fbpx
publicidade
𝑝𝘶𝑏𝘭𝑖𝘤𝑖𝘥𝑎𝘥𝑒

Caminhos da Fé | Celebrar a Semana Santa: a Semana Maior de nossa fé

Cristo, de Marco Rupnik

Há uma expressão dita pelos “mais antigos” em relação a Semana Santa, na qual se diz que ela é a “Semana Maior”. Quando criança ouvia esta expressão e tentava entender o significado, imaginava que seria pelo maior número de procissões, de pessoas se encontrando. Crescendo, descobrimos o sentido da Semana Maior de nossa fé. É sobre este isso que destaco hoje em nosso artigo.

A semana santa é para todos os cristãos uma oportunidade de manifestar publicamente a fé, de renovar as bênçãos e de cumprir aquilo que se aprendeu com os pais, os avós, de realizar o preceito. Mas há algo a mais do que o gesto da piedade e da religiosidade popular, que é vivenciar o núcleo da fé cristã, isto é, a paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Guarde bem isso.

As celebrações da Semana Santa começam com o Domingo de Ramos e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aqui vem o destaque, esta nominação, se dá pelo fato de ouvirmos os textos bíblicos que relatam a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e lá os acontecimentos decorrentes da sua condenação, sofrimento, paixão e morte.
“A comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém faz-se, desde a antiguidade, pela procissão solene, com a qual os cristãos celebram este acontecimento, imitando as aclamações e os gestos das crianças hebraicas, que foram ao encontro do Senhor com o canto do “Hosana”.” (Paschalis Sollemnitatis, 29)

Neste ano, celebraremos este dia que abre a Semana Maior, em casa, acompanhando pelas TVs católicas e pelas redes sociais. Cada família pode preparar os seus ramos que serão abençoados e depois coloca-los na porta de casa.

O segundo momento da Semana Maior, acontece entre a segunda, terça e quarta-feira, quando nossas comunidades celebram os momentos devocionais da via sacra, das dores de Maria e tantas outras expressões de fé.

O terceiro momento da Semana Santa, celebra-se na manhã de Quinta-feira, com a chamada “Missa Crismal”.

Trata-se da celebração que ocorre na Igreja Catedral, onde o Bispo, “concelebrando com o seu presbitério, consagra o santo crisma e benze os outros óleos. Esta celebração, é uma expressão da comunhão dos presbíteros com o próprio bispo, no único e mesmo sacerdócio e ministério de Cristo.” (Paschalis Sollemnitatis, 35). Nesta celebração, os padres, fazem a renovação das Promessas Sacerdotais, com o desejo de continuar servindo à Cristo, à Igreja e ao Povo de Deus.

À tarde de Quinta-feira, ganha um aspecto de muito significado e pelo qual entendemos o sentido de que os antigos denominavam: Semana Maior. Dá-se início ao Solene Tríduo Pascal, centro da nossa fé, pelo qual contemplamos a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como que numa única celebração, observem que na Missa da Ceia do Senhor (Quinta-feira-Santa) não há benção final, na Ação litúrgica da Sexta-feira Santa, inicia e termina com o silêncio, e no Sábado Santo, iniciamos na escuridão, até chegarmos a grande proclamação da Ressurreição.

Na Quinta-feira Santa, celebramos a instituição do Sacerdócio e da Eucaristia, por isso, o nome correto da celebração é Missa da Ceia do Senhor. Na simplicidade de nossa fé, somos acostumados a dizer, a Missa do Lava-pés. Este rito é apenas um gesto de memória, enquanto o central é a ceia. Após a comunhão, seguimos para o momento da Vigília Eucarística: Jesus vai para o Monte das Oliveiras, para ali rezar e viver sua agonia.

Procissão do Senhor Morto em Pindamonhangaba. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3)

Na Sexta-feira Santa, é o único dia que a Igreja não celebra a Missa, que é o memorial do sacrifício da Cruz, por isso, ele precisa acontecer para depois fazermos a recordação. Neste dia, nosso olhar volta-se para a Cruz, vamos adorá-la e acolher o sinal do Amor incondicional de Deus, expressão da obediência plena de Jesus, que o levou à morte. É dia de Jejum e abstinência de carne, é também um dia de silêncio e de interiorização.

E chegamos à manhã de Sábado. A Igreja recolhe-se em silêncio, contemplando a ausência do esposo (Cristo), morto, sepultado, esperamos o anúncio da Ressurreição.

O início da noite de sábado, envolve-nos de grande expectativa. “Segundo uma antiquíssima tradição, esta noite deve ser comemorada em honra do Senhor, e a Vigília que nela se celebra, em memória da noite santa em que Cristo ressuscitou, deve considerar-se a mãe de todas as santas Vigílias, pois, nela, a Igreja se mantém de vigia à espera da Ressurreição do Senhor, e a celebra com os sacramentos da iniciação cristã.” (Paschalis Sollemnitatis, 77). Percorremos quatro grandes momentos: o lucernário (celebração da luz), a liturgia da Palavra, a liturgia Sacramental e a liturgia eucarística. Adentramos com a luz do círio pascal, ouvimos a proclamação da Páscoa, acolhemos a história da criação e da travessia do mar vermelho, mergulhamos no espírito batismal, pois banhados em Cristo, somos uma nova criatura, para então, comungarmos do seu Corpo e Sangue.

Enfim, para concluir a Semana Maior de nossa Fé, contemplamos o “dia que o Senhor fez para nós”, o domingo, dia da Ressurreição, e pelo qual celebramos o sentido de sermos novas criaturas.

De fato, os antigos tinham toda razão em dizer que esta é a Semana Maior, pois, refazemos memorialmente os passos de Jesus e com Ele aprendemos a dar sentido a nossa condição de cristãos.

Apesar de toda esta pandemia, que restringe as celebrações com a participação do povo, não perca as oportunidades dadas por Deus, faça uma experiência significativa e que certamente, pela ação do Espírito Santo, produzirá muitos frutos: celebrá-la não apenas com os ritos, com as tradições, os preceitos, mas com o coração e em família, pois, na medida em que, dermos maturidade à nossa oração, conseguiremos partir com Jesus para Jerusalém e lá sofrer, morrer e ressuscitar.

   DA REDAÇÃO | acompanhe a coluna Caminhos da Fé

Botão Voltar ao topo