O Estádio da Luz voltou a registrar grande assistência – mais de 55 mil espectadores – na apresentação do Benfica aos seus associados na habitual Eusébio Cup, prova que eterniza o grande goleador Eusébio da Silva Ferreira, um dos melhores jogadores portugueses e mundiais de todos os tempos. Já com alguns dos seus reforços em campo, a formação da Luz não foi brilhante, mas fez o suficiente para levar de vencida os turcos do Fenerbahçe, orientados por aquele que continua a ser considerado um enorme treinador. O português José Mourinho, natural de Setúbal, possui um currículo invejável, tendo vencido a Liga dos Campeões ao serviço do FC Porto e do Inter de Milão, ainda com passagens de sucesso no Chelsea, Real Madrid, Manchester United, Tottenham e Roma. Resta agora saber o que ditará o primeiro encontro oficial da temporada que colocará frente a frente Benfica e Sporting na próxima quinta-feira para a disputa da Supertaça Cândido de Oliveira.
Na primeira parte do encontro, os comandados de Bruno Lage dominaram por completo os acontecimentos e chegaram ao golo inaugural por Arturkoglu, aos 37 minutos, com o turco a avançar para a baliza em boa velocidade e a rematar colocado, depois de uma assistência de Pavlidis. E foi o grego quem, pouco depois, esteve na origem do segundo tento, ainda que tenha sido o lateral inglês Archie Brown da formação turca de Istambul a introduzir a bola na baliza. Ainda antes do intervalo, num momento de inspiração do meio-campista Írfan Kahevic, com um potente remate de fora da área, fez com que as equipas chegassem ao intervalo apenas separadas por um golo de diferença.
Já na segunda metade, o jogo baixou de qualidade e o Benfica viria a permitir o 2-2 na sequência de um contra-ataque, aos 60 minutos. O atacante marroquino En-Nesyri arrancou com a bola controlada e, sem qualquer oposição, apenas teve de rematar rasteiro para bater o recém-entrado guardião Samuel Soares, que havia substituído o ucraniano Anatoliy Trubin no reatamento do jogo. Ao perder o controlo do encontro, perante a impaciência das bancadas, o grande momento da noite surgiu aos 80 minutos, com o avançado português Henrique Araújo a carimbar o tento do triunfo na Eusébio Cup, primorosamente assistido pelo categorizado central argentino Nicolás Otamendi
Colombiano Richard Ríos a meio gás
O treinador Bruno Lage lançou as caras novas para a temporada 2025/26, obviamente ainda com pouco tempo de trabalho para o necessário entrosamento e, como tal, não houve quem deslumbrasse. O colombiano Richard Ríos, recentemente contratado ao Palmeiras, do Brasil, e que constituiu até aos dias de hoje a contratação mais cara do Benfica, teve alguns ligeiros apontamentos da sua inegável classe, mas só isso. Nota-se que oferece um maior dinamismo à intermediária encarnada, conduz bem a bola e gosta de chegar à área para finalizar, pelo que é de prever que venha a ser uma das figuras maiores deste renovado Benfica de Bruno Lage.
O lateral bósnio Amar Dedic revelou qualidade, defende bem e sobe a propósito pelo flanco direito, sem receio de encarar os adversários, enquanto o médio argentino Enzo Barranechea, a atuar como médio mais recuado, liderou tranquilamente a zona à frente dos centrais. Já o lateral espanhol Rafael Obrador, que apenas entrou a meio da segunda parte, não acrescentou muito mais do que vinha fazendo o sueco Samuel Dahl, a primeira opção para a esquerda da defesa. Aliás, este é um posto que perdeu a sua grande figura, o consagrado espanhol Álvaro Carreras, contratado pelo Real Madrid a troco de 50 milhões de euros.
João Félix a caminho de Lisboa… desviado para a Arábia Saudita
Antes do encontro começar falou-se com uma certa insistência da possibilidade de João Félix chegar para assistir ao jogo e, posteriormente, assinar contrato com o Benfica. Aliás, o jogador do Chelsea chegou mesmo durante o dia a ter autorização para viajar para Lisboa, mas num súbito volte-face o clube londrino anunciou que o craque português iria viajar para a Arábia Saudita para efetuar testes médicos e assinar pelo o Al Nassr de Cristiano Ronaldo e agora treinado pelo português Jorge Jesus, de quem se falou há algum tempo poder vir a orientar a Seleção do Brasil, após a saída de Dorival Júnior.
A questão está mesmo nos números que envolveriam uma transferência para o Benfica, o que seria do agrado do jogador, mesmo tendo de diminuir drasticamente ao seu vencimento, pois no Chelsea aufere sete milhões de euros anuais, verba incomportável para o emblema lisboeta. Por outro lado, o Benfica estaria na disposição de pagar 25 milhões por metade do seu passe, enquanto que o Al Nassr dispõe-se a pagar no imediato a totalidade do valor imposto pelo Chelsea. O jogador tem treinado à parte do restante plantel, sabendo se que está fora dos planos do técnico italiano Enzo Maresca.
Recorde-se que João Félix saiu do Benfica em julho de 2019, com apenas 19 anos, contratado pela astronómica quantia de 126 milhões de euros, tornando-se o quarto jogador mais caro da história. É certo que teve algumas lesões complicadas, mas as suas performances nunca convenceram o exigente e controverso técnico argentino Diego Simeone. Félix tem um enorme talento – não há ninguém que diga o contrário -, mas vive de rasgos a espaços, dada a sua inconstância exibicional. Curioso é o facto de ser assiduamente chamado à Seleção Nacional de Portugal, onde nem é titular e raras vezes joga. Ou não será assim tão estranho quando se sabe que o super agente Jorge Mendes “controla” bem o mundo do futebol, onde se movimenta como poucos, disso mesmo beneficiando os jogadores que agencia, sendo Félix um deles.
Em janeiro de 2023 o jovem futebolista foi emprestado ao Chelsea, na estreia pelos “blues” viu um cartão vermelho, mas voltou a ser mal-sucedido, pelo que o emblema inglês não acionou a opção de compra. Regressado ao Atlético de Madrid, João Félix envolveu-se em várias polémicas com Diego Simeone e acabou por ser emprestado ao Barcelona, “um sonho de criança”, como na altura o próprio salientou. Mais uma vez alternou o bom com jogos menos conseguidos, à mistura com algumas lesões. Curiosamente, o Chelsea viria depois a adquirir o futebolista por sete temporadas, foi emprestado aos italianos do Milan, de Itália, então orientado pelo português Sérgio Conceição, novamente sem sucesso, e voltou ao Chelsea para ficar na “prateleira”. Segue-se o Al-Nassr da Arábia Saudita, para onde vai a título definitivo, falhando assim o seu enorme desejo de regressar ao Benfica.
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.
