dos maiores desafios é envolver o maior número possível de profissionais da saúde, porque ainda existe muito tabu em torno dos cuidados paliativos. Mas é um processo em construção, que precisa ser naturalizado”, afirmou Susana.
Para ampliar a conscientização, o Hospital Municipal realizou, em agosto, a 3ª Jornada de Cuidados Paliativos, voltada a profissionais da área. O evento promoveu debates sobre os desafios da assistência em contextos em que o tratamento curativo já não é possível e incentivou a troca de experiências entre equipes.
A jornada também reforçou a importância do Protocolo Institucional de Cuidados Paliativos, documento que orienta práticas mais acolhedoras, éticas e respeitosas dentro do hospital, fortalecendo o compromisso com uma assistência centrada no ser humano.
Cuidar em todas as fases
Os cuidados paliativos podem ser aplicados em diferentes momentos do tratamento, não apenas em fases terminais. Eles beneficiam pacientes diagnosticados com doenças como câncer, insuficiência cardíaca, renal ou hepática, e condições neurológicas degenerativas, como Alzheimer e ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica).
Essa abordagem pode ocorrer paralelamente a tratamentos curativos para melhorar a qualidade de vida e reduzir o sofrimento. “Os cuidados paliativos devem começar o quanto antes, desde o diagnóstico, para que o paciente e a família tenham todo o suporte necessário”, explica a médica.
Há mais de uma década, o Hospital Municipal reafirma diariamente um compromisso que vai além da medicina: cuidar da vida em todas as suas dimensões.