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Caminhos da Fé | São José, uma inspiração para a vocação paternal

São José. (Foto: Foto: Padre Kleber Rodrigues)

O mês de agosto, como dissemos no artigo anterior, é celebrado pela igreja, como o mês vocacional, onde, elevamos à Deus, nossas preces por homens e mulheres que optam por assumir uma vocação específica.

Neste contexto, o segundo domingo do mês de agosto, celebramos o dia dos pais e por isso, busco na figura de São José, um referencial que possa inspirar tantos que são chamados a tal compromisso. Quero desde o início recordar, que existem tantas mulheres que desempenham com tanto ardor tal compromisso, zelando e cuidando com muito amor e carinho dos seus filhos, não posso esquecer também, dos avós, que ocupam também este papel.

A vocação paternal encontra na figura de José um referencial nos poucos momentos em que os textos bíblicos relatam suas aparições, no entanto, o próprio silêncio e a discrição são elementos fortes para esta missão.

Convidado por Deus a participar desta nobre tarefa, de ser o pai adotivo de Jesus. Homem que carrega no seu coração os princípios, as obrigações e os valores da lei judaica, sente num primeiro momento a necessidade de abandonar Maria. Ouvir um chamado de Deus é primeiramente sentir esta insegurança que se traduz no medo. Acredito que dentro de nossa condição humana todos já sentiram um “friozinho” na barriga diante das provocações divinas. Com a paternidade não é diferente, há um peso, um compromisso e um sentimento de incapacidade, no entanto, aprendemos como São José, a acolher os desígnios de Deus em nossa vida.

A vocação paternal é acompanhada também do senso de companheirismo, do estar junto, do envolver-se daquele período gestacional vivido pela mulher e consequentemente acompanhar todo desenvolvimento da criança. O companheirismo, decorre do amor que brota do coração do esposo e da esposa.

Recordando as promessas matrimoniais quando diante de Deus, assumiram estar um ao lado do outro nas alegrias e nas tristezas, na saúde e na doença, em todos os dias da vida. José, viveu com Maria, momentos de alegria e tristeza. Na tradição popular, celebra-se as 7 (sete) dores e alegrias de São José, que são: “1) amargura de vosso coração na perplexidade de abandonardes vossa castíssima Esposa, assim foi inexplicável a vossa alegria, quando pelo Anjo vos foi revelado o soberano mistério da encarnação; 2) a dor que sentistes ao ver nascer em tanta pobreza o Deus Menino, que se transformou em celeste júbilo ao escutardes a angélica melodia e ao verdes a glória daquela brilhantíssima noite; 3) o sangue preciosíssimo, que na Circuncisão derramou o Redentor Menino vos transpassou o coração, mas o nome de Jesus vo-lo reanimou, enchendo-o de contentamento; 4) a profecia de Simeão a respeito do que Jesus e Maria tinham de sofrer vos causou mortal angústia, também vos encheu de sumo gozo pela salvação e gloriosa ressurreição; 5) quanto penastes para alimentar e servir o Filho do Altíssimo, particularmente na fuga que com ele houvestes de fazer ao Egito! Mas, qual não foi também vossa alegria terdes sempre convosco o mesmo Deus e por verdes cair por terra os ídolos do Egito; 6) a vossa consolação, ao reconduzi-lo do Egito, foi turbada pelo temor do Arquelau, sossegado pelo Anjo, permanecestes alegre em Nazaré com Jesus e Maria; 7) perdestes sem culpa vossa o Menino Jesus, e para maior angústia houvestes de buscá-lo por três dias, até que com sumo júbilo gozastes do que era vossa vida, achando-o no templo entre os doutores”.

Na figura de São José, a paternidade encontra ainda um referencial pelo exemplo de fidelidade. Suas dores e alegrias demonstraram a sua humanidade, as dificuldades e conquistas vividas, mas também expressam o compromisso com esta fidelidade à esposa, ao Filho e principalmente ao projeto. Sabemos o quanto o mundo de hoje oferece tantas oportunidades para a realização dos desejos pessoais, entre os quais, o resultado pode ser a infidelidade. Assim, renovar o compromisso matrimonial e paternal é aprender a cultivar um dos frutos do Espírito Santo, o “domínio próprio” (veja todos os frutos em Gálatas 5,19-23).

Viver esta vocação paternal à luz dos exemplos de São José, é não esquecer de que a oração e o diálogo fazem parte deste caminho. Nenhuma vocação cria raízes se não for fortalecida pela oração. Pensando também na convivência conjugal, o diálogo é fundamental, para a compreensão do outro. “José e Maria eram pessoas verdadeiramente orantes. Além das orações assumidas por todo judeu piedoso, eram dos que davam chance para que Deus lhes falasse na oração pessoal. Eram ouvintes do Senhor e não dos que multiplicavam pedidos e palavras, tolhendo a vez do Deus que quer falar (Mateus 6,7)”. (ODORÍSSIO, 2014). Na medida em que rezavam, ouviam e aprendiam a dialogar com Deus e entre si.

Quero desejar aos “pais”, que a vida de São José, juntamente com a Virgem Maria, possa inspirá-los a responder com carinho ao imenso presente que Deus lhes deu: Ser Pai.

Padre Kleber Rodrigues da Silva, é pároco e reitor da Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Pindamonhangaba-SP. Natural de São Luiz do Paraitinga-SP, é o caçula de 12 filhos. Foi ordenado padre em 15 de maio de 2004. É formado em Filosofia, Teologia, Publicidade e Propaganda e atualmente está fazendo Pós-Graduação, em Gestão Religiosa e Paroquial.

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