
Em honra aos brasileiros que tombaram no mar durante a Segunda Guerra Mundial, a Marinha do Brasil realizou, nesta quinta-feira (8), uma cerimônia no Espaço Cultural da Marinha, no Rio de Janeiro (RJ). Intitulado “Homenagem aos Heróis do Mar na Segunda Guerra Mundial”, o evento relembrou o papel da Marinha do Brasil na proteção das importantes rotas marítimas do Atlântico durante o conflito e marcou os 80 anos do fim do conflito com o lançamento do livro “A Bordo do Contratorpedeiro Barbacena” e a exibição inédita do teaser do documentário “Vital: Memórias que não naufragaram”.
Com foco na preservação da memória naval brasileira, a cerimônia contou com a presença do Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, além de autoridades civis e militares, veteranos, familiares e representantes da imprensa.
A Bordo do Contratorpedeiro Barbacena
Um dos principais momentos da cerimônia foi o lançamento da obra do Vice-Almirante João Carlos Gonçalves Caminha, que transporta o leitor para o cotidiano de uma tripulação em plena Batalha do Atlântico, combinando fatos históricos, ficção e liderança. A publicação conta com prefácio do próprio Almirante Olsen, que reforça o papel do resgate histórico na formação cidadã e a importância estratégica da “Amazônia Azul”.
Vital: Memórias que não naufragaram
Durante o evento, foi apresentado o teaser do documentário “Vital: Memórias que não naufragaram”, produzido pelo Centro de Comunicação Social da Marinha e com lançamento previsto para setembro. A produção parte da recente localização do naufrágio do Navio-Auxiliar “Vital de Oliveira”, torpedeado por um submarino alemão em 1944, e traz depoimentos inéditos de sobreviventes.

Aposição floral
Durante a cerimônia, foi realizada uma homenagem com flores junto ao Navio-Museu “Bauru” — único sobrevivente nacional da classe Bertioga e símbolo da bravura dos marinheiros brasileiros. A embarcação, que serviu como Contratorpedeiro de Escolta, participou de missões de patrulha e escolta de navios mercantes, protegendo comboios aliados contra os submarinos inimigos que atuavam na região da costa brasileira.
Contexto histórico
Em 2025, o mundo celebra os 80 anos do Dia da Vitória, em alusão à data da derrota da Alemanha nazista, marcando o fim da 2ª GM na Europa — o término do conflito ocorreu, em definitivo, meses depois, em 2 de setembro, com a rendição japonesa. A cerimônia serviu como oportunidade para relembrar esse momento da história, quando brasileiros perderam suas vidas no mar, em decorrência de ataques promovidos por submarinos alemães e italianos, em um capítulo no qual a Marinha do Brasil atuou ativamente na proteção das importantes rotas marítimas do Atlântico.
Foi no mar que a maior parte dos brasileiros perdeu a vida durante a 2ª GM. A MB defendeu o litoral brasileiro, com destaque para o episódio conhecido como “Batalha do Atlântico”, e foi responsável pela escolta e proteção de 575 comboios, totalizando 3.164 navios. Entre as perdas de pessoal, a maior parte dos brasileiros mortos durante o conflito foi sepultada no mar.
Durante este longo e ativo período em operações de guerra no oceano, pereceram 469 militares e três civis em navios da MB, com destaque para as baixas fatais de três navios de guerra: o Navio-Auxiliar “Vital de Oliveira” e os Navios Mineiros “Camaquã” e “Bahia”. Acrescendo os dois oficiais brasileiros que morreram no submarino R-12, da Marinha norte-americana, e os 15 militares mortos em navios mercantes, a Força Naval perdeu 486 dos seus homens. Somam-se a estes, 967 mortos extra-Marinha nos 33 ataques do Eixo a Marinha Mercante, totalizando 1.456 vidas brasileiras perdidas no mar.