
Um golo do defesa turco Zeki Çelik no derradeiro minuto do primeiro período do encontro para a formação romana (45+5 minutos) e outro do lateral Francisco Moura para os portistas (67 minutos) fizeram a história da partida referente à primeira mão do play-off de passagem aos “oitavos” da Liga Europa. Dentro de uma semana, no Estádio Olímpico de Roma, certamente repleto e ruidoso, o FC Porto não terá vida fácil. Os azuis e brancos registam quatro empates nos últimos jogos disputados no Estádio do Dragão, situação que já não acontecia há 20 anos. Já se sabia que este confronto com o conjunto romano era de grau de dificuldade elevado, mas foi por muito pouco que os portistas não conseguiram chegar ao triunfo, principalmente depois de o adversário ter ficado reduzido a dez elementos face à expulsão, aos 72 minutos, do influente estratega Bryan Cristante, que já passou pelo Benfica.
Foi um FC Porto de duas caras o que se apresentou no Dragão diante da forte formação romana. A passo e sem criar jogadas de perigo na primeira parte, rápido e por vezes desconcertante o que surgiu na etapa complementar. O técnico argentino Martín Anselmi ainda está a implementar o seu estilo de jogo e desde o primeiro jogo passou a utilizar uma linha defensiva a cinco com três centrais de raiz. O sistema, em si, já se revela eficaz, mas o problema maior é daí para a frente. Com a saída do espanhol Nico González para o Manchester City, os dragões perderam o seu melhor estratega na intermediária, tarefa agora assumida pelo canadiano Stephen Eustáquio. Só que não é a mesma coisa. E na dianteira o espanhol Samu está a léguas do que já produziu, não porque a sua entrega não seja total, mas porque o jogo ofensivo portista carece de mais entreajuda.
Pepê entra e revoluciona jogo dos dragões
A Roma teve uma grande contrariedade com a lesão – mais uma – do virtuoso Paulo Dybala, mas a equipa de Claudio Ranieri revelou-se sempre mais acutilante, ainda que sem lances de grande perigo junto da baliza dos dragões, pois preocupou-se mais com a marcação homem a homem. Um ou outro lance mais intencional de parte a parte disfarçaram um jogo em que era visível a intenção dos italianos em apenas atacar pela certa e demasiadas cautelas do FC Porto. Ao sofrer um golo no último minuto do tempo de descontos na primeira parte, os dragões regressaram mais agressivos, mas foi preciso esperar pelas habituais movimentações no banco para mostrarem outra eficácia. A entrada de Pepê surtiu efeito de imediato. Aos 67 minutos, o internacional brasileiro recebeu um passe longo do guardião Diogo Costa e, mesmo perdendo o esférico, o lateral Francisco Moura aproveitou a sobra e atirou a contar.

Depois da expulsão de Bryan Cristante por falta à margem das leis sobre Fábio Vieira, o FC Porto tomou conta do jogo e tentou por todos os meios chegar ao tento do triunfo, o que só não aconteceu por manifesta infelicidade. Assim, os dragões terão de se deslocar na próxima quinta-feira a solo transalpino para o tira-teimas, na expectativa de não ficar arredado da Liga Europa. Vida complicada para o emblema azul e branco, que já foi afastado da Taça de Portugal e da Taça da Liga, para lá de ter a vida complicada no campeonato, seguindo na terceira posição, de parceria com o Braga, mas a oito pontos de diferença do comandante Sporting e a quatro do Benfica.
Martín Anselmi (treinador do FC Porto): “Este empate não determina nada, temos que ir ao Olímpico de Roma e impor-nos, fazer o nosso jogo e garantir a classificação. Uma vitória de uma das equipas podia condicionar o segundo jogo, mas penso que o empate deixa tudo em aberto e faltam mais 90 minutos. O nosso golo chega numa bola longa, creio que aí estivemos bem emparelhados”.
Claudio Ranieri (treinador da AS Roma): ”A nossa performance foi boa, pressionámos bem contra uma boa equipa. Depois sofremos um golo porque o quarto árbitro não disse ao árbitro principal que queríamos trocar um jogador. Queria tirar o Pelegrini quando a bola parasse, o FC Porto foi inteligente e acabou por fazer o golo. Jogar dez contra 11 foi mais difícil, mas permitimos poucas oportunidades ao adversário”.
