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Tendência

Apicultura é tema de curso completo e gratuito em Pindamonhangaba

Qualificação faz parte da grade do Sindicato Rural em parceria com o SENAR

Natural, rico em vitaminas, minerais e outros nutrientes, o mel tem presença garantida na mesa de muitos brasileiros. O Brasil é também um grande produtor e exportador do alimento, o que torna a apicultura um bom negócio para produtores rurais e para o agricultor familiar.

Seja para uma nova fonte de renda ou para o consumo próprio, um curso oferecido pelo Sindicato Rural  de Pindamonhangaba em parceria com o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) leva  técnico e prático para quem  está interessado  em trabalhar com a crianção de abelhas.

O curso em Pindamonhangaba é ministrado por  Celso Ribeiro Cavalcante, que trabalha no ramo há mais de 40 anos. É no seu sítio, na Serra da Mantiqueira e em meio há mais de 100 colmeias, que o professor reúne os alunos para o curso que é dividido em 6 módulos ao longo de cinco meses. O primeiro deles é composto pela montagem e estruturação de um apiário e, na sequência, vem os módulos sobre a produção de mel, produção de pólen, produção de abelha rainha e geleia real; produção de própolis e gestão econômica da atividade apícola.

Preparando o fumigador para iniciar a coleta do mel. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3)

O segundo módulo da turma de 2021 aconteceu neste mês de fevereiro e nossa equipe acompanhou o primeiro dia de trabalho em campo. Durante o trabalho em campo, Celso explica quais os cuidados que devem ser tomados durante a retirada do mel e o papel da fumaça durante o trabalho. Ele também explica sobre o papel da abelha rainha e, inclusive, consegue nos mostrar uma, depois de um árduo trabalho para localiza-lá.

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Ao fim da coleta, os favos com mel são levado para a sala de beneficiamento. Enquanto isso, os alunos retomam os cuidados com as colmeias, aprendendo dicas para a limpeza e cuidados contra pragas que podem atacar as abelhas, como é o caso das formigas.

Celso mostra um dos quadros carregados com favos de mel. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3)

Celso ainda nos explicou sobre sobre a polinização feito pelas abelhas, sobre beneficiamento do mel e sobre outros produtos do mundo da apicultura, como o pólen, a geleia real e bebidas.

Apiário na Serra da Mantiqueira. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3)

Ao ser questionado, se ao término do curso o aluno estará apto para criar abelhas, Celso afirma a importância do curso oferecido pelo Sindicato Rural de Pindamonhangaba em parceira com o Senar. “Esse é praticamento o único programa que tem no Brasil, se é que não é no mundo, onde após estes treinamentos todos, o aluno sai com um certificado de apicultor, reconhecido pelo MEC”, destaca o instrutor.

Produtos produzidos no sítio “Estação do Mel”. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3)

ENTREVISTA COMPLETA

Luis Claudio Antunes: Nós estamos no segundo módulo desse curso de apicultura e hoje você está trazendo os alunos para o campo, para as colmeias. O que você vai fazer exatamente aqui hoje?
Celso Ribeiro Cavalcante de Souza: Hoje nós estamos terminando de montar o apiário, e vamos fazer a primeira coleta de mel para eles verem como é que colhe. O curso é modulado, no primeiro módulo nós montamos o apiário e o segundo a gente parte para a produção de mel. Na sequência, no mês que vem, serão seis módulos em cinco meses. No mês que vem vamos falar sobre a produção de pólen, no outro sobre criação de rainha e produção de geleia real, e no próximo mês, gestão de própolis e gestão econômica da atividade apícola. É um programa bem completo.

Curso de Apicultura em Pindamonhangaba. (Foto: Allan Modesto/PortalR3

Luis Claudio: Quais são os cuidados que você tem que ter na hora de fazer a coleta do mel?
Celso: Basicamente é higiene e não deixar as abelhas ficarem muito agressivas, porque na coleta do mel as abelhas são altamente desenvolvidas e bem fortes, então isso gera um pouco mais da capacidade defensiva delas.

Luis Claudio: Fala um pouco pra gente da fumaça que você vai usar aqui.
Celso: A fumaça funciona da seguinte forma: Quando a gente usa fumaça nós estamos simulando um fogo na floresta e quando a mata pega fogo, a abelha abandona a casa e vai embora, então ela extintivamente, quando ela abandona a casa, ela se abastece de mel para poder ir embora e quando chegar em outro local ter uma reserva de alimento.  Então a gente coloca um pouquinho de fumaça, não demais, para ela assumir esse extinto de consumir mel, e consumindo mel a abelha fica pesada e perde a capacidade de ferroar, diminui né, assim conseguimos lidar com elas mais tranquilamente. Eu vou abrir uma colmeia para vermos a situação: tirem a cera de dentro, vamos coletar este favo, varrer e vai trocando.

Luis Claudio: Depois de fazer a retirada desses favos qual o tempo para ela se recompor para produzir novamente?
Celso: Aquela estrutura vai dar uns 12 kg de mel e dependendo da intensidade da florada, muitas vezes em uma semana já está cheio de novo. Se a florada estiver findando leva uns seis meses. Então temos que acompanhar o serviço da abelha de acordo com o fluxo da florada. Na verdade, agora, estamos na final da florada e estamos colhendo. Então provavelmente ela não vai encher isso aqui em uma semana, vai encher após o inverno, lá em setembro.

Durante a coleta do mel. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3

Luis Claudio: Cada colmeia dessa tem uma abelha rainha e é o que move essa colmeia, né?
Celso: Cada família chega a ter 120 mil indivíduos, que chamamos de abelhas operárias; uns 300/400 zangões, que são os machos e uma única rainha, que tem a capacidade de botar três mil ovos por dia, então a qualidade dessa rainha que faz diferença na produção. Inclusive temos na tecnologia de produção substituir essa rainha, pois ela vive até cinco anos, mas todo ano eu estou trocado essa rainha mais velha por uma mais nova. É como uma galinha que bota um ovo todo dia e depois bota um ovo por mês, a abelha rainha também declina.

Luis Claudio: Nesse monte  de abelha que estamos vendo aqui, é possível encontrar a abelha rainha?
Celso: Não é fácil, é como procurar agulha em um palheiro, mas podemos tentar.

Luis Claudio: Depois de procurar em algumas colmeias, Celso encontrou a abelha rainha. Ao fim da coleta, os favos com mel são levados para a sala de beneficiamento. Enquanto isso, os alunos retomam os cuidados com as colmeias, aprendendo dicas para a limpeza e cuidados contra pragas que podem atacar as abelhas, como é o caso das formigas.

Celso: Na sequencia, os alunos voltam a cuidar das abelhas, nós fazemos uma inspeção e um cuidado semanal nas caixas para dar estrutura para a produção. No período que não tem florada elas precisam ser alimentadas, tem que trocar a rainha periodicamente, recebe o reforço de enxames maiores para menores. É uma secessão de técnicas para os enxames estarem aptos para a alta produtividade. Hoje, o Brasil produz, em média, 18 a 20 kg de mel por colmeia. Nós temos capacidade de produzir de 80 a 100 caixas. Vários alunos que saem do projeto já produzem cerca de 60/70 kg de mel por colmeia. Então é um programa que vem capacitar e treinar o produtor rural na atividade de criação de abelha.

Luis Claudio: Isso é importante, é capacitar o pequeno produtor rural ou o agricultor, familiar, para que ele também possa, além de produzir o mel para consumo próprio, possa ter uma renda a mais.
Celso: Exatamente. E a apicultura tem essa característica, ela se soma a outras atividades rurais. Você pode ter uma criação de peixe e ter abelhas, pode ter criação de vacas e ter abelhas, você pode plantar alface e ter abelhas. Então ela complementa as outras atividades rurais e é uma fonte de renda importante, podendo, inclusive, ser uma fonte de renda principal.

Paulo Almeida é um dos alunos desta turma. Ele é do Assentamento Macuco, onde já há algumas colmeias, e foi, junto com outros companheiros do assentamento, buscar conhecimento para ampliar a criação de abelhas.

Paulo Almeida fala sobre o curso de Apicultura em Pindamonhangaba. (Foto: Allan Modesto/PortalR3

Paulo Almeida: Nós estamos em seis pessoas aprendendo a apicultura. Já existem duas pessoas que fizeram o curso anteriormente e já estão em atividade e produzindo uma quantidade inicial e isso motivou o grupo a vir e conhecer. Eu estou aqui representando o meu pai, que  já está com mais idade e não está mais com tanta habilidade e força, então eu vim aprender para investir com a pretensão de produzir em larga escala e crescer. A parte técnica é importante por ser especifica ela desmistifica muito costume popular da biologia, da abelha, a parte te capacita a conduzir um apiário e uma criação de maneira segura e em produtividade alta, com certeza! O professor Celso diz que não sairemos ótimos, mas nós sairemos bons apicultores.

Luis Claudio: O beneficiamento do mel também faz parte do segundo módulo, Celso nos explica como funciona e quais produtos, além do mel, fazem parte do mundo da apicultura.
Celso: Os favos que vocês viram lá que tem a tampinha de cera, e agora, com o garfinho a gente vai tirar a tampinha, que a gente chama de desoperculação, para que aquelas tampinhas fiquem abertas, e depois a gente coloca em um equipamento chamado centrífugo, e aquilo vai girar em alta velocidade, tirando o mel de dentro dos favos, ai ele escorre, e nós vamos passar por um processo de filtragem, fica  48h em decantação e depois coloca nos vidrinhos e está pronto para a comercialização. Basicamente é isso.

Luis Claudio: Isso é um produto né, também tem outros produtos do mel.
Celso: Dentro da atividade da apicultura, a gente pode explorar outros produtos, como o pólen. Talvez, hoje, o pólen seja a fonte de maior proteína e valor nutritivo que tem na natureza, superior a carne, leite e ovo. A gente tem a geleia real, que é uma secreção das abelhas para alimentar a abelha rainha, que também é altamente saudável, ele melhora colesterol, é usado contra o Alzheimer e tudo mais, até o veneno das abelhas a gente consegue extrair, nós extraímos o veneno e chamamos de apitoxina, que fazemos pomadas para artrite, reumatismo e processos inflamatórios, então, assim,  o mel é um dos produtos,  e o maior trabalho que as abelhas fazem na natureza é a polinização dos produtos agrícolas, então independente da gente estar extraindo os produtos, temos ainda a polinização que é a maior função.

Luis Claudio: Quando o aluno terminar esses seis módulos, ele estará apto a fazer a sua criação de abelha e produzir o seu mel como fonte de renda ou para consumo próprio?
Celso: Esse é praticamente o único programa no Brasil, se não no mundo, onde após esse treinamento todo, a pessoa sai com certificado de apicultor, reconhecido pelo MEC. Hoje nós já temos algumas universidades trabalhando nesse sentido, mas com teoria e prática em um período extenso como este, este curso talvez seja o único do Brasil.

Curso de Apicultura em Pindamonhangaba. (Foto: Allan Modesto/PortalR3

Luis Claudio: Realmente, é uma ferramenta muito importante que o Senar, junto com o Sindicato Rural de Pindamonhangaba oferecem para a população.
Celso: Com certeza, é um diferencial importante.

Além da apicultura, o Sindicato Rural oferece diversos outros programas que são divididos em módulos e ainda cursos pontuais que voltados para produtores e funcionários de propriedades rurais de Pindamonhangaba.

As inscrições devem ser feitas, pessoalmente, no escritório do Sindicato na rua Frederico Machado, 65, no centro da cidade.

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