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O filme-espetáculo ‘Woyzeck’ terá avant-première no Parque Vicente Aranha

A parceria entre as Cias. Robson Jacqué e Emulsão traz ao Vale do Paraíba a adaptação de George Büchner, ‘Woyzeck’. Ele a escreveu a partir de um caso de feminicídio, no qual um soldado raso, que dá nome ao ato, assassina sua companheira. Com entrada gratuita, a estreia do filme-espetáculo acontece no dia 25/11, às 18h, no Parque Vicente Aranha.

Mesmo sendo um texto inacabado, pois o autor faleceu aos 23 anos, em 1837, a peça é considerada uma obra-prima da dramaturgia. Woyzeck, a personagem, é um subalterno, que engole sapos, ervilhas e maus-tratos. É um herói negativo, animalizado e coagido, no interior de um labirinto social onde a violência prolifera, segundo uma circularidade quase invisível de tão normalizada.

No texto, o dramaturgo ressalta essa circularidade, materializada principalmente na figura do médico grotesco que faz experiências pseudocientíficas que desumanizam o soldado. Bem como na personagem do tosco capitão que explora seus serviços e lhe diz que “um homem de bem, com a consciência tranquila, não se tortura de um lado para o outro como carregado pelos ventos.” Alucinações decorrentes das experiências, trabalhos penosos e um profundo desenraizamento comunitário marcam as ações sem agência dessa personagem, cuja única ação efetiva é ao fim reproduzir a violência contra sua companheira, Marie.

A versão das Cias. é uma adaptação livre das forças da dramaturgia, fetichizando coisas em personagens e personagens em coisas. Foi dado destaque aos influxos que atravessam o corpo, essa cristalização de gozo e trauma, segundo uma pesquisa de movimentos e de gestos, numa linguagem focada em teatro-dança, somando elementos performativos e sonoplastia eletroacústica.

Para o Diretor do espetáculo, Marcus Groza, o corpo é o palco e por ele transitam as diferentes personagens de modo parcial e impermanente. “Ou talvez se chegue a pensar que se trata de um Woyzeck culpado que rememora e se transfigura em uma Marie fantasmática, vislumbrando que seu ato ao cabo é também um crime contra a sua própria faceta feminina”, especula o diretor.

O filme-espetáculo mostra a angustia, na qual o corpo é uma dança anômala e sem voz – arrastado pelo vento, o corpo investe contra a própria sombra, delira em sua febre solitária, padece e reproduz a violência, numa circularidade que faz os elos mais fragilizados se sacrificarem e romperem.
“Será́ que ainda estou ensanguentado? Tenho que me lavar. Uma mancha aqui e aqui mais outra”, exclama W. tentando encobrir as marcas do seu crime. A água até́ benze, mas não limpa, no máximo nos afoga: ouvir a água.

“W. é um experimento onde a cobaia deu errado enquanto função, não como destino, porque dar é errado é um destino próprio à cobaia e a tudo que vive junto a ela”, finaliza o dançarino do espetáculo Robson Jacqué.

Além da estreia no Parque Vicente Aranha em São José dos Campos, o filme-espetáculo será exibido no canal do YouTube da Cia. Robson Jacqué, nos dias 01, 02, 08, 09, 15 e 16 de dezembro, sempre às 20h.

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