Comunicação afetiva: a escuta que transforma

Em tempos em que a fala parece ter mais espaço do que a escuta, recuperar e consolidar a comunicação afetiva torna-se urgente, seja no âmbito individual, familiar, institucional ou social

Eu de volta ao UNISAL, onde trabalhei por cinco anos na Comunicação e Marketing, para falar sobre comunicação afetiva [Agosto de 2025] (acima); eu nos estúdios da Rádio Verde-Oliva (esquerda) e conversar e escutar (Foto: arquivo pessoal e Freepik)
Aqui vos fala uma jornalista que ama se comunicar, mas que, em muitos casos, não alcança 100% em todos os aspectos da comunicação.

Digo isso porque a comunicação se manifesta de diversas formas. Falar de comunicação é falar de relações humanas e, sendo assim, trata-se de um universo infinito de possibilidades.

Afinal, o ser humano é o único ser na Terra capaz de produzir conteúdo sobre si mesmo.
Somos um campo vasto e fértil de comunicação.

E, por falar nela, hoje minha crônica tratará da comunicação afetiva, que representa um mergulho naquilo que sustenta, de forma mais profunda, as relações humanas. É a capacidade de se conectar com o outro de maneira empática, respeitosa e significativa.

Em tempos em que a fala parece ter mais espaço do que a escuta, recuperar e consolidar a comunicação afetiva torna-se urgente, seja no âmbito individual, familiar, institucional ou social.

O primeiro passo da comunicação afetiva começa com a própria pessoa. É impossível se comunicar de forma genuína se não existe clareza interna. Quando há autoconhecimento, consciência das emoções e das palavras que usamos, criamos uma comunicação mais saudável. Isso significa reconhecer limites, entender sentimentos e, sobretudo, escolher palavras que não ferem, mas que constroem.

A comunicação interna é, portanto, a base: quem não se ouve dificilmente conseguirá ouvir o outro.

No ambiente mais íntimo, como nas famílias e entre amigos, a comunicação afetiva é fundamental para a convivência. São nesses espaços que, muitas vezes, se revelam os maiores ruídos.

Somos tomados pela pressa, pelo excesso de obrigações ou pela simples falta de atenção. Justamente, tudo o que pode transformar uma conversa em um conflito.

Uma comunicação afetiva nessas relações exige disponibilidade: olhar nos olhos, escutar sem interromper, validar os sentimentos do outro, mesmo que haja discordância. Não é apenas falar, mas criar um espaço de acolhimento, em que a pessoa se sinta respeitada.

Quando levamos essa perspectiva para os ambientes profissionais, o cenário se torna ainda mais complexo.

Dentro de instituições, a comunicação não é apenas interpessoal; ela é também organizacional. Aqui entra um ponto essencial: a necessidade de padronização. Muitas vezes, trabalhar com um padrão de comunicação pode parecer restritivo ou até “errado” aos olhos de quem observa de fora, mas dentro da instituição esse padrão garante coesão, clareza e uniformidade.

Pense comigo: —Se todos falam a mesma língua, de maneira a respeitar a missão, os valores e a cultura da organização, a comunicação se fortalece.

É nesse contexto que a comunicação afetiva precisa ser compreendida não como algo informal ou “suave” demais, mas como estratégia. Ela pode e deve ser aplicada com uniformidade: seja em reuniões, relatórios, informativos internos ou mesmo em diálogos cotidianos.

A comunicação afetiva institucional é aquela que respeita as pessoas que a constroem, sem perder de vista os objetivos coletivos. O resultado disso é um ambiente de trabalho mais harmonioso, em que conflitos são resolvidos com diálogo e respeito, e não com imposições ou silêncios.

Contudo, vivemos uma época em que muitos querem apenas falar.

E dando megafone à essa cultura, temos as redes sociais.

Elas amplificaram esse comportamento: todos têm voz, todos se tornaram um veículo de comunicação autônomo.

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MAS POUCOS EXERCITAM A ESCUTA.

No entanto, dentro da lógica da comunicação afetiva, falar não basta. É preciso praticar a escuta ativa, ouvir para compreender, não para responder imediatamente.

Escutar com atenção é um ato de respeito e também de inteligência comunicacional. É nessa escuta que surgem insights, soluções e vínculos mais sólidos.

Escutar é preciso
Escutar, entender e comunicar. (Fotos: Freepik)

As características de uma comunicação afetiva bem consolidada podem ser resumidas em alguns pontos centrais:

Clareza – usar palavras simples e diretas, evitando ambiguidades.

Empatia – considerar o ponto de vista do outro, mesmo em discordância.

Respeito – não interromper, não invalidar sentimentos, não desqualificar opiniões.

Coerência – alinhar discurso e prática. Não adianta pregar diálogo se não há abertura para ele.

Escuta ativa – dedicar tempo e atenção ao que está sendo dito, sem distrações.

Trabalhar a comunicação afetiva em instituições, famílias e relações pessoais é investir na construção de pontes. Mais do que convencer ou impor ideias, ela cria confiança. E confiança, em qualquer nível, é um ativo poderoso.

Infelizmente, a falta de comunicação afetiva está cada vez mais evidente. As pessoas querem falar sem parar, mas raramente estão dispostas a ouvir. Isso gera ambientes desgastantes, famílias distantes e equipes desarticuladas. A solução não é silenciar, mas equilibrar: dar espaço à fala e ao silêncio, à palavra e à escuta.

Comunicar afetivamente não significa deixar de lado o rigor profissional ou institucional. Ao contrário, significa que esse rigor é temperado com humanidade. É saber que cada mensagem carrega impacto emocional e que esse impacto precisa ser considerado. É compreender que, antes de números, metas e processos, existem pessoas.

Por isso, mais do que nunca, precisamos de uma comunicação afetiva estruturada. Uma comunicação que, sim, tenha padrões dentro das instituições, mas que nunca perca a essência: a de ser ponte entre pessoas.

Uma comunicação que comece dentro de nós, se estenda aos vínculos mais próximos, se fortaleça no campo profissional e, a partir daí, reverbere no mundo.

No fim das contas, comunicar afetivamente é acreditar que as palavras constroem e que o silêncio, quando respeitoso, também comunica. É nesse equilíbrio que nos tornamos não apenas bons comunicadores, mas agentes de transformação.

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Jornalista, mestre em Ciências Ambientais e apaixonada por comunicação com propósito. Com mais de 20 anos de atuação em rádio, TV, assessoria e projetos socioambientais, construí uma trajetória que conecta informação, sustentabilidade e impacto. Fui repórter, editora e apresentadora na Rede Aparecida e no Grupo Bandeirantes de Comunicação, onde assinei produções como Vale Ecologia, Semana Terra Viva e Projeto Rio Vivo. Sou especialista em Telejornalismo, Marketing, Redes Sociais e Comunicação Institucional. Na assessoria de imprensa do UNISAL, integrei o Plano de Sustentabilidade e fortaleci o relacionamento com a mídia. Hoje, atuo na Seção de Comunicação Social do Exército Brasileiro – AMAN e na Rádio Verde-Oliva, unindo patriotismo, estratégia e sensibilidade na missão de comunicar. Capacitadora ambiental, membro honorário do Instituto de Estudos Valeparaibano, vencedora de prêmio de Comunicação do Rotary Club e agraciada com a Medalha Marechal José Pessôa (2024). Gravo materiais institucionais, podcasts, spots e vídeos publicitários. Eterna estudante de inglês e curiosa pelas conexões entre jornalismo, ESG e educação ambiental..

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