Dragão emocionou-se na homenagem ao ‘Eterno 2’

O FC Porto estreou-se na Liga Portugal com vitória robusta sobre o Guimarães (3-0) em noite marcada pelas homenagens a Jorge Costa

O 2 de Jorge Costa foi levantado pelos 50.000 adeptos presentes no Dragão. (Foto: José Lacerda)

O Estádio do Dragão registou uma enorme enchente na jornada que marcou a estreia do FC Porto na Liga Portugal. Três golos marcaram uma noite de emoções fortes, dois do avançado espanhol Samu e um do brasileiro Pepê, oferecidos ao dirigente e antigo capitão Jorge Costa, o eterno 2, recentemente falecido aos 53 anos. Foram muitas as homenagens, antes e durante a partida, ao enorme jogador que brilhou nos dragões, uma carreira que, a nível internacional, teve como pontos mais altos a conquista da Liga dos Campeões, a Taça UEFA e a Taça Intercontinental. O Bicho, como carinhosamente era chamado, marcou presença no Dragão e recebeu as maiores ovações da noite. Tudo o resto foi um jogo bem conseguido dos azuis e brancos diante de um adversário valoroso, mas desinspirado e frágil na defensiva.

Para a história desta partida, mais do que o resultado, ficam as memórias. Muito antes do jogo começar e para além dele, Jorge Costa esteve ali bem presente no recinto do Dragão. Uma homenagem sentida ao eterno 2, ao capitão, ao dirigente e ao homem que sabia transmitir como poucos a mística do FC Porto. Os jogadores interpretaram fielmente em campo as mensagens que lhes foram transmitidas e brindaram o público com uma exibição convincente.

O extremo brasileiro Pepê, como que renascido para uma outra vida – com o técnico argentino Martín Anselmi viveu um autêntico calvário e chegou a falar-se na sua saída -, foi o primeiro a fazer levantar o estádio, decorria o 12º minuto: contra-ataque rápido dos azuis e brancos, a bola chega Samu, com o espanhol a tocar para o seu compatriota Borja Sainz, que desvia para Pepê entrar de rompante e picar a bola sobre um guarda-redes vimaranense. A primeira obra de arte da noite com dedicatória a Jorge Costa e os festejos sentidos do internacional brasileiro, que com o italiano Francesco Farioli garantiu a titularidade nesta renovada formação dos dragões.

O espanhol Samu e o brasileiro Pepê foram as figuras maiores na partida com o Vitória de Guimarães. (Foto:José Lacerda)

Samu, o homem do jogo, voltou ao que era

Quem passou por alguns momentos complicados foi o dianteiro Samu, também ele renascido e de regresso aos golos, para lá da sua influência nas jogadas de ataque dos portistas. O espanhol é uma constante ameaça para as defesas contrárias, pleno de força, mesmo não sendo nenhum prodígio em termos técnicos. Samu só vê a baliza e naquele estilo poderoso, brindou a imensa plateia do Dragão com dois golos ao seu estilo.

O primeiro, aos 32 minutos, num cabeceamento fulminante na sequência de um cruzamento de português Alberto Costa, neste defeso contratado à Juventus, de Itália. O segundo tento do internacional espanhol aconteceu aos 79 minutos, depois de uma defesa incompleta do guardião visitante, com Samu a não se fazer rogado diante de tamanho brinde. Estava feito o resultado, construído com galhardia e oferecido a Jorge Costa. O capitão, o eterno 2, esteve bem presente numa noite em que o FC Porto parece ter regressado aos bons velhos tempos.

O técnico Francesco Farioli utilizou exatamente o mesmo onze que tão bem tinha dado conta de si no recente encontro com o Atlético de Madrid, que serviu de apresentação da equipa aos adeptos do principal emblema da cidade do Porto. Os reforços não enganam e também ajudam a explicar o crescimento dos azuis e brancos. Agora a atuar no tradicional 4X4X3, a defesa conta com a experiência do central polaco Jan Bednarek, de parceria com o argentino Nehuén Pérez, com a novidade Alberto Costa a conquistar o lugar na direita do setor mais recuado.

Já na intermediária pontifica o jovem dinamarquês Victor Froholdt, desta vez não tão influente como aconteceu no jogo com o Atlético de Madrid, enquanto que o espanhol Gabri Veiga mantém-se firme no onze. Uma opção que gerou alguma polémica, pois o jovem Rodrigo Mora, um prodígio de apenas 18 anos e que na temporada passada carregou a equipa às costas, foi relegado para o banco. Fala-se, inclusivamente, que poderá estar de saída para o Real Madrid pela astronómica verba de 80 milhões de euros. Na dianteira, o extremo espanhol Borja Sainz é a maior das novidades e, para lá do crónico Samu, o internacional brasileiro Pepê, como já foi referido, ganhou uma nova vida. São muitas as diferenças? São. Incomparavelmente melhores e mais eficazes. O FC Porto não cria duas ou três oportunidades de golo durante um jogo, como era habitual, mas muitas e variadas. Os resultados estão à vista.

O Dragão viveu uma noite inesquecível e a harmonia entre atlatas e público foi uma constante. (Foto José Lacerda)

Técnico e jogadores felizes e emocionados

Francesco Farioli revelou-se visivelmente feliz com a vitória e recordou o capitão. “Os jogadores têm de ficar satisfeitos por aquilo que fizeram, pela atenção a todos os detalhes. A última semana foi difícil, mas fica o legado do Jorge e a nossa vontade de honrar a sua memória. Foram dias emotivos. Acho que hoje a equipa jogou de uma maneira que o Jorge adoraria ver”, referiu o treinador italiano

Samu, autor de dois golos, foi dos que mais vibrou com a vitória inaugural do FC Porto na Liga Portugal. “Em primeiro lugar, quero agradecer a Deus. Foi uma semana muito difícil para nós. Quero mandar um abraço à família. Era uma pessoa muito importante para o clube. Dedicamos-lhe esta vitória. Estou muito contente», começou por dizer o avançado, que se mostrou satisfeito com a prestação azul e branca: “Tínhamos de entrar bem para conseguirmos esta vitória. Fomos uma equipa muito forte e temos de continuar a trabalhar para continuar a crescer, sempre com muita fome”.

Pepê esteve em grande destaque e apontou o primeiro golo dos dragões. (Foto: José Lacerda)

Pepê foi curto em palavras, mas suficientes e elucidativas. “Foi importante começar a nova temporada com vitória. Fico feliz pelo golo marcado, mas o grupo todo está de parabéns porque conseguimos impor nosso jogo”, disse o médio internacional brasileiro, de volta aos grandes momentos.

Diogo Costa, capitão do FC Porto, e Pepê em mais uma sentida homenagem a Jorge Costa. (Foto: José Lacerda)
Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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