
A administração do FC Porto, liderada por André Villas-Boas, reuniu hoje de emergência com o atual treinador da equipa principal de futebol, tudo apontando para que o argentino Martín Anselmi, de 39 anos, seja despedido de imediato. No regresso dos Estados Unidos à cidade do Porto a comitiva dos azuis foi recebida com muitos insultos, o que originou reforço policial no aeroporto Francisco Sá Carneiro, bem como nas imediações do Estádio do Dragão, pelo que este desfecho era previsível. Recorde-se que os dragões foram eliminados do Mundial de Clubes que se realiza nos Estados Unidos da América, depois de um empate a uma bola com o Palmeiras, do Brasil, uma derrota com o Inter Miami (2-1) de Lionel Messi, retirando-se da competição com um empate a quatro bolas com os egípcios do Al Ahly.
Naturalmente que este desfecho era, de certa forma, expectável, mas refira-se que Martín Anselmi, tido como uma grande esperança, deixou muito a desejar, pois a equipa só a espaços conseguiu convencer. O argentino, que substituiu Vítor Bruno no comando dos dragões, em nada fez melhor que o seu antecessor, bem antes pelo contrário. Se Bruno ainda conseguiu vencer a Supertaça diante do Sporting, já Anselmi somou diversos desaires, pois o FC Porto, habitual candidato ao título da Liga Portugal, ficou-se pela terceira posição, atrás do campeão Sporting e do Benfica. A esta má prestação junta-se a eliminação precoce na Taça de Portugal, bem como na Liga Europa, para lá das paupérrimas exibições evidenciadas, pelo que o presidente dos dragões entendeu dar “um murro na mesa” – frase proferida pelo próprio ainda nos Estados Unidos -, pois Villas-Boas chegou a apontar o FC Porto como favorito a vencer todas as competições, incluindo o Mundial de Clubes.
Acerto da rescisão em cima da mesa
Na reunião desta tarde no Estádio do Dragão, o presidente do FC Porto discutiu com o técnico os termos da rescisão do contrato, que tem uma ligação ao FC Porto por mais dois anos. Anselmi é um treinador relativamente “barato” – ganha cerca de dois milhões de euros anuais -, mas tudo aponta para que não abdique da respetiva indemnização, a que acrescem mais três milhões de euros que o emblema do Dragão ainda tem de pagar ao Cruz Azul, do México, clube de onde saiu de forma nada pacífica para representar os azuis e brancos. Aliás, as contas não se ficam por aqui, já que os portistas ainda estão a pagar o vencimento do anterior técnico Vítor Bruno, ex-adjunto de Sérgio Conceição, que tinha contrato até junho de 2026. Claro que Villas-Boas está com uma tremenda dor de cabeça, tanto mais que as finanças do clube estão bastante depauperadas.
E depois de Anselmi? Se a contratação do jovem treinador argentino é tida como um erro grosseiro, o FC Porto terá de acautelar o futuro com alguém experiente e que se imponha rapidamente. Os dragões não podem voltar a falhar no plano desportivo, sob pena de fazerem uma complicada “travessia no deserto”, pois os milhões da Liga dos Campeões têm sido fundamentais para construir equipas consistentes. Fala-se com uma certa insistência na falta de qualidade do plantel portista se comparado com os dos seus rivais, mas o facto, só por si, não justifica tanto insucesso.
Há alguns nomes que começaram de imediato a ser falados, exemplos do espanhol Xavi Hernandez, ex-técnico do Barcelona, ou mesmo do português Jorge Jesus, que recentemente rescindiu com o Al-Hilal, da Arábia Saudita, mas são demasiado caros para a bolsa do FC Porto. Há quem fale na hipótese Jorge Costa, antigo e carismático capitão do FC Porto, que trocou o cargo de treinador pelo de diretor para o futebol dos dragões, convidado por Villas-Boas, só que essa será uma solução muito remota. Claro que nos próximos dias alguns nomes virão a público, mas para já nada há de concreto, ainda que Villas-Boas tenha rapidamente de encontrar uma solução credível e consistente para não repetir o tremendo erro que foi a aposta no argentino.
