Instituto de Pesca orienta manejo de espécies durante o inverno

Os pesquisadores especialistas em aquicultura do Instituto dizem que, nesta época, é preciso redobrar os cuidados com os cultivos, tanto de peixes tropicais quanto de espécies típicas de clima frio

(Foto: Divulgação)

Com as recentes frentes frias e massas de ar polar atingindo o Estado de São Paulo e os termômetros já marcando mínimas abaixo de 0 °C em algumas regiões, o inverno se confirma como um período crítico para a produção aquícola paulista.

É recorrente durante o inverno, piscicultores procurarem o Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, buscando orientações de como cuidar das espécies que cultivam, a fim de protegerem a saúde e o bem-estar dos animais.

Os pesquisadores especialistas em aquicultura do Instituto dizem que, nesta época, é preciso redobrar os cuidados com os cultivos, tanto de peixes tropicais quanto de espécies típicas de clima frio.

Peixes sentem os efeitos do frio

Tilápias, pintados e pacus são alguns dos principais peixes cultivados no Estado de São Paulo. Têm origem em ambientes tropicais e são altamente sensíveis à queda de temperatura.

Durante o inverno, a água dos viveiros esfria rapidamente, o que desacelera o metabolismo desses animais, reduz seu apetite e os torna mais vulneráveis a doenças.

Segundo especialistas do Instituto de Pesca, os criadores devem ficar atentos a sinais de estresse nos peixes e ajustar o manejo às novas condições ambientais, conforme as orientações a seguir.

• Reduzir a frequência de arraçoamento conforme a resposta dos peixes à alimentação.
• Monitorar diariamente a qualidade da água (oxigênio dissolvido, pH, amônia e temperatura).
• Evitar manuseios desnecessários, que aumentam o estresse.
• Reforçar a biosseguridade dos sistemas produtivos, especialmente em viveiros escavados e tanques-rede.

De acordo com Daniela Castellani, diretora do Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental, unidade do IP em São José do Rio Preto, “os produtores precisam tomar uma série de medidas, de preferência ainda no período do verão, para evitar o estresse dos peixes, o comprometimento da saúde e, consequentemente, o aparecimento de enfermidades como a Franciselose, causada pela bactéria Francisella noatunensis, que pode causar grandes prejuízos na tilapicultura, especialmente nas fases mais jovens”.

Trutas: clima ideal, mas manejo exige atenção!

Ao contrário das tilápias, pintados e pacus, a truta arco-íris — criada em regiões serranas como Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí — só sobrevive em locais de águas frias e oxigenadas.

A maturação das gônadas e o desenvolvimento dos embriões requer temperaturas baixas na ordem de 10oC, o que ocorre em algumas regiões do Brasil durante o inverno.

Essa é a época que o laboratório de reprodução do Núcleo Regional de Pesquisa em Salmonicultura Dr. Ascânio de Faria, do IP, localizado em Campos do Jordão, opera intensamente na produção de ovos embrionados para atender à demanda dos criadores, desde o estado do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo.

Nos peixes tropicais os embriões se desenvolvem e os ovos eclodem no período de um dia, enquanto que para as trutas demora um mês.

A fim de prover água fria para os ovos de trutas se desenvolverem de forma saudável, a instituição utiliza um sistema de resfriamento e recirculação da água de incubação.

Diferente das demais espécies cultivadas no Brasil, os criadores recebem os ovos embrionados, antes de sua eclosão.

Desta forma, o transporte até os criadores pode ser realizado sem estarem imersos em água, apenas com a umidade necessária para o seu bem-estar. Uma parcela de ovos é mantida na instituição até o estágio de alevinos, para repasse aos criadores de porte artesanal.

“O inverno traz a festejada temporada de turismo a Campos do Jordão e a outras localidades de montanha, acompanhada pela renovação das gerações das linhagens de trutas no Brasil”, destaca a diretora do Núcleo, Neuza Takahashi.

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