Numa partida disputada diante de uma assistência de mais de 60 mil espectadores, que colocou em delírio a plateia encarnada, mostrou um Benfica muito diferente daquele que foi humilhado diante do Bayern de Munique para a Liga dos Campeões. Bastou ao técnico Bruno Lage colocar em campo o “onze” habitual, com a inclusão do craque argentino Di María, para lá do grego Pavlidis e de Florentino, regressando ao sistema de uma defesa em linha de quatro elementos. Do outro lado, o seu homólogo portista Vítor Bruno deixou o influente internacional brasileiro Pepê no banco – mais tarde veio a saber-se que esteve adoentado durante a semana – mas já com o espanhol Nico González incluído na formação inicial.
Naturalmente que em função do pesado resultado infligido pelos benfiquistas, poderá questionar-se uma ou outra opção, mas não foi por aí que veio o mal ao mundo. Falta aos dragões uma voz de comando dentro do campo, função que o central Pepe cumpria a preceito. Não há mais ninguém com as características do luso-brasileiro, recentemente “obrigado” a retirar-se da competição, disso se ressentindo o plantel, incluído o guardião e capitão de equipa Diogo Costa, que nos últimos tempos tem dado alguns “brindes” que não eram habituais.
O FC Porto até nem entrou mal na partida, contrapondo um futebol apoiado à intensidade e velocidade imprimida pelo adversário. O brasileiro Wenderson Galeno, aos 13 minutos, esteve muito perto de inaugurar o marcador com um disparo violento de fora da área, que passou ligeiramente ao lado da baliza defendida pelo ucraniano Trubin, mas o Benfica começou a dar sinais do que depois viria a acontecer.
Aos 30 minutos o espanhol Carreras adiantou a sua equipa no marcador com um remate fulminante, após ultrapassar o lateral portista Martim Fernandes, mas a desorientação do FC Porto não começou aí. Bem antes pelo contrário, o golo do empate surgiu por Samu, aos 44 minutos, após o argentino Otamendi a ter uma clamorosa falha de marcação ao não interceptar um cruzamento rasteiro de Francisco Moura. Refira-se que Samu foi chamado pela primeira vez à principal seleção espanhola para os próximos compromissos internacionais dos “nuestros hermanos”.
Na segunda metade do jogo tudo mudou de forma radical. Di María abriu o livro e os seus colegas leram bem os intuitos do argentino, destruindo por completo a equipa portista, que nunca mais se encontrou. Aos 56 minutos, o turco Akturkoglu cortou um passe de Eustáquio dirigido a Martim Fernandes e entregou em Aursnes que serviu Di María, para um remate preciso e fora do alcance de Diogo Costa, estabelecendo o resultado em 2-1.
Aos 61 minutos surgiu o terceiro tento dos encarnados, um auto-golo do lateral argentino Nehuén Pérez, após excelente jogada de Tomás Araújo ao assistir o dinamarquês Alexander Bah, com Pavlidis a ser fundamental antes do desvio da bola para a baliza. Para terminar o festival da Luz – não há outra palavra para classificar um jogo desta natureza – Di María faz o 4-1 de grande penalidade, depois de Otamendi ser atingido dentro da área à margem das leis pelo seu compatriota Alan Varela.
Bruno Lage (treinador do Benfica): “Acabou por ser uma exibição à Benfica, estamos satisfeitos. Foram 90 minutos de enorme qualidade. Estivemos muito fortes na pressão, depois com bola conseguimos fazer aquilo que há três dias não conseguimos que foi ter tempo com bola”.
Vítor Bruno (treinador do FC Porto): “Vitória justa do Benfica, numa primeira parte dividida e equilibrada. Na segunda metade, tentámos corrigir um outro posicionamento, mas a partir do momento em que sofremos o 2-1, a equipa não se encontrou e pareceu-me sempre o Benfica mais fresco, mais rápido sobre a bola, mais intenso”.