
A mineração na Amazônia brasileira, tanto legal quanto ilegal, aumentou drasticamente, com a extração de ouro na liderança. Essa atividade provoca desmatamento em larga escala, contamina rios e cursos d’água com mercúrio, polui recursos hídricos e ameaça a rica biodiversidade única da região. Os danos ambientais são severos: somente a mineração ilegal foi responsável por cerca de 40.000 hectares de desmatamento em 2022. Imagens em tempo real de satélites tornaram-se essenciais para detectar esses impactos rapidamente. Ao fornecer imagem de satélite em tempo real, as autoridades e pesquisadores podem expor, quantificar e monitorar continuamente as cicatrizes da mineração, garantindo intervenções rápidas para proteger ecossistemas frágeis.
O Papel das Imagens de Satélite na Detecção de Atividades de Mineração
As imagens de satélite desempenham um papel fundamental na detecção e no monitoramento das atividades de mineração em toda a Amazônia. Satélites como o Sentinel-2 e o Landsat oferecem imagens multiespectrais detalhadas que revelam alterações na cobertura do solo causadas pelas operações de mineração, incluindo desmatamento e perturbação do solo. Catálogo de imagens de satélite em tempo real oferecem imagens de resolução ainda mais alta, permitindo a identificação precisa de barragens de rejeitos e áreas de armazenamento de resíduos que representam sérios riscos ambientais.
Índices de vegetação e superfície aprimoram a capacidade de detecção:
- NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) destaca áreas de perda de vegetação medindo a saúde e a densidade das plantas.
- NDWI (Índice de Água por Diferença Normalizada) ajuda a identificar corpos d’água e alterações na umidade, útil para detectar cursos d’água poluídos ou alterados próximos a minas.
- Índices de solo exposto detectam superfícies de terra nuas típicas de cicatrizes de mineração e solo perturbado.
Uma alta frequência de revisita é essencial para captar imagens em tempo real de satélites que revelem mudanças rápidas na paisagem, especialmente durante a estação chuvosa, quando a cobertura de nuvens é intensa. Satélites ópticos frequentemente têm dificuldade com a interferência das nuvens, por isso sensores de radar — capazes de penetrar nuvens — complementam essas observações, fornecendo dados consistentes e livres de nuvens. Essa combinação garante monitoramento contínuo, permitindo a detecção precoce da mineração ilegal e avaliações ambientais oportunas.

Estudo de Caso A: EOSDA LandViewer Monitorando a Destruição Causada pela Mineração no Pará e Roraima
O EOSDA LandViewer teve um papel fundamental no monitoramento da mineração ilegal de ouro no Pará e em Roraima, fornecendo imagens de satélite detalhadas, atualizadas e análises que revelaram os danos ambientais causados pela mineração. Utilizando imagens multiespectrais de satélites como o Sentinel-2, o EOSDA detectou áreas precisas de desmatamento, mostrando o tamanho, a forma e a taxa de expansão das cicatrizes da mineração em imagem de satélite em tempo real. Também identificou cursos d’água poluídos por meio de mudanças na refletância da água, sinalizando contaminação por mercúrio proveniente de rejeitos de mineração.
A plataforma do EOSDA permitiu que ONGs e organizações indígenas acessassem essas imagens de satélite da Terra ao vivo e gerassem relatórios claros e de fácil compreensão, destacando a invasão ilegal próxima às reservas indígenas Munduruku. Esses dados forneceram provas incontestáveis de violações ambientais, fortalecendo a capacidade das comunidades locais e autoridades para exigir maior aplicação da lei e esforços de restauração.
Ao atualizar continuamente mapas e acompanhar mudanças com alta frequência de revisita, o EOSDA ajudou as partes interessadas a monitorar a eficácia das intervenções e responder rapidamente a novas atividades de mineração. Esse monitoramento prático por satélite em tempo real ao vivo tornou-se uma ferramenta crítica para proteger tanto a biodiversidade amazônica quanto a saúde das populações indígenas vulneráveis.
Estudo De Caso B: Mapeando o Desmatamento em Territórios Indígenas com O MAAP
O Monitoring of the Andean Amazon Project (MAAP) utilizou imagens em tempo real de satélites para mapear extensas áreas de desmatamento causado pela mineração de ouro em três grandes territórios indígenas brasileiros: Munduruku, Kayapó e Yanomami. Entre 2017 e 2019, o MAAP documentou mais de 10.245 hectares de perda florestal diretamente ligada às atividades de mineração. Ao usar imagens de satélite de alta resolução, incluindo dados do Landsat e Sentinel, o MAAP criou visualizações detalhadas que mostraram claramente a rápida expansão das cicatrizes de mineração.
Uma abordagem inovadora foi a criação de GIFs animados a partir de sequências de imagens de satélite da Terra ao vivo, permitindo que os espectadores acompanhassem a progressão do desmatamento ao longo do tempo de forma envolvente e acessível. Essas imagens reais da Terra forneceram provas incontestáveis da invasão ilegal em terras indígenas protegidas, aumentando a conscientização e influenciando decisões políticas. O monitoramento baseado em satélites realizado pelo MAAP é um exemplo poderoso de como as tecnologias de imagem de satélite em tempo real podem apoiar os direitos indígenas e os esforços de conservação ambiental.
Superando Desafios e Aprimorando o Monitoramento Via Satélite Dos Impactos da Mineração
Detectar a mineração ilegal de pequeno porte, o chamado “garimpo”, sob a densa cobertura vegetal da Amazônia continua sendo um grande desafio para o monitoramento por satélite. Essas operações clandestinas frequentemente escapam da detecção por satélites ópticos tradicionais devido à folhagem espessa e à frequente cobertura de nuvens. Para superar isso, a integração de dados de satélites de radar — capazes de penetrar nuvens e vegetação — com modelos avançados de reconhecimento de padrões impulsionados por IA é essencial. Essas tecnologias melhoram a identificação atividades de mineração sutis, ocultas sob a floresta.
No entanto, as imagens de satélite sozinhas não são suficientes. A proteção ambiental adequada exige a combinação desses dados com fiscalização em campo, envolvimento das comunidades indígenas e estruturas legais que garantam a responsabilização. Imagens em tempo real de satélites atuam como um sistema crítico de alerta precoce e como base de evidências, mas precisam estar inseridas em uma abordagem mais ampla de justiça ambiental para deter a mineração ilegal e apoiar a gestão sustentável da terra. O futuro do monitoramento dos impactos da mineração está nessa estratégia integrada, baseada em tecnologia e socialmente orientada.